Brasileiro que ganhou a Medalha Fields mostra que o País precisa acreditar mais nos seus cientistas

agosto 13, 2014

Foto: Site da Revista Veja / Reprodução.


Na escola nunca fui bom em Matemática. Tive ótimos professores, mas nunca me interessei por cálculos e números. Sempre preferi as palavras e o debate. Da Matemática mesmo, gostava mais da geometria e de física porque me permitia refletir sobre o uso da Matemática no meu dia-dia.

Ao ler a notícia do pesquisador carioca Artur Ávila Cordeiro de Melo, de 35 anos, que ganhou a Medalha Fields - prêmio que é popularmente conhecido como "Nobel de Matemática", me peguei pensando sobre a minha própria história com a Matemática e, mais do que isso: a dificuldade que a imprensa, de um modo geral, tem de noticiar os feitos científicos do Brasil, como se aqui no nosso país não tivesse produção científica.

Chega a me dar calafrios quando abro os jornais do dia e só vejo notícias de pesquisas internacionais das mais diversas áreas e nada de mostrar quais as pesquisas que estão sendo produzidas no nosso país, estado, cidade ou na América Latina. Não precisa ser uma pesquisa igual a uma norte-americana ou europeia, mas uma pesquisa que tenha sido produzida por aqui, com a nossa realidade e contrastes.

E a boa notícia é que temos sim uma produção científica relevante nas mais diversas áreas. São vários centros de pesquisas espelhados pelo Brasil, muitos deles ligados às universidades e a administração pública. Claro que ainda é muito complicado – e porque não dizer raro, um pesquisador brasileiro sobreviver apenas da bolsa científica, mas já existem pesquisadores que fazem isso com dignidade, aliado muitas vezes ao ofício de professor.

Independente de questões partidárias, nos últimos anos o Brasil vive um fomento muito interessante na área da pesquisa acadêmica, por exemplo. Programas como o Ciências Sem Fronteiras permitem que os pesquisadores brasileiros possam fazer intercâmbio para diversos lugares do mundo e se especializar em um mestrado, doutorado ou um pós-doutorado.

Li muitas matérias falando sobre o contraste da educação brasileira e o fato de termos um pesquisador brasileiro, relativamente novo, ganhar um prêmio tão importante na área científica – ainda mais de matemática.
Fotos: Site G1 / Reprodução.

Mas acredito que ao invés de falarmos somente que a educação do Brasil não é das melhores ainda, faltava falar também que existem experiências exitosas, que existem alunos ou pesquisadores que estão remando contra a maré, no sentido de mostrar que podemos sim nos destacar na área científica se quisermos.

Seja pela educação que tive no meu núcleo familiar, seja pela preocupação dos meus pais de me ofertarem uma educação de qualidade dentro das possibilidades econômicas deles, acredito que a responsabilidade do ensino não é apenas da escola, mas também do aluno. A educação é libertadora. Quando se tem conhecimento e se permite ser livre para analisar as diferentes correntes de pensamento, o ganho pessoal é enorme.

Como leigo, nunca pensei que era possível alguém viver apenas de pesquisa de Matemática e ainda produzir feitos de enorme relevância para a sociedade. Longe de ser preconceituoso ou ignorante, mas acho um barato que exista também essa possibilidade profissional na Matemática. Que mais pessoas se interessem em entrar na área científica, nas suas mais variadas vertentes.

Desejo também que a partir da divulgação de prêmio internacional a um pesquisador brasileiro, que outras pessoas e, principalmente, os nossos jovens que estão em idade escolar, possam chegar perto dos seus professores e falar que um dia querem ganhar uma Medalha Fields ou ainda se interessarem mais pela matéria e questionar quais as outras profissões necessitam da matemática. É um legado que não tem preço.






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Wander Veroni
Jornalista


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