#NãoVaiTerGolpe: Dilma é afastada e Brasil vive golpe parlamentar travestido de impeachment

maio 13, 2016

Foto: Roberto Stuckert Filho / Reprodução. 

Nesta última quinta-feira (12/05), o Brasil viveu um dia histórico. Desde que restabeleceu a sua democracia na década de 1980, o país viveu o seu segundo processo de impeachment. Desta vez, sem um crime cometido pelo presidente, o legislativo brasileiro (Câmara dos Deputados e Senado) decidiu por aceitar a condução do processo de impeachment de Dilma Rousseff. Com isso, a presidente que estava em seu segundo mandado e foi eleita com mais de 54 milhões, foi afastada por 180 dias.

Se em 1954 o Brasil viveu um golpe militar em 2016 vive um golpe parlamentar. Isolada politicamente, Dilma e o PT, por mais que negociaram cargos e benefícios a uma base política que nunca se mostrou aliada de verdade, resolveu se unir ao projeto neoliberal tão proclamado pelos partidos de direita ultraconservadora. Prova disso foi a escolha dos Ministros de Michel Temer, um vice-presidente que nunca foi aliado de Dilma.

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Por mais que Dilma não tenha cometido um crime para ser impedida desta maneira, todo o processo de impechament também pode ser entendido como uma sucessão de erros do PT. Dos escândalos do Mensalão, do Petrolão e da Lava-Jato – por mais que tenha também o envolvimento de outros partidos, a conta midiática da condução desse processo de corrupção caiu no colo do PT, Lula e Dilma.

Talvez, o maior erro dos 13 anos de governo petista foi não ter mexido com processo de democratização da mídia e do fortalecimento da comunicação pública brasileira. Se por um lado, houve avanços significativos no fortalecimento da TV Brasil, Agência Brasil e da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), faltou trato para democratizar para todo o país a comunicação pública, a mídia independente, ficando menos refém dos grandes veículos da grande mídia que sempre teve alinhamento político-ideológico com a direita.

Após mais de 20 horas de sessão do senado, o que se viu nos grandes veículos de comunicação foi um êxtase descomunal pela primeira vitória significativa da direita que não engoliu a reeleição de Dilma. Se São Paulo nutre, em sua grande parte, uma antipatia ao PT, isso é claramente traduzido pelos veículos que de lá, tentam impor uma opinião local ao restante do Brasil.

É triste notar que a imprensa – principalmente a dos grandes veículos de comunicação, não sabem e não tem interesse de propor uma cobertura política pelo viés dos movimentos sociais. Há uma predominância apenas pelo olhar do empresário e, pouco ou quase nenhum espaço para ressaltar os riscos que a gestão de Michel Temer traz ao nosso país, como o fato de ter ministros envolvidos na Lava Jato ou fato de que Aécio Neves, mais uma vez, ter conseguido sair pela tangente de um processo de investigação.

De tudo que li, vi e ouvi sobre a cobertura do golpe parlamentar travestido de ‎impeachment‬ o que mais me entristece é a linguagem jornalística utilizada que despreza completamente as conquistas e os movimentos sociais, vangloriando o (neo)liberalismo econômico como mola de salvação de uma crise moral e ética na política brasileira que não vai acabar agora, nem em 180 dias. Que não esquecemos que a comunicação é, antes de tudo, social. Falar para todas e todos, e não só para a elite ou para determinado grupo que detém o poder econômico.





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Jornalista

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