Rede Globo completa 50 anos em meio a crise da comunicação
abril 28, 2015
No último dia 26 de abril, a Rede Globo completou 50 anos. Uma marca
que é de dar inveja a qualquer outra empresa de comunicação no Brasil. Mesmo
com todos os seus poréns e entretantos, destas cinco décadas, pelo menos três
delas, a emissora da família Marinho é líder de audiência e de preferência do
público nos mais diversos horários.
Um feito e tanto. E isso é uma marca
difícil de sustentar por um tempo tão grande. E isso se deve, sobretudo, aos
talentos profissionais que estão ali. E são muitos. Por ser líder de audiência,
a Globo ficou com a pecha de ser manipuladora e imparcial. Mas isso não é só
dela: é de todas as emissoras. Aliás, de todos os veículos. Há interesses
comerciais e políticos medindo força o tempo todo. É tenso!
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Mas, nestes 50 anos da Globo, queria
muito falar de algumas coisas que me chamaram a atenção. A emissora deu uma
repaginada nos telejornais locais e, sobretudo, no Jornal Nacional. Demorou, mas a Globo entendeu que o jornal com o
apresentador de pé fica mais informal e conversado.
Também notei uma liberdade maior nas
reportagens de se buscar a informalidade, quase que a irreverência em tratar os
mais diversos assuntos. O repórter Phelipe
Siani tem encabeçado esse movimento que, repito, não é da Globo, mas sim do
telejornalismo e é muito explorado pelo SBT, RedeTV! e Record, inclusive.
Na teledramaturgia, a Globo se
descobriu no mundo das séries e das minisséries. A safra está melhor a cada
ano. Mas, em compensação, as novelas ainda precisam melhorar. A faixa das 6
virou um laboratório importante de novas linguagens, mas as novelas das 9 estão
sofrendo com o excesso de repetição de temas e histórias dos seus autores
titulares. Já as novelas das 7 que antes se jogavam no mundo da comédia, agora
patinam entre o drama e o núcleo cômico estilo Zorra Total.
Novo cenário do Jornal Nacional com os apresentadores em pé. Foto: TV Globo / Reprodução. |
Como telespectador, é possível
perceber até um certo movimento para acertar nas novelas. Mas, desde Avenida Brasil, a Globo pena para ter
um grande sucesso na faixa nobre. Será que vai conseguir? Só o tempo dirá. Babilônia, atual novela do horário mais
importante da emissora carioca, é um retalho de polêmicas, mas que não tem uma
história que dê uma unidade ao folhetim.
O resultado não poderia ser outro:
rejeição. E como disse o Boni em uma entrevista recente, “se a novela deu
errado, começa de novo”. E o problema hoje na Globo não é começar de novo, mas
sim dos autores entenderem que não basta jogar qualquer história no ar. Afinal,
a concorrência está enorme: a TV deixou de ser o centro de entretenimento em
casa. Hoje, a televisão divide atenção com o celular, tablet, DVD, computador,
TV Paga e videogame.
Para fechar com chave de ouro, em
meio ao cinquentenário da Globo, é inegável avaliar que o setor de comunicação
do Brasil passa por uma crise de criatividade e de rentabilidade sem precedentes
na nossa história recente. Com a mídia tradicional cada vez mais “coxinha” e
ufanista, os postos de trabalho na área de comunicação estão se dissipando aos
montes. Demissões, atrás de demissões.
Talvez, nestes 50 anos da Globo, o
maior desafio da emissora é se reinventar em meio às adversidades. Pensar que a
TV como conhecemos no passado já morreu e que é preciso formar um novo público
e, mais do que isso, novos profissionais mais conectados não só na questão de
novas tecnologias, mas na realidade social. Chega de indiferença! O povo
brasileiro quer se ver representado nos meios. Será necessário mais 50 anos
para se perceber isso?
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2 comentários
Concordo plenamente com esta reflexão objetiva do Café com Notícias. Embora a Globo tenha lá seus méritos e tenha também alguma coisa que se aproveite, em sua grade de programação, também concordo que é hora de a hegemonia global na opinião pública ser devidamente repensada. A humanidade levou séculos para admitir que o sistema solar gira em torno do Sol, e não do globo terrestre.
ResponderExcluirObrigado pelo comentário e apoio, Ynot. Que os próximos 50 anos sejam de uma TV mais aberta para as novidades. Um forte abraço.
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