Cine Café – Filme As Sessões mostra leveza ao falar sobre sexo
fevereiro 23, 2013
Cada pessoa tem um ritmo. Em
determinadas etapas da nossa vida, alguns questionamentos ficam mais latentes
do que outros. E o sexo faz parte disso. De forma muito leve, o filme As Sessões (The Sessions) trata deste
universo. Baseado em uma história real – mais precisamente em um artigo que o
jornalista Mark O´Brien escreveu
sobre como foi o processo dele de descoberta sexual, aos 38 anos de idade e
completamente paralítico.
O filme se passa na década de 1980.
Mesmo sendo deficiente físico, Mark conclui a faculdade de jornalismo usando
uma cama mecânica que o levava para onde ele queria. Morando sozinho e, de
certa forma independente, ele precisa contratar um acompanhante para ajuda-lo
nas tarefas mais simples como tomar banho, se barbear e se alimentar.
Interpretado fantasticamente pelo
ator John Hawkes, o espectador consegue entrar no universo de Mark O´Brien e
acompanhar de perto as suas limitações e anseios, de forma bem humorada e
otimista. Ao ser contratado por uma revista para escrever um artigo sobre como
é o sexo para os deficientes físicos, Mark resolve “perder a sua virgindade” em
meio aos próprios questionamentos pessoais que ele já nutria.
Para isso, ele conta com os conselhos
de um padre nada convencional vivido pelo ator William H. Macy e a ajuda da terapeuta sexual Cheryl Cohen-Greene,
interpretada brilhantemente por Helen
Hunt - que lhe valeu uma indicação ao #Oscar2013,
de melhor atriz coadjuvante. "Filmamos
em ordem cronológica, então o espectador acompanha em tempo real nossas
próprias surpresas e emoções. Não precisamos fingir ser um par perfeito. (...)
Foi incrível ter a chance de encarnar esta mulher, particularmente uma que não
está nos seus 20 anos, e celebrar que todos nós temos corpos e todos nós temos
o direito divino de sentir prazer", disse a atriz em matéria publicada
no jornal Folha
de S. Paulo. Abaixo, assista o
trailer:
Crítica
“O amor é uma viagem”. Está é uma
frase dita no filme que faz muito sentido e explica, de modo bem franco, o que
é este sentimento e para onde ele levará o protagonista. Em As Sessões, o espectador é convidado
desde o início a “viajar” junto com Mark O´Brien pelas suas experiências, suas
descobertas, prazeres e limitações.
Como poucos filmes conseguiram, o
filme mostra que o sexo é um processo importante de descoberta pessoal e que
cada um tem o seu tempo para se descobrir e descobrir o outro. Em muitos
momentos, chega a ser poético como Mark se apaixona pela vida, mesmo diante das
suas limitações motoras, pelo fato de ter contraído pólio quando criança e ter passado
o resto da vida preso a um respirador artificial.
Veja também:
Chega a ser uma injustiça o fato do ator
John Hawkes não ter sido indicado para o #Oscar2013,
uma vez que a sua atuação já está na história do cinema como uma das mais brilhantes.
Não é um trabalho nada fácil tendo que criar uma atuação baseada somente nas
expressões de rosto e o corpo paralisado. Houve ali todo um trabalho de expressão
corporal e de voz que deram a vida a um personagem da vida real que tem muito a
ajudar a outros portadores de necessidades especiais a descobrirem os prazeres
de uma vida sexual sem culpa.
Helen Hunt é outra que rouba a cena
para si em muitos momentos por construir uma personagem ousada e, ao mesmo,
contemporânea que utiliza um método terapêutico bastante polêmico, diga-se de
passagem, o "sex surrogate" (ou parceira sexual substituta). Aos 49
anos, Hunt se mostra a vontade em desfilar pelo filme completamente nua e em
boa forma. Entre a atriz e John Hawkes não há constrangimentos e as cenas saem
com naturalidade e carisma.
Quanto ao roteiro do filme que se
mostra ágil e divertido logo nas primeiras cenas, tem no seu ato final um
desfecho abrupto e corrido, como se o diretor Ben Lewin – que também é deficiente físico, tivesse pressa de
mostrar que Mark, após as seis sessões com a terapeuta sexual, teve uma vida
normal e que viveu por mais 10 anos feliz e sexualmente ativo.
Faltou um desfecho melhor e mais
sensível à história de Mark. Tudo foi tão rápido que nem deu tempo do
espectador entender a passagem de anos e a conclusão do filme. Talvez, seja aí
o maior pecado da obra e o motivo dela não ter sido indicada ao #Oscar2013 de melhor roteiro adaptado,
pois a história merece.
Fotos: Fox Films / Divulgação.
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Jornalista
3 comentários
Nossa Wander...nem sabia que este filme estava em cartaz e concorrendo ao Oscar. Fiquei morrendo de vontade de assistir, principalmente depois da sua resenha. O assunto abordado, sem dúvida, já vale todos os prêmios que possa vir a ganhar.
ResponderExcluirTive a oportunidade de assistir esse filme no ano passado, durante um festival. É um filme muito sensível e que traz uma história universal: a descoberta do sexo e da sexualidade. Acredito que a beleza dele está ali, pois o fato de Mark ser um deficiente o faz um homem com as mesmas dúvidas que qualquer outra já passou um dia. Parabéns pela resenha!
ResponderExcluirAinda não assisti o filme. Mas fiquei com vontade de assistir depois que li a sua resenha. Parece ser uma história e tanto.
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