Café Convidado – Polícia promove a violência durante a onda de protestos
junho 18, 2013 |
| Foto: Estadão / Reprodução. |
Na seção Café Convidado, vamos repercutir o artigo divulgado no Facebook do estudante de jornalismo Gabriel Galli Arévalo, da Famecos/PUCRS, em Porto Alegre, que foi preso injustamente por filmar o protesto da sua cidade.
Gente, será que estamos vivendo na ditadura de novo? Se a polícia foi criada para proteger a sociedade, porque ela está se colocando como principal algoz desta onda de protestos? Hora de repensar muita coisa....a revolução já começou.
Originalmente, este texto foi enviado por e-mail para os jornalistas que fazem parte da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) – do qual faço parte, e, por isso, tomo a liberdade de repercuti-lo aqui no Café com Notícias. Abaixo, confira o texto na íntegra:
DESABAFO
Eu fui ensinado a não ficar quieto quando vejo uma injustiça. Me ensinaram que Jornalismo é, muitas vezes, abrir mão dos próprios medos em prol do que se acredita. E foi por isso que hoje eu e o Ramiro fomos detidos pela Brigada Militar e mantidos algemados durante a noite inteira. O crime foi ter gravado uma atitude truculenta da polícia.
Estávamos saindo de um restaurante e indo para casa e, na esquina da rua João Pessoa com a Salgado Filho, vimos quatro policiais armados perseguindo um rapaz aparentemente menor de idade e o espancando, jogado no chão. Assim, covardemente. Dois contra um, com cacetes e armas à tiracolo. Imediatamente tiramos nossos celulares do bolso e começamos a gravar, do outro lado da rua.
Estávamos saindo de um restaurante e indo para casa e, na esquina da rua João Pessoa com a Salgado Filho, vimos quatro policiais armados perseguindo um rapaz aparentemente menor de idade e o espancando, jogado no chão. Assim, covardemente. Dois contra um, com cacetes e armas à tiracolo. Imediatamente tiramos nossos celulares do bolso e começamos a gravar, do outro lado da rua.
Dois policiais vieram até nós e disseram, com toda a arrogância que podiam, que estávamos presos e nos arrastaram até a o posto da Brigada na praça XV de novembro. Atravessamos o centro todo gritando. Passamos pela frente da minha casa, alvos dos olhares horrorizados dos vizinhos e do dono da lanchonete no começo da quadra, que, revoltado, gritava que os policiais tinham quebrado o seu estabelecimento. Mal sabíamos nós que os próprios nos acusariam depois de tal delito.
Entrei na delegacia e olhei nos olhos da colega Tauana, que cobria a manifestação. Quando ela gritou meu nome, e fui empurrado para dentro do posto, com policiais que ignoravam a imprensa e pouco se importavam com nossos direitos, percebi que o pior nos esperava.
Mesmo assim, não parei de questionar. O fiz nervosamente. Quando perguntei o motivo da minha prisão, a resposta que recebi foi uma rasteira que me fez cair no chão, um chute no estômago e spray de pimenta na cara. E não fui só eu quem recebeu os golpes. Uma menina de 15 anos barbaramente violentada por policiais. Um senhor mais velho, ao contestar o modo como o tratavam recebeu socos e pontapés de 5 policiais o mesmo tempo. Em intervalos, o secretário da segurança do Estado ia e voltava e ignorava os protestos de todos que, acuados, tentavam entender o que acontecia.
No momento da humilhante revista, um policial tomou minhas roupas e roubou meu celular. Gritando, perguntei o que seria feito com ele. O objeto foi devolvido em seguida, mas sem o cartão de memória com a gravação de todo o acontecimento. Por sorte, o Ramiro gravou e conseguiu salvar o vídeo que compartilho com vocês abaixo. Apesar de não conseguirmos mostrar o rosto dos policiais, o áudio já é um bom álibe.
Ficamos ouvindo xingamentos homofóbicos e chacota em relação à manifestação durante 7 horas. Quando se cansaram e se sentiram pressionados por advogados da família e voluntários que nos ajudaram, geraram um termo circunstancial acusando a todos de baderna.
Por favor, divulguem. Estamos sendo acusados de termos cometido crimes que não cometemos, simplesmente por gravar o trabalho de servidores públicos que pensam que são imperadores da força. Jamais aceitaremos que uma instituição que deveria nos proteger seja o braço opressor de um Estado que não recebe mais o crédito de nenhum cidadão com o mínimo de capacidade racional.
Entrei na delegacia e olhei nos olhos da colega Tauana, que cobria a manifestação. Quando ela gritou meu nome, e fui empurrado para dentro do posto, com policiais que ignoravam a imprensa e pouco se importavam com nossos direitos, percebi que o pior nos esperava.
Mesmo assim, não parei de questionar. O fiz nervosamente. Quando perguntei o motivo da minha prisão, a resposta que recebi foi uma rasteira que me fez cair no chão, um chute no estômago e spray de pimenta na cara. E não fui só eu quem recebeu os golpes. Uma menina de 15 anos barbaramente violentada por policiais. Um senhor mais velho, ao contestar o modo como o tratavam recebeu socos e pontapés de 5 policiais o mesmo tempo. Em intervalos, o secretário da segurança do Estado ia e voltava e ignorava os protestos de todos que, acuados, tentavam entender o que acontecia.
No momento da humilhante revista, um policial tomou minhas roupas e roubou meu celular. Gritando, perguntei o que seria feito com ele. O objeto foi devolvido em seguida, mas sem o cartão de memória com a gravação de todo o acontecimento. Por sorte, o Ramiro gravou e conseguiu salvar o vídeo que compartilho com vocês abaixo. Apesar de não conseguirmos mostrar o rosto dos policiais, o áudio já é um bom álibe.
Ficamos ouvindo xingamentos homofóbicos e chacota em relação à manifestação durante 7 horas. Quando se cansaram e se sentiram pressionados por advogados da família e voluntários que nos ajudaram, geraram um termo circunstancial acusando a todos de baderna.
Por favor, divulguem. Estamos sendo acusados de termos cometido crimes que não cometemos, simplesmente por gravar o trabalho de servidores públicos que pensam que são imperadores da força. Jamais aceitaremos que uma instituição que deveria nos proteger seja o braço opressor de um Estado que não recebe mais o crédito de nenhum cidadão com o mínimo de capacidade racional.
O que mais me chocou foi passar pelo hospital e ver que muitos aplaudiam com a atitude de troglodita dos brigadianos. São estas as pessoas que legitimam este sistema. Fuja da ignorância, por favor. Assista o vídeo, abaixo:
- Para participar da seção Café Convidado, do blog Café com Notícias, basta enviar para o e-mail wander.veroni@gmail.com com um material de sua autoria. Pode ser uma reportagem (texto, áudio ou vídeo), artigo, crônica, fotografias, peças publicitárias, documentário, VT publicitário, spot, jingle, videocast ou podcast. Mas, atenção: pode participar estudantes de Comunicação Social (qualquer habilitação: jornalismo, publicidade, relações públicas, marketing, Rádio e TV, Cinema, Produção Editorial e Design Gráfico), profissionais recém-formados ou profissionais mais experientes de qualquer outra profissão. Participe e seja meu convidado para tomarmos um Café! OBSERVAÇÃO: Por ser editor responsável pelo Café com Notícias, o material enviado está sujeito a sofrer edição final para adequação da linha editorial abordada neste espaço.
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Jornalista
1 comentários
Os protestos se alastram até em outros paises, onde existe brasileiros! A imprensa internacional tá mostrando esses abusos contra os manifestantes! Infelizmente temos uma imprensa nacional suja e um governo corrupto, e afastado do povo!
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