#Reflexão: O senso comum contribui para o crescimento das Fake News e a queda do senso crítico

julho 20, 2018

Foto: iStock / Reprodução. 

As Fake News são um fenômeno mundial de produção e disseminação de notícias falsas sobre os mais diversos assuntos. E isso tem preocupado autoridades públicas, especialistas e, sobretudo, jornalistas. 

A facilidade que essas notícias falsas, boatos, mentiras, mitos e distorção de fatos reais têm em se disseminar pelas redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas é impressionante! Isso acontece porque, muitas vezes, algumas pessoas transferem a confiança do seu familiar, amigo ou colega para aquela informação que nem sempre foi gerada por ele.

Mas, por que as fake News estão ganhando o mundo? Aqui no Brasil, em especial, elas se ancoram no senso comum de uma maneira simples, coloquial ou oralizada que reforça aquilo em que um determinado grupo social toma para si como verdade absoluta, o que alguns especialistas chamam de pós-verdade. 

Nesse contexto, não importa se uma informação foi apurada ou não como verdade, mas sim a “verdade” de determinada pessoa ou grupo social têm em denunciar ou expor um dado que a mídia tradicional jamais colocaria ou uma versão de certa exclusividade informativa que só você terá acesso.

O que não deixa de ser uma forma de convencimento, mas que infelizmente “toca o coração” das pessoas por permitir que as suas crenças, preconceitos ou estereótipos possam ser reforçados. Algumas pessoas se sentem privilegiadas de receber uma notícia antes das outras e, por isso, a necessidade de repassar para o seu círculo de afinidades mais próximo. 

Se pararmos para pensar, isso é um perfil sociológico dessa atual geração que se acomodou em viver na bolha dos discursos por afinidade, gerando batalhas violentas na internet sobre quem tem razão ou não, no melhor estilo de que “a minha verdade é melhor que a sua”.

Se considerado apenas como único viés ou possibilidade de conhecimento, o senso comum está destruindo o senso crítico das pessoas sobre tudo que acontece em volta delas e, principalmente, embecializando a produção diária do jornalismo, fazendo com que as Fake News ganhem cada vez mais espaço. 

Isso se dá porque, infelizmente, as pessoas preferem reforçar crenças e percepções limitadas do mundo, ao invés de pesquisar, de aprofundar o debate, de olhar os dois lados ou mais da mesma informação.
Foto: Pixabay / Reprodução. 

Não é que o senso comum seja um vilão. Ou algo que devemos abominar com todas as forças. Não é isso. O senso comum deve ser um ponto de partida, mas acaba se tornando o todo de uma argumentação, muitas vezes sedimentado pelo preconceito, pelo viés religioso, pelo machismo cultural da nossa sociedade. Preferimos ficar acomodados no lugar confortável dos estereótipos do que problematizar as questões sociais e a dor do outro.

Essa super valorização do senso comum também se dá pela falta de acesso ao conhecimento científico, um item importante – ao lado da interpretação de texto, para chegarmos ao senso crítico. É por meio da ciência – nas suas mais variadas formas, que conseguiremos “abrir novos horizontes” e que iremos questionar porque isso ou aquilo é feito de tal forma, por exemplo.

É importante lembrar que ciência é questionamento em essência e que nos faz repensar sobre aquilo que acreditamos ou que o senso comum nos leva a acreditar. E quando entendemos que a ciência nos leva ao senso crítico, passamos a compreender melhor que nem toda pergunta possui uma resposta. Mas, só de se questionar e investigar, já é possível sair do conforto da bolha do senso comum

Talvez, a melhor maneira de se frear as Fake News seja a desconfiança, a pulga atrás da orelha. Quem produziu essa informação? Existe alguma fonte oficial que confirme isso? Quais são os jornais, blogs ou sites que me informo? Porque um veículo apresenta só esse dado e o outro apresenta mais de um? Tudo isso é senso crítico. Mas, será mesmo que queremos sair da bolha confortável do senso comum?





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Jornalista

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