#Crônica: Qual é o papel do Jornalista ao reforçar preconceitos na mídia?

novembro 18, 2014



É por meio dos veículos de comunicação que a sociedade consegue se informar sobre os assuntos mais pulsantes. Qualquer assunto pode se tornar uma pauta, mas nem tudo é divulgado ou consegue o mesmo espaço. E sabemos o quanto a nossa sociedade é diversa. Possui diferenças econômicas, étnicas, sociais, culturais, religiosas, políticas, sexuais, de gênero, entre outras.

Mas, será que a mídia consegue dar voz a toda esta pluralidade? Não. Infelizmente, não consegue. Ainda mais quando falamos da realidade do Brasil. Somos um país machista, preconceituoso e misógino. Nos meios de comunicação há uma predominância em dar voz e/ou espaço para o homem e a mulher brancos, quando na verdade mais da metade da população brasileira é declaradamente negra ou parda, segundo o último censo do IBGE.

E porque o grupo que não se encaixa neste perfil é chamado de “minoria”? Isso não seria um preconceito? Dentro deste contexto, o jornalista tem um papel importante: ou ele reforça os preconceitos e estereótipos existentes ou procura mudar esse jogo dando espaço para que esta diversidade apareça na mídia sem parecer piegas ou uma coisa do outro mundo: tratando a diversidade com naturalidade.

Quantas vezes já nos deparamos com reportagens que definem a mulher trabalhadora da construção civil como alguém que também se preocupa com a maquiagem ou com a família? Por que a Parada Gay é noticiada apenas como se fosse um Carnaval fora de época? Por que os negros e pardos tem pouca (ou quase nenhuma) representatividade nos telejornais e na teledramaturgia? 

Por que a nossa presidenta Dilma Rousseff tem que ir à Ana Maria Braga fazer um omelete para melhorar a imagem dela? Ou ainda: quantos de nós já vimos ou ouvimos alguém xingar uma mulher com uma ofensa ligada a algo sexual ou doméstico? É deprimente.
Foto: iStock / Reprodução.

Quem foi que disse que toda mulher tem que casar e ser uma “dona de casa”? Por que alguns homens se ofendem quando uma mulher o ultrapassa no trânsito, dirige melhor do que ele ou entende mais de carro do que ele? Por que separamos tudo em coisas de menino e coisas de menina? Por que toda propaganda de cerveja ou de carro tem que colocar a mulher numa situação de conotação sexual? Se a mulher também dirige e bebe cerveja, porque o foco é a visão masculina?

Por isso o papel do jornalista e/ou do comunicador é tão importante. Muitas vezes, por questões sociais e culturais ligadas a nossa criação e vivência, reforçamos preconceitos não só contra as mulheres, mas contra os negros, os homossexuais e pessoas de outras religiões e etnias. Cabe aos profissionais envolvidos diretamente com a comunicação diminuir as injustiças, as opressões e as desigualdades.

Se analisarmos bem, a mídia ainda trata qualquer feito ou acontecimento importante da mulher, do negro ou do gay como um adjetivo pejorativo nas manchetes. “Mulher ganha prêmio Nobel da Paz”; “Adolescente gay morre espancado”, “Atriz negra ganha o Oscar”. Por que precisamos tantos de rótulos? Será que eles não têm nome e tem que ser lembrados apenas pelos rótulos?

Graças ao Seminário que assisti sobre “Mídia e Gênero”, da jornalista, professora e Mestra, Rayza Sarmento, na pós-graduação de Comunicação e Saúde, da ESP-MG, do qual sou aluno, é que comecei a pensar sobre isso e pretendo propor a cada dia, na construção das minhas matérias, artigos, crônicas e reportagens um olhar mais inclusivo e acolhedor.

Entendo que isso só vai acontecer com o exercício diário de dar voz ou espaço para a diversidade nas minhas produções jornalísticas. E isso leva tempo, eu sei. E é por isso que quis dividir isso com os leitores do Café com Notícias. Creio que é um ponto de reflexão para todos nós. Só de ter plantado esta “sementinha” na cabeça dos leitores, creio que já valeu a pena! É hora de mudarmos o olhar e celebrar a diversidade.










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Jornalista


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2 comentários

  1. Claro que esse tema é instigante e merece ser comentado. Mas te confesso que a primeira coisa que pensei ao ler o texto foi: Como é bom ver um profissional que se atualiza o tempo todo e que não fica parado no tempo na sua profissão. Impossível ler seus textos sem perceber o profissional dedicado que você é. Vai em frente meu amigo, você é muito grande e vai crescer ainda mais.

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  2. Agora, falando acerca da temática que você propôs, ando bem impressionada com o nível de preconceito que estamos vivendo. O que mais me chama atenção é que mesmo as chamadas minorias tem agido de forma preconceituosa. É triste demais o que estamos vivendo. Concordo com você quando diz que é papel do jornalista trazer esses temas da forma correta, sem ênfase naquilo que deve ser natural, assim como é papel do professor promover essa discussão e incentivar a prática em seus alunos. As coisas vão começar a melhorar quando começarmos a praticar esse novo discurso.

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