9ª CineBH oferece programação intensa de filmes e debates na capital mineira
outubro 17, 2015Abertura da 9ª CineBH no Palácio das Artes em Belo Horizonte. Foto: Leo Lara / Universo Produção / Reprodução. |
Até a próxima quinta-feira (22/10),
Belo Horizonte se transforma na capital nacional do cinema, com a realização da
9ª
CineBH – Mostra de Cinema de Belo Horizonte. O primeiro final de semana
do evento, inteiramente gratuito, oferecerá para o público uma programação
intensa, com atividades diversas que vão de debates com renomados nomes do
cinema mundial à exibição de filmes, incluindo ainda duas apresentações
musicais.
No total, serão realizadas sete
pré-estreias nacionais e 10 curtas, além da retrospectiva aos homenageados
desta edição, Lucrecia Martel e a produtora paraibana Vermelho Profundo, e uma
atração para crianças. O evento ocupa dois dos principais espaços culturais da
cidade: o Palácio das Artes, gerido pela Fundação Clóvis Salgado e o CentoeQuatro Centro Cultural.
Na Fundação Clóvis Salgado, o sábado
(17/10) contará com o longa Últimas Convesas (Eduardo Coutinho) na Mostrinha.
Haverá ainda as pré-estreias nacionais A academia das musas (José Luis Guerin)
e A princesa da França (Matias Piñeiro), além da exibição do filme O Pântano
(Lucrecia Martel).
No Brasil CineMundi –
6thInternacional Coproduction Meeting o destaque será o encontro com a cineasta
argentina, que conversará com o público sobre as estratégias narrativas e os
aspectos estéticos e políticos de seus três longas-metragens: O Pântano, A
menina Santa e a Mulher sem Cabeça. Os filmes trazem em comum um extraordinário
domínio das ferramentas audiovisuais, com uso especialmente elaborado do som.
No CentroeQuatro, as atrações serão a
pré-estreia nacional de O Touro (Larissa Figueiredo), além do início da
homenagem à produtora Vermelho Profundo, com a exibição dos curtas Enquanto a
justiça tarda (Fabiano Raposo), Mais denso que sangue (Ian Abé) e Cova aberta
(Ian Abé).
Para agitar a madrugada, o público
poderá conferir o Cine Gafieira, uma noite dançante embalada pelo som dos
DjsLuís Veríssimo e Luiz Antônio e participação de bailarinos que vão
movimentar a pista de dança. Este show é uma promoção independente do
CentoeQuatro Centro Cultural, Léo Diniz e Veríssimo Produções. Os ingressos
estarão à venda na bilheteria.
O que já rolou?
O primeiro dia de programação da 9ª
CineBH, nesta última sexta-feira (16/10), contou com debates do Seminário
Brasil CineMundi, nos quais os participantes puderam ouvir relatos e experiências
de profissionais de diversas áreas do audiovisual sobre parcerias e coprodução
internacional. Nas mesas Panorama de Eventos de Mercado para Documentários e O
Brasil, América Latina e Europa: Experiências em Coprodução Internacional,
nomes de prolífica trajetória no meio expuseram ideias e responderam a dúvidas
do público.
Seminário do Brasil Cine Mundi realizado no 9ª CineBH. Foto: Gustavo Andrade / Universo Produção / Reprodução. |
“Vejo como muito importante na coprodução a possibilidade
de pensar formas de fazer seu filme circular por mais lugares e espaços pelo
mundo todo”, destacou Diana Bustamante, produtora
da Burning Blue (Colômbia). Paulo de Carvalho, da Autentika Films, completou
que as parcerias devem buscar sempre os melhores caminhos para se
concretizarem, a despeito de eventuais dificuldades. “Às vezes o produtor e o diretor têm ritmos diferentes e anseios
diferentes, e isso precisa sempre ser discutido”.
A mesa Modelos e Políticas para o
Desenvolvimento Audiovisual Brasileiro teve a presença do secretário do
Audiovisual, Pola Ribeiro, que destacou várias ações do Ministério da Cultura
em relação ao cinema brasileiro. Ele chamou atenção para o Fundo Setorial do
Audiovisual, que tem sido um fomentador da produção através de diversos
editais, e anunciou R$ 3,5 milhões destinados à produção indígena.
Israel do
Vale, presidente da Rede Minas, chamou atenção para melhorias políticas no
trato com as TVs públicas. “Existe uma
imensa janela de exibição da produção brasileira, que são os canais de
televisão federais, municipais, legislativos, entre outros. É preciso que o
MinC olhe para eles”.
Já na tarde desta última sexta-feira
(16/10), a diretora argentina Lucrecia Martel, homenageada deste ano na CineBH,
participou da mesa dedicada ao “case study” de Zama, seu quarto longa-metragem,
em fase de finalização e uma coprodução entre Argentina, Espanha, Brasil, França,
EUA e Holanda. O filme, um épico histórico adaptado de romance de Antonio di
Benedetto, é sua maior empreitada, depois de filmes minimalistas como A Mulher
sem Cabeça e O Pântano.
Lucrecia disse que não se preocupou
em adequar o filme a eventuais parcerias com outros países, e sim saiu em busca
da coprodução de acordo com a necessidade estética e narrativa. Foi assim que
ela chegou a Vânia Catani, da carioca Bananeira Filmes, que entrou como
representante brasileira na busca por viabilizar o filme. O argentino Benjamin
Domenech, também na mesa, entrou logo em seguida no projeto.
“O que pode ser ruim em coproduções são imposições sobre o
projeto, e nisso fui muito sortuda, porque nunca aconteceu, fizemos um trabalho
de parceria entre todos”, destacou Lucrecia.
Com 9 semanas de filmagem e orçamento
bem acima de seus padrões, a diretora diz não pretender se envolver em
empreitadas semelhantes no futuro. “Acho
que vou filmar com um iPhone depois disso”, brincou. Zama, que tem nomes
brasileiros no elenco (como Matheus Nachtergaele e Mariana Nunes) deve começar
a circular por festivais internacionais em 2016.
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