Aplicativo "Secret" vira fenômeno e reabre a polêmica sobre o anonimato na internet
agosto 10, 2014Foto: Tech Tudo / Reprodução. |
Não se falou de outra coisa esta
semana no mundo da tecnologia. Para o bem ou para o mal, o Secret virou pauta das principais rodas de conversas. Com a
promessa de anonimato, o aplicativo permite que o usuário se cadastre e publique
os seus segredos ou dos seus amigos em texto ou imagem. E isso foi a centelha
que faltava para retomar a polêmica sobre o anonimato na internet.
Será que existe mesmo anonimato? A
resposta é não. Qualquer
usuário pode ser rastreado pelo número do IP. O próprio Marco Civil da Internet deixa bem claro
que, sempre que houver lesão, calúnia ou difamação a terceiros o anonimato será
quebrado. Mas, mesmo ciente disso, grande parte dos internautas ainda tem um
fetiche sobre o fato de poder entrar na internet sem ser identificado.
Foi exatamente por isso que o Secret virou esse fenômeno não só no
Brasil, mas em todo mundo. Mesmo com as mais diversas conexões e possibilidades
de diálogo que as redes sociais podem nos proporcionar, as pessoas ainda sentem
necessidade de desabafar na internet sem serem julgadas – talvez seja esse o
principal motivo do sucesso do aplicativo. Inclusive, foi criado um Tumblr
que seleciona os melhores segredos já postados.
Mas, nesta última semana, um grupo de
internautas se sentiu lesado com os segredos postados na web e resolveu entrar
na justiça para tirar o Secret do
ar. Um dos usuários ofendidos na rede, o consultor de marketing Bruno Machado,
de 25 anos, afirma que sofreu difamação e calúnia, sem ao menos fazer parte do
aplicativo.
Foto: Folha de S. Paulo / Reprodução. |
De acordo com Bruno, ele teria sido
vítima de postagens difamatórias dizendo que ele participava de orgias e tinha
contraído Aids/HIV. Inclusive, fotos do rapaz nu foram postados no aplicativo
sem autorização. A advogada dele, Gisele Arantes, do escritório Assis
e Mendes, afirma que vai protocolar uma ação nesta segunda-feira (11/08) para
que a Justiça mande a Google e Apple retirarem o Secret das suas respectivas lojas, uma vez que o aplicativo viola a
Constituição Federal, o Código de Defesa do Consumidor e o Marco Civil da Internet.
“Tudo começou com uma foto íntima minha que foi postada
nesse aplicativo, citando meu nome e meu local de trabalho. Depois, diversas outras
postagens difamatórias falando falsamente que eu participo de orgias com
amigos, citando esses amigos, falando que eu possuo doenças. Falaram falsamente
que eu tenho HIV. Como se não bastasse o preconceito que uma pessoa que tem HIV
sofre, eles acham que isso é motivo para fazer piada. Eu me senti muito
ofendido e exposto por tudo isso”, disse Bruno Machado em entrevista
ao G1.
Como funciona?
Gratuito, o Secret pode ser baixado no Google
Play ou na AppStore.
Após instalado no smartphone ou no tablet, o usuário tem a opção de conectar a
sua conta com o Facebook para ver quantas pessoas da sua própria rede se
cadastraram também para postar os segredos na web: você sabe a quantidade de
pessoas, mas não quem são elas.
De acordo com os desenvolvedores
David Mark Byttow e Chrys Bader-Wechseler, dois ex-funcionários da Google, o aplicativo foi criado de uma maneira que o usuário não terá a sua
identidade revelada, “como se fosse um grande baile de máscaras. O máximo de
informação divulgada é que a mensagem foi publicada por um amigo ou por um
amigo de um amigo”.
Foto: G1 / Reprodução. |
Além disso, os usuários podem
replicar a postagem anônima que mais gostou no Facebook, Twitter, e-mail
ou SMS (mensagem de texto no celular). Outra possibilidade, é que os segredos
mais populares da rede ficam expostos na aba “Explorar”. Já os segredos que
incentivam mensagens de ódio, preconceito ou racismo podem ser denunciados para
os editores.
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Jornalista
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