#CineCafé: Filme A Esposa retrata mulheres incríveis anuladas por homens medíocres na sociedade

janeiro 30, 2019


Crédito: UOL / Reprodução.
*Por Sílvia Amâncio


É de se admirar que o filme "A Esposa" (The Wife / 2018) está concorrendo a apenas um prêmio no Oscar 2019, o de melhor atriz para Gleen Close, veterana de Hollywood que ainda não abocanhou nenhum prêmio da academia em sua longa e frutífera carreira. 

O filme conta a história de um aclamado escritor norte-americano e sua indicação ao Prêmio Nobel de Literatura, tendo sua esposa como grande parceira de vida e cuidadora oficial, já que o escritor, logo nas primeiras cenas, se apresenta com um homem idoso com fortes resquícios de criança mimada. 

Ao longo do filme nos incomodamos com as cenas em que, após ser de fato confirmado o Nobel para o escritor, ele se referir a esposa como uma mera dona de casa e ganhadora de seu amor incondicional. Em várias cenas em que ele é bajulado por amigos, familiares e fãs, no alto de sua vaidade ele diz: “Deus me livre se minha mulher escrevesse, ela é apenas o amor da minha vida”

É constrangedor no filme o silêncio, a resiliência e o ressentimento contidos da esposa, uma senhora polida, agradável e incapaz de questionar seu marido, o “grande escritor”. Já em Estocolmo (Suécia), na véspera do grande prêmio, a esposa Joan Castleman percebe o desperdício que foi sua vida ao lado daquele “grande homem”, traidor e egocêntrico. 
Crédito: UOL / Reprodução.

Os flashbacks de sua vida, desde a década de 1950, mostram o que ela poderia ter sido, uma grande escritora, mas foi brutalmente desencorajada por homens e mulheres com a máxima de que “mulheres escrevem apenas para ficarem na prateleira, já os homens, esses sim, são lidos, reconhecidos e celebrados”. 

A relação de Joan com seu marido é um exemplo de como é perverso na dinâmica da sociedade patriarcal, uma mulher talentosa se anular por amor (e baixa autoestima) para um homem medíocre e usurpador. Quando o amor se torna devoção cega, a pessoa se convence e se habitua a viver na sombra da outra.

A voz silenciada da esposa ganha som e força com o pseudo-biográfo de seu marido, que tem a convicção de que ela é a grande escritora e atua como ghostwriter de seu companheiro. 

A libertação de Joan chega tarde e de forma dolorosa. Mas mesmo com o silenciamento de seu talento e de sua dignidade, ela ainda consegue fazer planos para sua tão sonhada carreira de escritora. Usando seu nome, suas ideias, sua marca e sua sensibilidade. 

O poder de recomeçar, reconstruir e seguir, fazer novamente e de outra maneira, só é possível com a essência do feminino. Enfim Joan Castleman se torna livre para firmar seu nome em sua própria obra. Pelo filme “A Esposa”, Glenn Close já ganhou os prêmios BAFTA, Prêmio Independent Spirit, o AACTA International Award e o Gotham Independent Film Award. Abaixo, assista ao trailer do filme "A Esposa":





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*Perfil: Sílvia Amâncio é jornalista, entusiasta da Sétima Arte e de um tanto de outras coisas. Especializada em comunicação em projetos ambientais e especializando em Comunicação e Saúde. Costuma escrever sobre relações viróticas de trabalho, saúde, direitos humanos e mídia, sempre levando para o lado latino-americano e socialista da vida ao sul da fronteira.







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