Reportagem Especial – Forte chuva no Espírito Santo e em MG causa estragos e mortes
dezembro 24, 2013Enchente na cidade de Rio Bananal, no Norte do Espírito Santo. Foto: Bernardo Coutinho / A Gazeta. |
Entra ano e sai ano e o forte período de chuvas de verão provoca
estragos e mortes, principalmente na região do sudeste brasileiro. Neste final
de 2013, os estados de Espírito Santo
e Minas Gerais são os mais atingidos.
A região Serrana do Rio de Janeiro também
já está em alerta.
No Espírito Santo já
foram registrados, até o fechamento desta edição, 46 mil pessoas desabrigadas,
45 feridas e nove mortes, de acordo com a Defesa Civil estadual. Ao todo, 45
municípios capixabas tiveram a situação de emergência decretada, nesta
terça-feira (24/12).
Em Minas Gerais, foram registrados
até o momento, 563 pessoas desalojadas, 309 desabrigadas, uma pessoa
desaparecida, quatro feridas e 16 mortes. De acordo com a Defesa Civil mineira,
24 municípios decretaram situação de emergência e 40 foram atingidos por
eventos adversos relacionados às chuvas, mas não decretaram emergência.
Segundo a Meteorologia, a previsão é que as chuvas deem uma trégua
a partir de domingo (29/12). Ou seja, o feriado de Natal vai ser de mais chuva.
Por conta disso, o governo federal enviou tropas da Força Nacional para o resgate de sobreviventes.
Mesmo com a trégua prevista para o final do mês, o alerta da Defesa Civil Nacional é para o solo
encharcado e a infraestrutura de muitos bairros construídos em morros mantém que
são fatores de risco para deslizamento e alagamento.
Na manhã desta véspera de Natal (24/12), a presidente Dilma
Rousseff (PT) irá pela primeira vez ao Espírito
Santo, desde que tomou posse. Ela irá sobrevoar de helicóptero algumas
áreas mais afetadas, ao lado do governador do Espírito Santo, Renato Casagrande
(PSB).
Após o voo, Dilma e Casagrande vão se reunir para discutir com os
coordenadores das equipes envolvidas quais serão as próximas medidas a serem
tomadas para o auxílio das vítimas da chuva.
Opinião
A questão das fortes chuvas neste período não é novidade para nós
cidadãos, muito menos para os governantes. A impressão que se tem é que ano
após ano, as nossas autoridades fazem vistas grossas para esse problema que não
é só uma questão de fenômeno da natureza, mas sim de planejamento e contenção de
riscos.
Áreas próximas a cursos d’água e cidades que tem histórico
alagamento precisam criar, junto às autoridades e a população, uma campanha de
conscientização e, sobretudo, medidas de enfrentamento para conter enchentes,
alagamentos e deslizamentos.
Claro, isso é um trabalho que leva tempo. Muitas dessas medidas,
por mais que se tornem prioridades, levaram muito mais que quatro anos. As
cidades precisam pensar na canalização das águas da chuva e os locais que podem
abrigar construções.
Do que adianta uma casa fazer o escoamento correto da água da
chuva, se na rua os vizinhos não fazem o mesmo, nem a Prefeitura fornece na via
pública uma boca de lobo e um canal pluvial para o escoamento dessa água?
Ou ainda, porque algumas cidades – mesmo sabendo que durante a
época da chuva o leito do rio aumenta, insistem em fazer construções próximas
às margens? Daí que o conceito de ecologia e uso correto dos recursos naturais
deixa de ser um discurso demagógico para mostrar eficiência na saúde (física e
social) da cidade.
A temporada de chuva traz também um problema social muito sério:
pessoas desabrigadas que, muitas vezes, não moram em áreas de vulnerabilidade
social, e que tem a sua casa – e os seus pertences, completamente danificados.
Quem vai pagar esse prejuízo? Quem vai aliviar esse trauma? É por
isso que as medidas de contenção de riscos precisam se tornar prioridade, e não
só ações emergenciais. Um exemplo disso são os diques – tão falados nesta
época, mas que quase nunca saem do papel.
É importante lembrar que a cidade não é só de um grupo. A cidade é
de todos e para todos. Está na hora de repensarmos o seu uso para não sermos
mais vítima da própria ganância humana de querer sempre mais a qualquer custo.
O custo está aí. A natureza já deu o seu recado.
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Jornalista
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