Diversidade racial no jornalismo será tema de debate no Congresso da Abraji

junho 22, 2016

Foto: Getty Imagens / Reprodução. 


Em um país que se proclama da diversidade racial, como é a presença  e a ausência, de negros nas redações brasileiras? É essa a pergunta que as jornalistas Cinthia Gomes, da CBN São Paulo, e Juliana Nunes, da EBC de Brasília, vão tentar responder durante o painel “Jornalismo e questões raciais”, da 11ª edição Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da  Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). 

De acordo com estudo recente do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEEMA) da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), apenas uma pequena parte dos colunistas nos três principais jornais do país (O Globo, Estadão e Folha de S.Paulo) é negra. No Estadão, apenas 1% dos colunistas é negro e a Folha de S.Paulo tem 4% de negros entre os formadores de opinião. Já em “O Globo”, o número é um pouco maior: 9% dos colunistas é negro. 

“Como sabemos, mais da metade da população brasileira é negra (soma das categorias preta e parda, segundo a classificação do IBGE), mas essa proporcionalidade não é vista nos espaços e estruturas de poder político e econômico. Não é diferente nas redações jornalísticas”, declara a jornalista Cinthia Gomes.

A conversa entre Juliana Nunes e Cinthia Gomes será mediada por Fabiana Moraes, jornalista com doutorado em sociologia, diretora da Abraji e professora na UFPE. Com dois livros sobre racismo publicados, “Nabuco em Pretos e Brancos” e “No País do Racismo Institucional”,  Fabiana diz que é de extrema importância que as redações, coletivos e demais organizações jornalísticas -como centros de produção discursiva - tenham sua diversidade racial garantida.

“Acredito que agora sejamos um pouco mais de negros e negras jornalistas do Brasil, mas, é óbvio, basta ver, por exemplo, os rostos que aparecem nos telejornais brasileiros para percebermos que, apesar de os pardos e pretos serem maioria no País, o que esse exemplo dos telejornais mostra é o contrário”, completa Fabiana.

Juliana Nunes e Cinthia Gomes participam da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (COJIRA) de seus respectivos estados. Elas também pretendem abordar como a questão da diversidade no jornalismo se reflete nas histórias produzidas pela mídia e no tom que elas se sustentam. 

Para Cinthia Gomes, o jornalista aprende na faculdade que deve perseguir a objetividade. “O ponto de vista, as experiências de vida, as mediações e o lugar de fala, sempre permearão o entendimento dos fatos e os modos de contar as histórias. Assim, a menos que queiramos uma narrativa centrada em apenas uma subjetividade ou um ponto de vista – branco, masculino, cristão, heterossexual e de classe média – é preciso incluir a diversidade”, declara a jornalista da CBN de São Paulo. 

Para Fabiana Moraes, atualmente há uma série de discussões, que tentam problematizar as questões raciais. “Por outro lado, exemplos de grandes jornais sobre a maneira como negros e negras são tratados começam a chamar atenção. É só lembrar da capa do jornal Extra com o homem (Cleidenilson Pereira da Silva, de 29 anos) amarrado a um poste e linchado em praça publica no Maranhão”, exemplifica.

Além da falta de diversidade nas redações, há uma falta de estudantes negros nos cursos de jornalismo, o que vem mudando nos últimos anos, com as políticas de cotas e ações afirmativas, segundo Cinthia Gomes. “Com a maior presença de negros e negras no ensino superior (de acordo com o IBGE, eram 16,7% de estudantes pretos e pardos com 18 a 24 anos no ensino superior brasileiro em 2004. O número cresceu para 45,5% em 2014) essa realidade pode consequentemente mudar”, afirma Fabiana Moraes.

Cinthia Gomes acredita que essas ações afirmativas vão aumentar a oferta de profissionais negros. “Mas ainda é necessário que as empresas de comunicação adotem critérios e processos seletivos mais transparentes, não apenas os baseados em indicação e networking, como ocorre na maioria dos casos”, declara a repórter.

O painel “Jornalismo e questões raciais” acontece no dia 23 de junho, das 9h às 10h30.

Serviço:
11º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo
Universidade Anhembi Morumbi - Campus Vila Olímpia - São Paulo
Rua Casa do Ator, 275 - Vila Olímpia - São Paulo-SP
Inscrições: http://congresso.abraji.org.br





Gostou do Café com Notícias? Então, siga-me no Twitter, curta a Fan Page no Facebook, siga a company page no LinkedIn, circule o blog no Google Plus e assine a newsletter.








Jornalista

MAIS CAFÉ, POR FAVOR!

0 comentários