#Copa2014: Alerta para o abuso e exploração sexual de crianças durante a Copa do Mundo

junho 09, 2014

Foto: Ivan Pacheco / Revista Veja / Reprodução.


Faltam poucos dias para o início da Copa do Mundo. Com o fluxo de turistas e torcedores pelo país para assistir os jogos do Mundial surge um problema: 70% das denúncias de exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil tem foco nas 12 cidades-sede que irão realizar os jogos do evento de futebol organizado pela FIFA.

De acordo com uma pesquisa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) realizado em 2009, 17,6% dos adolescentes brasileiros de 12 a 17 anos vivem na miséria.  O estudo mostra ainda que é nas grandes cidades que a contradição entre a riqueza material e a pobreza tende a tomar sua forma mais dura.

Durante a Copa do Mundo, estima-se que adolescentes do sexo feminino estarão ainda mais vulneráveis ao aliciamento para a exploração sexual comercial, principalmente nas proximidades dos estádios sede de cada cidade.
Atualmente, o município que apresenta maior atraso no combate à exploração e abuso sexual de menores é Fortaleza. Só no entorno do Castelão, principal estádio do município, houve um aumento de 163% nos casos de exploração sexual nos últimos três anos.

Em 2013, 59% dos casos identificados eram de adolescentes e jovens, mas provavelmente esse percentual é ainda maior já que 36% das pessoas não informaram sua idade exata. No ponto de prostituição próximo ao estádio, mulheres, meninas e travestis usuárias de drogas chegam a cobrar cinco reais por um programa. Em Manaus, o número de casos de abuso e estupro dobrou nos últimos 4 anos, e em 2013 houve mais de 1.000 vítimas contabilizadas, a maioria com menos de 14 anos de idade.

O quadro de São Paulo não é muito diferente: autoridades mapearam os pontos mais vulneráveis para o abuso e exploração de crianças e adolescentes na capital e um dos endereços é o entorno das obras de construção da Arena Corinthians, sede de abertura Copa do Mundo.

Esse dado se torna ainda mais preocupante quando sabemos que o Brasil espera receber mais de 600 mil turistas para o megaevento e que o tráfico e as redes de exploração sexual existentes no Brasil têm justamente os estrangeiros como principais clientes para os programas.

Enfrentamento

Diversas investigações mostram que as cidades-sede têm apresentado dificuldades similares quanto à proteção e garantia dos direitos fundamentais de crianças e adolescentes como, por exemplo, a fragilidade de órgãos responsáveis por dar andamento às denúncias de violações de direitos.

Além disso, há um grande buraco no que diz respeito aos registros e encaminhamentos, uma vez que a própria população teme ou se abstêm da denúncia dos casos – principalmente de exploração e abuso sexual e de trabalho infantil.
Aplicativo Proteja Brasil para smartphone e tablet ajuda a dar maior agilidade às denuncias de abuso e exploração sexual contra crianças. Foto: Reprodução.

Para se ter uma ideia, há seis Conselhos Tutelares de Fortaleza, os quais atendem a população de mais de 3,5 milhões habitantes, sendo que, segundo a norma do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA), deveria haver um conselho para cada 100 mil habitantes. Além disso, existe um grande problema de infraestrutura nas redes de atendimento.

De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a denúncia pode e deve ser feita através de diversos meios e, a partir dai, ser encaminhada ao Conselho Tutelar mais próximo do local da violação. Cada Conselho deve decidir se a vítima precisa de atendimento psicológico ou encaminhamento a um abrigo (o conselho pode aplicar todas as medidas de proteção previstas no art. 101.1 a VII e no art. 129.1 a VII do ECA).

Do conselho tutelar, a denúncia deve seguir ao Ministério Público ou Federal e, então, à Polícia, a qual encaminha à autoridade judiciária competente (Varas especializadas, Juizados da Infância e Juventude) que instaura o processo. Quando a denúncia ocorre pelo Disque 100, o encaminhamento deve gerar providências imediatas para que o ciclo da violência em torno da vítima se encerre.

Viu algum caso de exploração ou abuso sexual? Saiba como denunciar:

Disque 100: Disque Denúncia (ANÔNIMA)
Disque 180: Central de Atendimento à Mulher
Disque 191: Polícia Rodoviária Federal
Disque 190: Polícia Militar
Disque 0800 619 619: CPI da Exploração Sexual
Conselhos Tutelares mais próximos
Abrigos/ Espaços de Acolhimento Institucional
CREAS (Centro de Referência especializado de Assistência)
CRAS (Centro de Referência da Assistência Social)
Escolas
ONG’s
Unidades de Saúde
Ministério Público

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*Com informações enviadas pela Fundação Abrinq por meio de reportagem da Agência Pública.








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