Reportagem Especial – Brasil sofre espionagem dos Estados Unidos

julho 09, 2013


Quem tem a informação, tem o poder. A máxima, muito utilizada nos livros de história e sociologia, revela uma situação que até então parecia sinopse de filme ou de seriado de suspense: os Estados Unidos estão monitorando dados na internet – como redes sociais, telefonemas e e-mails, não só dos norte-americanos, mas também do Brasil.

A denuncia foi feita pelo técnico de informática e ex-analista da Central Intelligence Agency (CIA), Edward Snowden, que desde então está à procura de asilo político, uma vez que os Estados Unidos o colocou na lista de um dos "inimigos públicos" número 1, após falar a verdade de forma crua e nua para todo o mundo.

A bomba da espionagem americana vem em um momento delicado. Em outubro, a presidenta Dilma Rousseff tem agendado uma visita à Casa Branca e, depois da revelação deste monitoramento, as relações ficaram estremecidas.

Ainda, nos bastidores, o Planalto está investigando a possível relação das empresas de telecomunicações brasileiras que favoreceram os trabalhos desta espionagem. O governo trabalha com a hipótese de “favorecimento” do governo americano para que esses dados fossem liberados “por debaixo dos panos”, o que faz todo o sentido.

Se o caso já era complicado, a situação ficou ainda pior quando, na semana passada, o presidente do Equador, Evo Morales, teve a aeronave impedida pela CIA de sobrevoar alguns espaços aéreos da Europa, sob a suspeita de estar transportando Snowden.

Vários países da América Latina demonstraram indignação contra a atitude arbitrária dos Estados Unidos não só por meio de nota, mas principalmente por meio das redes sociais. Para variar, Dilma foi a última a se pronunciar sobre o caso. A chefe de estado brasileira classificou o episódio como uma clara falta de respeito e perda de soberania.

E por falar em Dilma, há um pouco mais de um ano das eleições presidenciais, ela segurando um rojão atrás do outro: manifestações nas principais cidades brasileiras, vaia na abertura da Copa das Confederações, queda na popularidade, perca de apoio político para a ideia do plebiscito e da Reforma Política, pressão para a reforma ministerial, possível importação dos médicos cubanos e/ou acréscimo de mais dois anos no curso de medicina para a prática na atenção básica no Sistema Único de Saúde (SUS) e, mais recentemente, o caso do Brasil sofrer espionagem. Ufa! Será que a presidenta vai da conta?

Nesta terça-feira (09/07), Dilma convocou uma reunião de emergência com a participação de diferentes ministérios para ter um diagnóstico detalhado sobre a questão da espionagem norte-americana no Brasil para subsidiar as próximas ações do governo brasileiro.

Além disso, outra preocupação do Planalto é reforçar a área de segurança virtual do país e investir em softwares nacionais e na área de pesquisa. Uma vez apurada a situação da espionagem, o Brasil deve acionar a Organização das Nações Unidas (ONU) e cobrar explicações formais dos Estados Unidos sobre o caso, além de levar o episódio à cúpula do Mercosul.

De acordo com informações do jornal O Globo, até 2002, Brasília foi palco de uma das estações de espionagem dos Estados Unidos no Brasil, onde agentes da CIA trabalhavam em conjunto com funcionários da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA).

Apesar de, aparentemente, o Brasil manter boas relações diplomáticas com os Estados Unidos, chama a atenção o fato da espionagem ser tão dirigida ao nosso país. Um analista de relações internacionais procurado pelo blog – e que pediu para não se identificar, acredita que não se trata apenas de uma questão comercial.

“Aos olhos do mundo, o Brasil está se tornando uma grande potência. Trata-se de um país rico em matéria prima, recursos minerais, mão de obra relativamente barata e estabilidade política e econômica, se compararmos com os países vizinhos. Somos uma potência emergente”, comenta.

O analista vai ainda mais fundo e toca num ponto pouco abordado pela imprensa tradicional. “De uns anos para cá, até na seara tecnológica o Brasil vem se destacando, com um grande número de startups. Como quem tem o dinheiro dita as regras do jogo, o medo dos Estados Unidos de perder a hegemonia fala mais alto. Quem tem a informação, tem o poder”, afirma.







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2 comentários

  1. Francisco Bertoletta13 de jul. de 2013, 09:52:00

    Parabéns pela reportagem, Wander. Por mais que esse caso esteja na mídia você trouxe outras visões sobre o assunto que eu mesmo desconhecia. Dilma está segurando um rojão atrás do outro, essa que é a verdade.

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  2. Ao mesmo tempo em que a internet facilita nossa vida tempos que lidar com o mesmo roubo das ruas. Não bastam os hackers, temos que ser espionados tambem.
    Mas a Dilma é a mesma coisa do Lula, lida com as coisas como se fossem "marolinha". Nenhum dos dois tomou uma atitude firme que seja em10 anos de PT no governo.

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