Pampulha está a um passo de se tornar Patrimônio Cultural da Humanidade
maio 31, 2016Foto: Larissa C. Sanches / Reprodução. |
O Conjunto Arquitetônico da Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte,
pode se tornar Patrimônio Cultural da
Humanidade muito em breve. É que o dossiê da candidatura do complexo,
entregue pela prefeitura à UNESCO, obteve um parecer favorável da entidade que fará a
última análise do processo no dia 20 de julho, em Istambul, na Turquia. O
conselho, que dá o veredito, é composto por 21 membros, representantes de
países ligados à Organização e nenhum deles é brasileiro.
A notícia é de extrema importância
para a capital mineira pois, se o tombamento se concretizar, Belo Horizonte
terá uma grande visibilidade mundial, atraindo mais turistas para a cidade,
além de figurar, positivamente, o cenário arquitetônico. É o que acredita o arquiteto
e diretor da Horizontes Arquitetura e Urbanismo, Marcelo Santiago Palhares. O
escritório dele é responsável pelo projeto de reforma do prédio do Museu de
Artes da Pampulha (MAP).
“Esta notícia deve ser recebida com orgulho pelos
belo-horizontinos. Entre os arquitetos, o conjunto da Pampulha já é considerada
uma das obras mais importantes da arquitetura no século XX, pois revolucionou a
arquitetura e inspira, até hoje, profissionais do mundo inteiro. Para a cidade
de Belo Horizonte, este título traz uma visibilidade mundial, incentivando o
turismo arquitetônico e colocando a cidade numa rota turística que inclui
outros grandes patrimônios construídos”, explica.
Ainda, Marcelo afirma que o projeto
foi rigorosamente avaliado pelos órgãos responsáveis levando em conta, também,
os conceitos válidos pela Unesco. “Para
validar o título de Patrimônio da Humanidade, a Unesco avalia a importância
histórica da edificação, a qualidade de sua preservação e os cuidados para
manutenção e preservação. O projeto de restauração foi desenvolvido sob
acompanhamento de três órgãos de tombamento, o DIPC, municipal; o IEPHA,
estadual e o IPHAN, federal. As principais exigências foram a recuperação dos
materiais originais e a mínima interferência na soluções e formas originais”,
conta.
Foto: Glênio Campregher / Reprodução. |
De acordo com Marcelo, estão sendo
feitas novas instalações técnicas no MAP, que prevê aumentar a durabilidade e
preservação do edifício. Ainda, foi elaborado um novo projeto elétrico,
substituindo todos os cabos, dentro das normas de segurança atuais e projetadas
para suportar equipamentos mais modernos.
“O projeto de restauração fará uma recuperação completa de
todas as janelas, fachadas e materiais nobres de revestimento. Os acréscimos e
reformas, feitos ao longo do tempo e que descaracterizam a volumetria planejada
por Oscar Niemeyer serão recuperados de acordo com a concepção original.
Algumas áreas que hoje não dão acesso ao público serão liberadas para
visitação”, analisa Marcelo.
O arquiteto também avalia as
recomendações que foram feitas pelo Conselho Internacional de Monumentos e
Sítios (ICOMOS), para que haja algumas mudanças no conjunto arquitetônico, como
a retirada da Casa de JK e o aumento do perímetro tombado, com a inclusão das
praças Dino Barbieri e Alberto Dalva Simão.
“O Conselho fez uma análise, sugerindo que o tombamento
fosse do conjunto geral da Pampulha, incluindo a lagoa e a paisagem. Isso vai
requerer uma atenção muito maior do município, que deverá recuperar a lagoa e
manter a orla (calçadas e jardins) preservada. Neste sentido, é muito
importante a inclusão das praças, que foram projetadas por Burle Marx, e a
recuperação de sua concepção original. Quanto à casa de JK, não foi
considerada, pois Niemeyer projetou uma reforma dela e não reconhecia o projeto
como sendo 100% original”.
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