#CineCafé: Filme "Queda Livre" aborda aceitação e amor próprio no universo LGBT

fevereiro 10, 2017

Cena do filme "Queda Livre". Foto: Divulgação. 

Por Joney Fonseca Vieira*


“O que me incomoda no outro é aquilo que eu não gosto em mim”. Trata-se de um aforismo recorrente dos melhores psicólogos que há, os de botequim, ou ainda dos circunspectos conselhos daquela gente “mais velha” quando manifestamos nossa intolerância frente ao próximo. Eu farei uso dessa sabedoria popular para pautar a minha visão sobre o filme "Freier Fall", no original em alemão, traduzido para o português como "Queda Livre".

O longa-metragem de 2013 dirigido por Stephen Lacant que também assina "Little India" é estrelado pelos talentosos Hanno Koffler e Max Riemelt que vivem os policiais Marc Borgmann e Kay Engel, o casal romântico da trama. É isso mesmo, um casal romântico gay. Abaixo, assista o trailer do filme:

Marc Borgmann (Hanoo Koffler), heterossexual até na esquina, como muitos que há por aí, tem uma promissora carreira na polícia alemã, regida pelo código de conduta aceitável pela sociedade, e está prestes a se tornar um jovem papai. 

Enquanto isso, na sala de justiça... no campo de treinamento policial alemão, Marc conhece Kay Engel (Max Riemelt) com quem inicia uma relação entre homens machos, viris que todos os dias praticam corrida juntos, uma máscula parceria nos exercícios físicos espartanos e posteriormente nos da paixão. Tudo recheado por muito erotismo, sensualidade, delicadeza e que culmina em amor. 

Há cenas que apresentam situações, infelizmente vivenciadas por muitos fora das telas, de preconceito abertamente expresso. Num ambiente militar conservador a homofobia é praticada livremente gerando violência física e a pior, psicológica. 

Claro que não todos, mas há alguns senhores que ficam muito incomodados com a presença de um gay no vestiário. Hummmm, ficou incomodado por que? Haveria algo que poria a masculinidade do incomodado em jogo? “O que me incomoda no outro é aquilo que eu não gosto em mim”!

O filme comparado a um texto literário romântico conta com elementos clássicos característicos de uma atribulada história de amor, tais como a crise existencial e de identidade, no caso sexualidade, acompanhada de angústias, tristezas e sempre motivada pela paixão. Mas são de fato nuances realmente experimentadas por quem vivencia tal situação e que beiram ao byronismo literário!
Cena do filme "Queda Livre". Foto: Divulgação. 

Em outros filmes que tratam da temática como o famoso "Brokeback Mountain" (2005) e Outra História de Amor (1986), temos a mesma trama apresentada em variações, porém em "Queda Livre" nos é oferecida a oportunidade de nos colocarmos numa perspectiva de observadores psicoanalíticos sobre a difícil posição daquele que ama, mas não se permite para não frustrar as convencionais projeções sociais.

O ator berlinense Hanno Koffler que também atuou em "O Barão Vermelho" e "Prisioneiros da Magia", está brilhante em "Queda Livre". Hanno alcança as sutilezas necessárias a uma personagem às voltas com sua identidade sexual e imersa num meio extremamente machista. Um mix de sentimentos e todos sufocados: medo, pressão social, dúvida, desejo reprimido e culpa.

Max Riemelt que já estrelou filmes e séries famosas como "A Onda (2008)" e "Sense8" (2015-2017), nos brinda com uma atuação firme na construção da personagem. Vale conferir!



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*Perfil: Joney Fonseca Vieira é ator, jornalista, bacharel em Letras pela UFMG e coordenador de Publicidade e Mobilização Social da SES-MG.




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