Café Literário – Livro “Coletivo 21” mostra a força dos escritores mineiros contemporâneos
agosto 01, 2013
Bem-vindo ao Café
Literário, a sua dose semanal de literatura! Nesta temporada, a seção está
sob os cuidados do escritor em formação, apaixonado por literatura e autor do
blog Escriba Encapuzado, Tiago K.
Pereira*, novo colunista do blog @cafecnoticias.
Semanalmente, você irá conferir por aqui novidades do mundo literário,
entrevistas, resenhas e, até mesmo, sorteio de livros. Acompanhe:
Saudações literárias. Esta semana o Café Literário traz a resenha de um
livro que reúne a arte de escritores mineiros contemporâneos. Contando com
nomes como Carlos Herculano Lopes, Luís Giffoni, Ronaldo Simões Coelho, Sérgio
Fantini, Dagmar Braga e outros filhos das Gerais, Coletivo 21 – Antologia é literatura de altíssima qualidade.
Minas
em verso e prosa
O escritor já foi um ser solitário. À maneira dos
clichês narrativos, tem enfraquecido a ideia da figura antissocial que se
refugia entre cadernos (físicos ou digitais) e xícaras de café (ou taças de
vinho). Na era das redes sociais, a solidão cede lugar à coletividade: o
eremita deixa sua caverna e, ao lado de outros como ele, semeia o mundo lá fora
com sua arte.
Cientes das dificuldades enfrentadas pelos autores da
pátria no mercado editorial brasileiro – em especial pelos que vivem fora do
eixo Rio-São Paulo – 23 escritores mineiros se reuniram em 2011 para fundar o Coletivo 21. O objetivo: fortalecer e
difundir a literatura produzida no berço de mestres do ofício como Carlos
Drummond de Andrade, Guimarães Rosa e Fernando Sabino.
Figuram entre as fileiras do grupo: Adriano Macedo (idealizador
e coordenador do Coletivo), André Rubião, Antônio Barreto, Branca Maria de Paula,
Caio Junqueira Maciel, Carlos Herculano Lopes, Cláudio Martins, Cristina
Agostinho, Dagmar Braga, Francisco Morais Mendes, Jaime Prado Gouvêa, Jeter
Neves, Jorge Fernando dos Santos, Léo Cunha, Luís Giffoni, Malluh Praxedes,
Neusa Sorrenti, Olavo Romano, Ronald Claver, Ronaldo Guimarães, Ronaldo Simões
Coelho e Sérgio Fantini – o escritor Duílio Gomes integrou o grupo até seu
falecimento em 2011.
Juntos, os escritores do Coletivo 21 – o número é uma referência ao século – somam mais de
300 títulos publicados em gêneros diversos e muitos premiados no Brasil e no
mundo. O site oficial do grupo reúne
informações sobre a maioria dos autores e demonstra claramente que sua
preocupação vai muito além do lançamento de livros.
Uma dica para o pretenso aprendiz de escritor: alguns
membros do Coletivo prestam serviços como revisores, leitores críticos e
oficineiros literários (confira o perfil de cada um).
Resenha:
Coletivo 21 – Antologia
Lançado no Salão do Livro Infantil e Juvenil de Minas
Gerais de 2011, Coletivo 21 – Antologia
é o primeiro trabalho do grupo e marco de seu lançamento. Contando com a
participação dos escritores convidados Luiz Ruffato e Vivina de Assis Viana,
encarregados, respectivamente, da orelha e do prefácio, o livro reúne, em prosa
e verso, 33 textos de diversos temas e tamanhos.
Dedicado ao escritor português Cunha de Leiradella e ao
falecido poeta Alécio Cunha, a obra apresenta a arte literária mineira em um
mosaico de contos, poemas, aforismos e trechos de romance e de biografia.
Trata-se, como definido pelo próprio Adriano Macedo, de um cartão de visita do Coletivo 21.
Em maior número, os contos se sobressaem, em especial quatro
primorosos trabalhos: “Nossa Senhora das
Águas” do próprio Macedo brinca com o leitor ao convidá-lo para um passeio pelo
litoral de João Pessoa; “Triunfo” de
Luís Giffoni alude, propositadamente ou não, a um famoso escritor tcheco; “A
mãe e a filha” de Malluh Praxedes ironiza e critica as relações familiares; e A Rainha do Egito de Sérgio
Fantini homenageia a canção homônima de Jorge Mautner com uma personagem instigante.
Há outras preciosidades: o afiado “Interdito” de Branca
Maria de Paula, o platônico “Mulher se maquiando” de Carlos Herculano Lopes, o
divertido “Os que seguem garotas” de Francisco de Moraes Mendes, o
surpreendente “Os gêmeos” de Malluh Praxedes, o pungente “Uma rua chamada
Bahia” de Ronald Claver e o curioso “Grou Coroado” do falecido Duílio Gomes – um
dos contos de Duílio, “Todos os insetos”
já foi adaptado para um curta-metragem com o título de "Nada será como
antes". Assista, abaixo:
Entre os poemas, destaque para os dozes trabalhos de
Olavo Romano, todos agrupados sobre o sugestivo e prestigioso título “Minas na
veia”. “Moleskine” de Cláudio Martins
é um coringa: não é conto, nem romance, nem poema; trata-se de um divertido
“devaneio gráfico”, nas palavras de Luiz Ruffato.
Um elefante na sala de
estar, trecho de um romance (ainda não publicado) de André
Rubião, é o texto mais fraco do livro; não que seja ruim – pelo contrário; é
estonteante –, mas por não trazer uma história fechada acaba por frustrar o
leitor, abandonando-o com uma sensação de incompletude.
Coletivo
21 – Antologia tem 128 páginas e pode ser obtido online
em livrarias de todo o país, no espaço cultural Letras
e Ponto em Belo Horizonte ou diretamente com a Autêntica Editora, que disponibiliza uma amostra das
primeiras páginas e do conto “Nossa Senhora das Águas”.
Parafraseando Ruffato, este livro comprova que os
escritores mineiros contemporâneos fazem jus à tradição de Minas Gerais como
berço de literatura de qualidade. Trata-se, portanto, de uma leitura
imperdível. E para os fãs de uma boa ficção científica com toques mais
humanistas recomendo também o ótimo Infinito em Pó, de Luis Giffoni.
Avaliação literária (Nota de 1 a 5):
*Perfil: Tiago K. Pereira é escritor de coração e servidor público por necessidade. Aficionado por letras, livros e curiosidades do mundo nerd, Tiago busca realizar seu sonho de se tornar um escritor profissional. Entre rascunhos de histórias e telas de programação, ele se aproxima do mundo da literatura escrevendo no Escriba Encapuzado e para a seção Café Literário do blog Café com Notícias.
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Jornalista
4 comentários
Interessante ver um livro que reúne uma boa safra de escritores mineiros juntos. Acaba que um ajuda o outro e apresenta para o seu público o colega. A ideia é muito boa!
ResponderExcluirPor coincidência meu pai tem esse livro na estante, mas eu nunca li. Vou dar uma folheada para ver se tem alguma coisa que me chama a atenção.
ResponderExcluirLívia,
ExcluirTenho certeza de que encontrará algo que prenda sua atenção. Os textos são muito bons.
Abraço,
Tiago K. Pereira – Escriba Encapuzado
Colunista do Café Literário
_________________________________
http://escribaencapuzado.wordpress.com/
https://www.facebook.com/escribaencapuzado
Gostei muito de passear pelo blog e dos artigos dispostos. deixo aqui meu endereço e não consegui marcar em seguir
ResponderExcluirwww.maiangole.blogspot.com