#Reflexão: Será que entendemos a importância de se falar sobre relacionamento abusivo?

abril 11, 2017

Foto: TV Globo / Reprodução. 

Por Mariana Varella*

A repercussão da expulsão de Marcos, do #BBB17, por violência contra outra participante, Emilly, trouxe à tona uma expressão que quem trabalha com direitos humanos - em especial direitos das mulheres, conhece bem: relacionamento abusivo.

Por conta disso, ontem conversei com uma amiga que atende casos de violência contra a mulher, mas que, por motivos profissionais, preferiu não se identificar. Juntas elencamos algumas questões pertinentes sobre esse tipo tão comum de relação que envolve o uso de poder por um membro sobre outro (em geral a mulher, no caso das relações heterossexuais. Mas existe sim relacionamento abusivo nos relacionamentos LGBTs. Vamos ser honestos!).

1) A construção social de feminilidade e masculinidade faz com que valorizemos na mulher características como ser compreensiva, bondosa, amável e paciente, enquanto apreciemos no homem a virilidade, a altivez e a demonstração de força típicas do que chamamos de “macho”. Não à toa, muitas meninas e mulheres sentem-se orgulhosas quando desenvolvem essas características tidas como femininas e conseguem atrair os tipos mais viris.

2) É muito difícil sair de uma relação abusiva justamente porque ela envolve poder, às vezes de formas bem sutis. Também não é simples identificar todos seus mecanismos. A situação é ainda mais complexa se observarmos que as relações abusivas em geral não são lineares e contêm muita manipulação e violência psicológica. É importante dizer que nem todo relacionamento abusivo inclui violência física, fugindo dos clichês sobre abuso que conhecemos e aprendemos a identificar.

3) A reação de Emilly, que chorou e se desesperou depois da eliminação de Marcos, é bastante clássica. A vítima em geral tem de lidar, em um momento de extrema vulnerabilidade e fragilidade, com sentimentos antagônicos como raiva e culpa, ressentimento e arrependimento. Nesse sentido, o apoio que ela recebeu de Vivian, outra participante do programa, é muito importante. Não devemos julgar, mas acolher a vítima, sempre lhe mostrando com amor que a culpa nunca é dela, como fez a amiga.

4) O caso, que incluiu violência verbal e física, além de manipulação psicológica, foi exibido em rede nacional. Se por um lado faltou cuidado da emissora em lidar com a situação e impedir que o abuso progredisse, por outro acompanhá-lo foi muito importante para que as pessoas pudessem entender melhor como se dão as relações abusivas e suas sutilezas. Nos últimos dias, muitas mulheres passaram a identificar e relatar histórias semelhantes. Isso nos mostra que falar sobre o assunto é urgente.

O episódio do reality show em si vai na esteira das mudanças em relação aos direitos da mulher que temos observado recentemente. Mais uma vez, foi graças à mobilização das mulheres que o caso não ficou por isso mesmo. Tudo indica que, felizmente, esse seja um caminho sem volta.

________________________
*Perfil: Mariana Varella faz o blog Chorumelas e escreve no "Quebrando o Tabu" às terças-feiras.


Abaixo, assista um vídeo que explica o malefícios do relacionamento abusivo:




Gostou do Café com Notícias? Então, siga-me no Twitter, curta a Fan Page no Facebook, siga a company page no LinkedIn, circule o blog no Google Plus e assine a newsletter.






Jornalista

MAIS CAFÉ, POR FAVOR!

0 comentários