Cine Café – Filme Ted faz comédia sobre muletas emocionais e transição etária

outubro 03, 2012


Difícil pensar que uma comédia adulta sobre a amizade entre um ursinho de pelúcia politicamente incorreto e o seu dono – um homem de 35 anos, poderia dar tão certo como o filme Ted (2012), atual sensação das bilheterias brasileiras. Trata-se de uma história com tantas gags e referências do mundo pop norte-americano que fica quase impossível não gostar: o roteiro do filme é muito criativo e inteligente.

Dirigido, dublado e roteirizado por Seth MacFarlane – o mesmo criador do desenho Family Guy (Uma Família da Pesada), Ted é uma crítica bem humorada sobre a dura transição de um adolescente para a fase adulta e, principalmente, sobre o fato de como as pessoas usam “muletas emocionais” para se auto afirmarem perante o mundo.

A história começa contando a realização de um sonho de um garotinho que pediu para uma estrela cadente que o seu urso, na noite de natal, pudesse falar para ele ter um melhor amigo no qual ele pudesse compartilhar os melhores momentos da vida. A princípio, a trama que beira a inocência do mundo infantil, mostra as consequências da realização deste sonho. Abaixo, assista o trailer:

Ted, o ursinho de pelúcia, cresce junto com o seu dono. Além disso, ele passa pela fase de ser uma celebridade e voltar ao anonimato. Mesmo vivendo todas essas experiências, Ted não deixa de viver ao lado de John Bennett (Mark Wahlberg), o seu dono e melhor amigo. Eles compartilham vários momentos, até que a namorada de John resolve dar um ultimato nessa relação interdependente dos dois para ele possa crescer e viver como adulto.

Apesar da crítica comportamental que desperta reflexão – principalmente no homem adulto contemporâneo que ainda mora com os pais e, de certa forma, tem medo das responsabilidades da vida adulta, o filme Ted consegue brincar com tudo isso de uma maneira bastante coerente e para lá de divertido. Só o fato do ursinho acordar de manhã fumando narguilé e viver uma vida completamente na “junkeiragem” já é algo bastante inusitado.

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Mesmo “curtindo a vida adoidado”, Ted consegue mostrar para John, em uma determinada parte do filme, o quanto a relação dos dois foi sempre baseada na muleta emocional, na transferência. Ted em nenhum momento pediu para que o seu melhor amigo vivesse “eternamente na adolescência”, muito pelo contrário: John foi livre para fazer as suas escolhas e as fez consciente das consequências que isso lhe acarretaria. Sem ter o papel educador ou moralista, Ted se baseia em um recorte da realidade da qual vive milhares de pessoas que se boicotam ou não conseguem ir para frente por conta desse tipo de dependência emocional.

Se livrar disso não é fácil, mas é preciso para seguir em frente e retomar o amor próprio. E quem diria que uma comédia americana recheada de palavrões e besteiras pudesse provocar tantas reflexões? Prova que é possível divertir o público sem subestimar a sua inteligência dele. Ponto para os produtores que acertaram em cheio. Com toda certeza, é a comédia do ano. Vale a pena conferir!



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Jornalista

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3 comentários

  1. Ainda não assisti o filme, mas já gostei da resenha pelo menos. O tema abordado é interessante, essa coisa de dependencia emocional faz parte da realidade de muitas pessoas. Bjs

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  2. Assisti o filme e também recomendo. O roteiro tem diálogos ótimos, principalmente na versão legendada. Como vc disse o filme é cheio de referências pop, apesar de politicamente incorreto. Parabéns pela resenha.

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  3. Desculpe se vou parecer indelicada, mas esse filme é péssimo...faz apologia as drogas e vagabundagem. O deputado está certo em querer proibi-lo. Pegaram um ícone infantil e desconstruíram em cima de algo violento e amoral.

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