Viaduto em construção, próximo a região da Pampulha, desaba em BH
julho 03, 2014Foto: Leo Fontes / Jornal O Tempo / Reprodução. |
Sabe aquela notícia horrível que pega
todo mundo de surpresa? Pois é. Foi o que aconteceu comigo nesta quinta-feira (03/07).
Depois de uma semana mega puxada de trabalho com tarefas e metas a serem
cumpridas em tempo hábil, consegui sair um pouco mais cedo e fui para casa.
Moro na região da Pampulha.
Dentro do BRT/Move, o motorista do veículo comenta com um amigo que recebeu uma mensagem no Whatsapp, de outro colega
motorista, que informava sobre um acidente na avenida Pedro I, logo depois da
Estação Pampulha, no sentido de quem segue para Venda Nova.
Poderia ser uma mensagem como tantas
outras que os motoristas trocam entre si para saber quais os pontos da cidade
estão mais engarrafados. Mas não foi só isso. Era sinal de uma tragédia. Uma
moça lá no fundo gritou que o viaduto tinha caído. Outras pessoas começaram a
falar que receberam a mesma mensagem no celular.
O ônibus do BRT/Move parou perto da
barragem da Pampulha com um engarrafamento a perder de vista. As autoridades de
trânsito resolveram não deixar ninguém passar até entender o que tinha
realmente acontecido. Quem estava de carro, também estava preso no
engarrafamento, mas tinha a opção de ir pelo bairro Planalto quando o tráfego
voltasse a fluir.
No celular, uma outra moça
começou a chorar. Quando dei por mim, o assunto dentro do ônibus era um só: o
viaduto da avenida Pedro I, próximo ao parque Lagoa do Nado, na região da
Pampulha, que estava prestes a ser inaugurado, desabou e teve duas pessoas
mortas. E detalhe: todo mundo ficou sabendo disso dentro do ônibus pelo
Whatsapp, Facebook e Twitter.
Tentei de todas as maneiras acessar
as minhas redes sociais, mas meu celular estava com o símbolo de “sem sinal de cobertura” naquele em torno da Lagoa da Pampulha. Como alternativa, liguei o rádio
e fiquei acompanhando a cobertura jornalística local. Muita tensão. Ficamos parados cerca de uns 30 minutos dentro do BRT/Move até conseguirmos entrar na Estação Pampulha.
No rádio, a repórter conseguiu
entrevistar um atendente de uma lanchonete que tinha visto de perto o acidente.
As informações davam conta de que duas pessoas tinham morrido e cerca de 15 estavam feridas. As vítimas tinham sido levadas para Hospital Odilon Behrens, Hospital
Risoleta Neves e Hospital João XXIII. Muita gente que desceu na estação disse
que iria andando até o viaduto para ver o acidente. Era uma caminhada longa de
uns 20 minutos, mas era relativamente próximo.
Resolvi ir também. A imprensa
e os curiosos foram colocados num local muito distante do acidente, mas era
possível ver tudo. Fiquei em estado de choque e não consegui filmar, nem
fotografar. Parecia cena de filme. Resolvi voltar para casa. Peguei meu ônibus e passei
a ouvir toda a cobertura do acidente pelo rádio. Pensei nas pessoas que estavam dentro do ônibus
circular 70, nos passageiros do carro preto completamente esmagado e nos
funcionários da construção que também se acidentaram. Fiz uma oração.
Assim que me reconectei,
ouvi um depoimento no rádio dos mais tristes. Um pai que teve a filha internada com um
trauma na cabeça por conta do acidente do viaduto, cuja mãe morrera no acidente (a motorista do circular 70).
Como contar para a filha que a mãe morreu enquanto a criança se recupera de um
choque como este? Sinceramente, não sei. Ao chegar em casa, o sinal do meu
celular voltou e consegui postar perplexo e, em poucas palavras, a sensação de
ter visto tão de perto uma tragédia.
Em seguida, meu pai chegou do
trabalho de carro também assustado com o acidente e o caos no trânsito dos bairros em torno da Pampulha. Mesmo assim, pouco tempo depois, fomos
ele, minha sobrinha e eu buscar a minha irmã no bairro Estoril, do outro lado de
BH. Enfrentamos mais um engarrafamento e a bateria do meu celular acabou. Tudo que
fiquei sabendo em relação ao acidente foi via rádio (desta vez, já no carro do meu pai).
Consegui
ouvir a coletiva do prefeito Márcio Lacerda em que ele teve a cara de pau de falar que “acidentes acontecem”.
Achei que poderia ser uma implicância, mas quando cheguei em casa vi que as
pessoas nas redes sociais e alguns veículos resolveram repercutir a
polêmica declaração e me dei conta de que era tudo isso mesmo. Fiquei de cara.
Por mais que seja uma licitação,
tanto a Prefeitura de BH, quanto a construtora tem a sua parcela de culpa.
Muitas obras envolvendo o BRT/Move estão sendo inauguradas a “toque de caixa”,
antes da hora ou com tudo ainda sendo finalizado por conta das eleições que
inibem fazer inaugurações em período eleitoral. Li também que um viaduto do lado deste que desabou já tinha sido notificado de um problema antes, mas a empresa resolveu, pelo
menos não “tampou o sol com a poeira”.
Assim
que cheguei em casa, li e assisti inúmeras matérias na internet. Ao invés de fazer um texto quadrado e informativo, resolvi
contar como foi que vivenciei o acidente, numa espécie de crônica. A tragédia
impactou diretamente a minha vida e mudou completamente a rotina da região onde
moro.
Longe de ser rude, mas Prefeito: como
assim acidentes acontecem? Em outro contexto, acidentes realmente acontecem. Mas, neste caso, a prevenção poderia ter sido fundamental. Todos são culpados, Prefeitura
e construtora. Sem essa de sair pela tangente. Todo mundo de olho nesse caso, hein! Minha solidariedade aos
familiares e amigos das vítimas. Ah, força e garra para fazer esta cobertura
aos colegas da imprensa. Não vai ser fácil.
Gostou do Café com Notícias?
Então, siga-me no Twitter, curta a Fan Page no Facebook, circule o blog
no Google Plus, assine a newsletter e baixe
o aplicativo do blog.
Jornalista
0 comentários