3ª Temporada de "House Of Cards" foca no casal Underwood

março 04, 2015

Foto: Netflix / Reprodução. 


Uma das séries mais populares dos últimos tempos, House Of Cards estreou a 3ª temporada na última sexta-feira (27/02), na Netflix. [Atenção: as próximas linhas do texto contém spoiler] Diferente das duas primeiras temporadas em que o foco era a luta desmedida pelo poder, agora os produtores resolveram apostar na tensão entre Frank Underwood (Kevin Spacey) e sua esposa Claire (Robin Wright).

Parceiros na escalada pela ascensão política, o casal Underwood começa a se estranhar após chegarem à Casa Branca e ver que a conveniência da relação não está fazendo bem para os planos de nenhum dos dois. Nem mesmo a renovação de votos matrimoniais sobrevive a isso. Se anteriormente a luta é para chegar no topo do poder político mundial, agora a dificuldade está em permanecer no poder.

Frank começa a temporada com o país em crise, sem nenhum apoio do Congresso. Além disso, ele está com a popularidade baixa – o que nos faz lembrar da situação que a presidente Dilma Rousseff atravessa atualmente. O ego inflamado e o mau-caratismo pragmático fez com que o então presidente dos Estados Unidos perdesse parceiros importantes ao longo da sua jornada pelo poder. Então, como sobreviver a isso? Jogando baixo, claro. Abaixo, assista o trailer:


Como presidente em exercício pelos próximos 18 meses, Frank tenta a todo custo fazer do Programa AmWorks uma plataforma de visibilidade da sua gestão no executivo. Mas, para isso, ele sacrifica sem dó, nem piedade, os programas sociais dos Estados Unidos. O AmWorks é um programa que promete dar emprego a milhões de americanos. Mas, na verdade, não passa de um subsídio para que empresários possam contratar mais pessoas sem que isso onere o setor privado.

Enquanto isso, o fiel escudeiro dele, Doug Stamper (Michael Kelly) não morreu e tentar se recuperar fisicamente para poder voltar a entrar no Jogo político novamente. Mas, para isso, Doug vai ter que fazer um processo doloroso de reabilitação, estreitar a relação com o irmão, vencer mais uma vez a dependência alcóolica e exorcizar de vez a fixação que ele cultivou em relação Rachel (Rachel Posner).

Sem apoio do marido, Claire Underwood fracassa como embaixadora das Nações Unidas. De forma lenta e gradual, ela se toca que o apoio de Frank não é mais importante para a sua vida e que ela tem condições de seguir uma carreira solo e, quiçá, até melhor do que o marido. Apesar dela também não ser “flor que se cheire”, Claire começa a se questionar se vale a pena continuar casada com um homem que é capaz de fazer qualquer coisa para permanecer no poder – inclusive mentir para si mesmo.

Ainda, a 3ª temporada de House Of Cards é sagaz em discutir a baixaria da corrida presidencial norte-americana e a “moeda de troca” que existe nas relações internacionais entre países, mostrando como a indústria da guerra ainda é benéfica economicamente para algumas nações. Vivido por Lars Mikkelsen, o presidente russo da série, Viktor Petrov, é um verdadeiro fanfarrão e consegue colocar mais “lenha na fogueira” na conflituosa relação do casal Underwood.
Protagonistas, Frank, Claire e Doug dão o rumo da história apresentada na 3ª Temporada de "House Of Cards". Foto: Netflix / Reprodução. 

Provocadora, esta temporada da série ainda crítica a forma como a Rússia trata a questão homossexual por puro joguete político e desrespeito aos direitos humanos. Com a presença de um ativista que consegue desestabilizar a relação diplomática dos Estados Unidos, este episódio em especial questiona a polêmica lei anti-propaganda gay com direito, inclusive, da participação especial do Pussy Riot.

No meio de todos esses conflitos políticos, a série peca por concentrar demais na tensão entre o casal Underwood por tentar, sem motivo aparente, uma humanização dos personagens que deixa a trama com ares de folhetim. Com isso, a série fica devendo um pouco na construção dos joguetes políticos e da baixaria que existe pela informação e, principalmente, pelo poder.

Plots que poderiam ter aprofundado melhor o debate ético entre os profissionais de imprensa que cobrem a Casa Branca e a relação quase promíscua que possa existir de ambos os lados é pouco abordado. Desta vez, a imprensa é mostrada mais raivosa do que manipuladora. Além disso, o personagem Lucas é esquecido e teve a sua história anulada. O plot dele era muito mais interessante que a perseguição de Doug à Rachel por exemplo.

Até mesmo a passagem do escritor contratado por Underwood para fazer um livro flerta como possíveis acontecimentos que não se desenrolam. Fica no ar se Frank teve ou não uma queda pelo escritor e se o mesmo terá coragem de publicar o livro revelador da perturbada relação entre o presidente e sua esposa. No mais, House Of Cards é uma aula de política, mesmo que a história seja ficcional. Após assistir os episódios, ninguém vê mais o noticiário ou os discursos políticos com os mesmos olhos. Fica a pergunta: será que vivemos mesmo na democracia?







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