Obituário – Morre Chorão, do Charlie Brown Jr., mas o rock ainda vive
março 06, 2013
"Fica comigo então, não me abandona não. Alguém te perguntou
como é que foi seu dia? Uma palavra amiga, uma noticia boa. Isso faz falta no
dia a dia. A gente nunca sabe quem são essas pessoas..." (Chorão, letra da
música Céu Azul)
Sabe aquela notícia que você escuta,
mas não acredita? Pois bem, foi isso que senti quando escutei na @radiobandnewsfmbh, pela manhã, sobre
morte do cantor Alexandre Magno Abrão, 42 anos – mais conhecido como o Chorão, da banda Charlie Brown Jr. O artista foi encontrado morto no apartamento
dele na madrugada desta quarta-feira (6). A polícia suspeita de overdose, só
que o resultado da perícia só sai em 20 dias.
Nas redes sociais foi aquela comoção.
Chorão chegou ficar entre os termos mais comentados no Twitter no Brasil e no mundo. Apesar do Charlie Brown Jr. não está com a mesma evidência da época de áurea
do final dos anos 1990 e início dos anos 2000, Chorão sempre será lembrado
pelos fãs como um artista que marcou uma geração, um ótimo letrista. Passei boa
parte da minha adolescência escutando as músicas dessa banda.
As músicas do primeiro álbum Transpiração Contínua e Prolongada e do
segundo álbum, Preço Curto...prazo longo,
são as que ficaram mais na minha memória afetiva. Quem não se lembra de "O
Coro Vai Comê!", "Gimme o Anel", "Tudo o que Ela Gosta de
Escutar", "Quinta-Feira" e "Proibida pra Mim
(Grazon)", além dos hits como "Zóio de Lula", "Confisco",
"Não Deixe o Mar Te Engolir" e "Te Levar", que se tornou o
tema de abertura da novela Malhação,
da Rede Globo, em 1999? São muitos
sucessos e tantos outros que no calor da emoção não me recorda agora.
O primeiro e o último show que fui do
Charlie Brown Jr. foi no extinto Pop
Rock Brasil, na época promovido pela Rádio
98 FM. A energia do público, das músicas, era algo impressionante. O que
mais me encantava na banda é essa coisa latente da arte urbana, do grafite, do
skate, que até então era vista de forma marginalizada. A banda conseguia
misturar elementos de rock com hip hop, de uma forma pop e bem brasileira. Era
único. Me peguei revendo os clipes, lendo as notícias na internet relacionadas
a morte de Chorão, que aconteceu de uma forma muito repentina. Ninguém esperava!
Fiquei o dia todo pensando como
escrever este obituário. O que dizer? Como dizer? Acho que quando a gente
escreve sobre alguém de quem se é fã fica mais difícil. Como não deixar a
emoção tomar conta? Complicado. Queria fazer um registro além do jornalismo. Um
registro de um fã. De alguém que escutou essas músicas e se identificou com as
letras, com a rebeldia, com os gritos e solos de guitarra.
Prefiro pensar na
última música nova que ouvi do Charlie Brown Jr., das viagens que já fiz nas
canções. Agora entendo porque dizem que Elvis não morreu. Um artista jamais
morre para os seus fãs. A sua obra é eterna. Por meio das músicas, Chorão ainda
vive. E viverá ao ouvirmos as suas canções. Veja o vídeo:
Impressões
# Em 2005, o álbum "Tâmo aí na
atividade” foi premiado com o Grammy Latino de melhor álbum de rock brasileiro.
O feito se repetiu em 2010 com "Camisa 10 joga bola até na chuva".
Isso só prova o quanto Chorão era um cara de talento! Esse feito é para poucos.
# Em 2012, o Charlie Brown Jr. lançou "Música Popular Caiçara", álbum
ao vivo que marcou o retorno dos integrantes Marcão e Champignon à banda. Eles
haviam deixado o grupo em 2005 por problemas pessoais.
# Sobre o falecimento...
# No meio de todas estas notícias,
descobri nos jornais que a apresentadora Sônia Abrão, da RedeTV!, era prima do Chorão
por parte de pai. Ambos têm uma carreira artística sólida de mais de 10 anos e
nunca tocaram neste assunto. Imagino que poucas pessoas do meio artístico
sabiam deste parentesco. Eu mesmo fiquei surpreso quando descobri.
# Outra coisa que me deixou perplexo
foi o fato do Chorão estar em depressão aguda e não ter tido o apoio dos
familiares para convencê-lo a iniciar um acompanhamento psicológico, uma
terapia. Ele estava há seis meses divorciado e vagava por hotéis, estava com
mania de perseguição, usava drogas. Isso é triste...
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Jornalista
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