Passaralho revela que o jornalismo precisa se reinventar
agosto 04, 2013
A revoada está mostrando um novo caminho. O passaralho está de volta. Mas, desta vez, as demissões revelam algo muito mais perturbador:
o jornalismo tradicional como conhecemos está cada vez mais perto do fim. Agoniza. E não se
trata do fim do papel, da queda de audiência ou da revolução da internet. É
muito mais que isso.
O fato é que o público mudou. O
mercado mudou. E o jornalista precisa mudar também. Convenhamos: o jornalismo
se tornou uma atividade cada vez mais empreendedora e dinâmica. Aquele formato "quadrado" de se transmitir uma notícia já não faz mais sentido. A narrativa é
outra. O público é outro. Quem não aceita isso vai ficar para trás, (in)felizmente.
Veja também:
- Ascensão da Mídia Ninja põe em questão imprensa tradicional no Brasil
Mesmo o jornalista que trabalha em regime de CLT ou Pessoa Jurídica na mídia tradicional percebe que precisa ser cada vez mais polivalente. Não dá para saber fazer só uma coisa. É preciso saber fazer várias coisas e fazer bem feito: produzir, apurar, editar, fotografar, filmar e reportar. E, diante desse cenário, surge uma questão: porque não investir em um negócio próprio? O pulo do gato pode estar aí: fazer do limão uma limonada.
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Mesmo o jornalista que trabalha em regime de CLT ou Pessoa Jurídica na mídia tradicional percebe que precisa ser cada vez mais polivalente. Não dá para saber fazer só uma coisa. É preciso saber fazer várias coisas e fazer bem feito: produzir, apurar, editar, fotografar, filmar e reportar. E, diante desse cenário, surge uma questão: porque não investir em um negócio próprio? O pulo do gato pode estar aí: fazer do limão uma limonada.
Com esses novos paradigmas, as
demissões em massa de jornalistas e de profissionais ligados a comunicação – o chamado
passaralho, revela não
só este novo momento da comunicação, mas sobretudo a necessidade do jornalista
de se reinventar, de buscar novas alternativas profissionais que não seja,
necessariamente, redação e assessoria de imprensa.
A internet não é saída. Ela é apenas
um caminho. Um primeiro caminho, por ora. Para quem está começando ou para quem
quer se reinventar, de buscar novas formas, novas narrativas, uma nova maneira
de criar diálogo com o grande público sem a pressão da medição
comercial/política.
Além disso, os veículos de
comunicação tradicionais estão passando por uma das suas piores crises
econômicas e de imagem. Não dá para fazer mais o mesmo jornalismo ambíguo que
ora defende interesses do povo, ora defende interesses políticos-empresariais. Ninguém
aguenta mais.
O povo está de olho. O público cobra
o tempo todo. Comenta o tempo todo. E cobra dos jornalistas – por representarem
os seus respectivos veículos, uma postura mais transparente e que saiba
dialogar. E essa ruptura fez desmoronar alguns modelos e está ruindo outros. A
verba de publicidade já não é mais a mesma, até porque o público não é mais o
mesmo. É hora de se reinventar, de voar para outros lados.
Passaralho
Só nesta última semana, o Grupo Abril demitiu
150 profissionais e anunciou o fim de quatro revistas (Alfa, Bravo,
Gloss e Lola). A MTV Brasil, que até
então pertencia a este grupo, teve a marca devolvida à empresa norte-america Viacom
e também teve que demitir uma soma significativa de funcionários.
Na outra ponta, o Grupo Bandeirantes também anunciou
demissões na TV Band, Rádio Bandeirantes e na Rádio Bradesco Esportes. A mais
polêmica de todas, a do jornalista esportivo Mauro Beting, que
foi recontratado em menos de 24 horas, graças à pressão dos internautas
nas redes sociais e do comentarista Neto. Prova do talento de Mauro e do quanto
ele é querido pelo público.
Em junho, a Rede Record demitiu
cerca de 300 profissionais de diversas áreas da emissora – incluindo jornalistas,
sob a orientação de adequação no orçamento, principalmente na área de
teledramaturgia, no Rio de Janeiro.
Em Minas Gerais, a Rede Minas demitiu cerca de 50
funcionários no início do ano e, por conta da obrigatoriedade do concurso
público, vive assombrada com o possível corte de equipe e descontinuação da sua
grade de programação. Com isso, telespectadores e funcionários criaram a
campanha #salvearedeminas. Clique
aqui e entenda a campanha.
Fotos: Creative Commons / Reprodução.
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Jornalista
3 comentários
Estou me formando agora em Jornalismo e morro de medo do mercado. Não quero me sentir escravizada. Faço estágio, mas vejo que há uma redução constante no número de vagas. Acho que você tem razão, o negócio é se reinventar e empreender.
ResponderExcluirNão adianta ser do tipo quadrado no jornalismo. Esse tipo não resiste mais a esse mundo dinâmico, temos que ser polivalentes e nos atualizar constantemente. Os tempos são outros (graças a Deus).
ResponderExcluirQuando leio sobre essas demissões do jornalismo começo a pensar que esse modelo de mídia tradicional não se sustenta mais por dois motivos: o primeiro é porque é muito caro manter várias equipes com cada um fazendo só uma coisa. E outra: o público quer diálogo com a notícias, mais até do que agilidade. Nem todo jornalista, no auge da sua arrogância ou prepotência por estar no mercado há mais de 30 anos, está a vontade para dialogar com o público...e isso é o mais triste. Cabe aos jornalistas novos firmar um novo modelo, uma nova postura.
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