10ª CineOP exibe filmes com trilha sonora ao vivo em Ouro Preto
junho 21, 2015
A segunda-feira (22/06), último dia
da 10ª CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto, será marcada pela cerimônia de encerramento que acontece às 21h, no Cine Vila Rica, com homenagem aos 50
anos de carreira do cineasta Luiz Carlos Lacerda. Para marcar o fechamento da
primeira década da mostra, segue-se uma apresentação especial e inédita de
filmes históricos com acompanhamento musical ao vivo do coletivo francês DoubleCadence.
Na tela, os primeiros filmes dos
irmãos Lumiére, realizados em 1895; o primeiro curta do português Manoel de
Oliveira, Douro, Faina Fluvial (1931); e uma série de filmes amadores
produzidos no Rio de Janeiro dos anos 1920 aos 1980. Completam o programa
alguns trabalhos realizados por alunos das oficinas organizadas pelo festival e
que prestam tributo ao pioneirismo dos Lumiére.
Antes disso, porém, a programação
segue intensa ao longo de todo o dia na cidade histórica mineira. Às 10h, no Centro de Convenções, acontece o
encontro Acervos, Projetos e Fontes de
Financiamento da Preservação Audiovisual, com os convidados Adauto Cândido
Soares (coordenador do Setor de Comunicação e Informação – UNESCO), Ana Isabel
Ferraz (coordenadora do Centro de Memória Bunge), Fernanda Elisa Costa
(coordenadora do Acervo Fílmico – IGPA/ PUC-GO), Teder Morás (consultor
técnico/científico) e Fernanda Menezes Balbi (contadora do Departamento de
Economia da Cultura do BNDES).
Eles vão apresentar alguns dos
trabalhos desenvolvidos em instituições públicas ou privadas para acesso a
preservação e memória do audiovisual brasileiro. Outras atividades ligadas aos
Encontros de Preservação e Encontros de Educação, voltadas aos participantes do
Seminário do Cinema Brasileiro,
estão agendadas ao longo da manhã e da tarde no local.
Os filmes à tarde no Cine Vila Rica começam às 17h na Mostra
Histórica, com o documentário Ôrí (1989), de Raquel Gerber, que registra a
história dos movimentos negros no Brasil dos anos 1970 e 1980 a partir de uma
historiadora e militante em busca de sua identidade. Às 18h45, na Mostra Contemporânea, três
médias-metragens serão exibidos, no mesmo Cine
Vila Rica. Às 19h30, no Cine BNDES
na Praça, a última sessão da mostra de curtas, com quatro filmes.
Debates
Na tarde de domingo (21/06), a mesa O Negro no Cinema - Entre Estereótipos e Reações
discutiu algumas questões a partir da temática da CineOP este ano, O Negro em Movimento. O diretor e
escritor Joel Zito Araújo, realizador do documentário A Negação do Brasil e da ficção As Filhas do Vento, foi contundente ao expor o processo de
invisibilidade pelo qual passam os negros no país, em especial na mídia, nas
telenovelas e no cinema, a partir do que ele chama de teoria do branqueamento.
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Fotos: Leo Lara / Universo Produção / Reprodução. |
“Trata-se de um comportamento da indústria e de um
movimento das elites. A nossa produção continua trabalhando um desejo
internalizado de que a representação em todas as camadas visuais seja
branqueada”, disse Joel Zito. “A sociedade internalizou um consciente
coletivo de que o negro é o feio, é o sujo, e isso leva à invisibilidade”.
Ao seu lado, o pesquisador João
Carlos Rodrigues, autor do livro O Negro
Brasileiro e o Cinema, falou sobre o quanto o negro foi sistematicamente
sub-representado em produções audiovisuais brasileiras ao longo da história,
aparecendo muito mais em trabalhos que de alguma forma o diferenciassem
enquanto personagem negro.
Ele ainda frisou que o sistema social
constrói um imaginário a partir de pré-julgamentos. “O negro é negro quando quer ser. Para a sociedade, a pessoa é negra
quando parece ser. Essa diferença é política e essencial”.
Capital Mineira
No dia 24 de junho (quarta-feira), às
20h, o coletivo francês Double Cadence
dá a Belo Horizonte o privilégio de outra apresentação exclusiva, intitulada Soma de Todos os Tempos. O programa
inclui a exibição de quatro clássicos franceses emblemáticos, numa sessão que
homenageia o cinema mudo, com trilha executada ao vivo, ao mesmo tempo em que
oferece uma releitura original e contemporânea à experiência.
Os filmes da sessão são "La
petite marchande aux allumettes", de Jean Renoir (1928), " Der
Scheintote Chinese", de Lotte Reiniger (1923), “Le piano Irrésistible”, de
Alice Guy (1907) e “Sun Air de Charleston", de Jean Renoir (1926).
No dia 25 de junho (quinta-feira),
também às 20h, o programa do Cine-Concerto será intitulado Homenagens
Históricas, tendo novamente o Double Cadence, desta vez num triplo tributo: aos
120 anos da primeira projeção pública do cinematógrafo, com a exibição de
curtas-metragens dos irmãos Lumiére realizados em 1895; aos 450 anos do Rio de
Janeiro, com imagens amadoras inéditas, registradas entre os anos 1920 e 1980
por famílias cariocas e consideradas algumas das primeiras cenas filmadas na
Cidade Maravilhosa; e ao cineasta português Manoel de Oliveira, falecido em
2015 aos 106 anos e cujo primeiro filme, o curta Douro, Faina Fluvial (1931),
será exibido. As apresentações são gratuitas e acontecem no Teatro Oi Futuro
Klauss Vianna (Av. Afonso Pena, 4001).
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