Dilma faz discurso na ONU e mostra repúdio à espionagem dos EUA
setembro 24, 2013
Não poderia ter melhor hora para a presidente do Brasil Dilma Rousseff mostrar
repúdio à espionagem dos Estados Unidos (EUA). Em seu discurso de abertura na 68ª Assembleia Geral das Organizações das
Nações Unidas (ONU), em Nova York, Dilma se posicionou de forma ríspida,
porém diplomática. Ganhou holofote internacional.
No linguajar comum, Dilma “sambou na
cara da sociedade” norte-americana. Ela questionou o programa de espionagem dos
EUA, falou da possível guerra à Síria e ainda cobrou da ONU um marco civil
multilateral sobre o uso da internet para evitar invasão de privacidade,
sabotagem e, nas entrelinhas, espionagem industrial.
"Jamais pode uma soberania firmar-se em detrimento de
outra soberania. Jamais pode o direito à segurança dos cidadãos de um país ser
garantido mediante a violação de direitos humanos e civis fundamentais dos
cidadãos de outro país", disse Dilma. Para ler o discurso
completo, clique
aqui.
Dilma ainda pontuou que o fracasso em
reformar o Conselho de Segurança da ONU
até 2015 representará uma "derrota coletiva" e que só a inclusão
de países em desenvolvimento no órgão pode solucionar o que chamou de
"déficit de representatividade" do conselho.
Apesar do tom enérgico cobrando
explicações do presidente norte-americano, Barack
Obama se fez de desentendido. Ele discursou logo em seguida e resolveu
sair pela tangente para não render tanto o assunto, uma vez que os Estados
Unidos chegaram a alegar que a “espionagem era para garantir a segurança
americana e do mundo”.
Não, Obama. Você já foi melhor do que
isso. Ao mostrar descontentamento à atitude dos EUA, Dilma se posicionou. Disse
não a uma hegemonia que se faz conquistar pela força e poderio político. Ela
desmarcou uma viagem diplomática que faria ao país em outubro e ainda garantiu
ao Brasil uma posição ainda mais respeitada e, porque não dizer, de liderança.
Dilma foi destaque nos principais
noticiários do mundo. New York Times,
The Guradian, CNN, Fox News, BBC World, The Huffington
Post, entre outros, mostraram o discurso da presidente brasileira
praticamente na íntegra e ainda adjetivaram a fala dela com termos como “palavras
fortes”, “ríspido”, “contundente” e “virulento”. Mas o melhor de tudo é ver
Dilma promovendo a paz e o diálogo entre as nações, sem utopia, mas com respeito.
Respeito este que os Estados Unidos estão
precisando aprender a cultivar e que o Brasil, de certa forma, esfregou na cara
do seu algoz. Como assim espionar um país soberano e achar que isso é a coisa
mais normal do mundo? A diplomacia pode até estar tentando colocar panos
quentes neste episódio, mas no nível político as relações estão estremecidas.
O posicionamento do Brasil diante do
mundo pode até ter favorcido a liderança de Dilma, mas entre o discurso e a
ação ainda há muito ser feito. Muito menos, principalmente as constantes
omissões da ONU diante dos mandos e desmandos dos Estados Unidos. Pelo menos, a
sorte foi lançada e as cartas estão na mesa. O mundo todo quer respeito. Abaixo,
confira o discurso de Dilma na Assembleia-geral da ONU na íntegra:
Encontro
A 68ª Assembleia Geral das Organizações das Nações Unidas (ONU), em
Nova York, tem como tema a “Agenda de Desenvolvimento Pós-2015: Preparando o
Cenário”.
Durante o discurso de abertura do
encontro, o presidente da Assembleia Geral da ONU, John W. Ashe, pediu aos
chefes de Estado, de Governo e aos outros representantes de alto escalão que
aproveitassem a oportunidade para ajudar a moldar uma agenda de desenvolvimento
inclusivo para as nações do planeta.
“A Agenda de Desenvolvimento Pós-2015 é encarada como a
ação mais abrangente e global relacionada ao esforço realizado pela nossa
Organização em toda a sua história. Isso redefinirá completamente o conceito de
desenvolvimento tradicionalmente conhecido, alinhando-o com a parceria,
cooperação, equidade – social e geracional, paz, a boa governança e o
crescimento econômico baseado na sustentabilidade ambiental”, disse Ashe.
Fotos: ONU Brasil / Divulgação.
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Jornalista
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