#CaféEntrevista: Altamiro Borges fala sobre a democratização da mídia
janeiro 31, 2016
O blogueiro e jornalista Altamiro Borges esteve em
Belo Horizonte para o início da construção do 5º Encontro Nacional dos Blogueiros e
Ativistas Digitais, que acontece de 20 a 22 de maio em Belo Horizonte.
Aproveitando a oportunidade, o jornal Brasil de Fato MG e o Sindicato dos
Professores de Minas Gerais (Sinpro) entrevistaram Borges, indicado como um dos
principais especialistas em comunicação do Brasil. Confira uma parte da
entrevista reproduzida aqui no Café com Notícias. Acompanhe:
1) Qual o papel da mídia na sociedade brasileira?
Acho que a mídia vem radicalizando
duas posturas. Cada vez se monopolizando mais, se concentrando mais, em função
dessa crise do modelo de negócio da família tradicional. Hoje é isso: você tem
sete famílias que dominam a mídia brasileira e por trás dessas famílias, tem
grandes grupos financeiros. Fala-se muito que o jornal Estado de São Paulo é da
família Mesquita. Mas eu não tenho dúvida que o jornal é do Bradesco e do Itaú.
Esses grupos foram se endividando e passaram a ser geridos por banqueiros,
rentistas.
A segunda característica marcante é
que ela vai ficando cada vez mais partidarizada. A mídia assumiu o papel que um
grande intelectual italiano chamado Antonio Gramsci falava na década de 20,
‘quando os partidos das classes dominantes entram em crise, a imprensa ocupa o
papel do partido do capital’. Hoje, a mídia é o principal partido no mundo e
muito fortemente no Brasil.
2) Como
fazer avançar a democratização da comunicação no Brasil?
Tem uma maneira simples, aplique-se o
que está escrito na Constituição brasileira. O capítulo sobre comunicação é
muito avançado. Qual o problema? Esses artigos nunca foram regulamentados.
A Constituição brasileira é taxativa.
“É proibido o monopólio e oligopólio nos meios de comunicação”. Está escrito
que a comunicação deve estimular a produção regional e independente, estimular
a diversidade. Mas sempre que se tenta regulamentar, esses monopólios da mídia
dizem: “isso é censura”. Eles tentam confundir a opinião pública brasileira
escondendo a diferença que existe entre liberdade de monopólio e liberdade de
expressão. Quer ver só: os barões da mídia tem complexo de vira-lata em relação
aos Estados Unidos.
Tudo o que os EUA fazem ou falam,
eles dizem amém. Então faz o seguinte, aplica o que fazem os Estados Unidos na
questão da comunicação. Os Estados Unidos proíbem a propriedade cruzada. Uma
mesma empresa não pode ter TV aberta, TV fechada, rádio AM, rádio FM, revista,
jornal, internet, cinema, isso é proibido. Aplique-se! A Globo teria
dificuldade, parece que um grupo aqui de Minas também teria.
3) O Encontro Nacional de Blogueiros acontece em Belo
Horizonte, de 20 a 22 de maio. Qual o tema central?
Este é o quinto encontro nacional que
vamos realizar e neste uma marca forte é a crítica à ofensiva de ódio fascista
na sociedade brasileira e a luta por mais democracia. Resumindo: “menos ódio e
mais democracia”. Vivemos esse período em que tivemos manifestações de rua
pedindo a volta da ditadura, a volta da tortura, a volta dos assassinatos. Acho
que o encontro vai ser um momento de reafirmar a luta contra essa onda e por
mais democracia, inclusive na mídia.
4) Como funciona o movimento de blogueiros?
Cada blogueiro uma sentença, é uma
militância individual. Aqui no Brasil existe um movimento pra garantir uma
certa unidade nessa diversidade. É o movimento nacional de blogueiros, que tem
os encontros nacionais. Se você chegar neste encontro e perguntar aos
blogueiros sobre política internacional, cada um tem uma opinião, sobre o
governo Dilma, cada um tem uma opinião diferente também. O que une essa galera
é a luta pela democratização da comunicação e pela liberdade de expressão.
Surpreende pessoas de outros países que perguntam ‘como vocês fizeram?’. É a
junção por nossa pauta em comum.
» Para ver a entrevista completa, clique aqui.
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