Avenida Brasil para o país no último capítulo e inova em mostrar a real do subúrbio

outubro 22, 2012



Como se dá um sucesso de uma novela? Um bom roteirista? Direção caprichada? Elenco criativo? Na verdade, são vários fatores que fizeram de Avenida Brasil ser uma das novelas das nove da Rede Globo de maior repercussão desta década – coisa que só vimos acontecer nos anos 90. O Brasil parou para ver quem matou Max, qual seria o final de Carminha e o que seria da turma do bairro Divino. Não foi a toa que bandeira do time homônimo ao bairro foi congelado no capítulo final. Mereceu.

Não é toda novela que consegue a incrível marca de 51 pontos com 75% de share, ainda mais nos dias de hoje onde as pessoas podem acompanhar os seus programas preferidos via internet, sem a necessidade do “ao vivo”, de ser tudo naquele exato momento. Avenida Brasil fez com que pessoas que não viam novela há anos se interessassem pela história ou fossem apresentados à trama por influência de amigos ou familiares. O sucesso foi tão grande que todos os telejornais da Rede Globo e os programas da Casa se pautaram em função do último capítulo...coisa rara.

No final de Avenida Brasil todos os caminhos levavam para o bairro onde o subúrbio brasileiro, pela primeira vez, se viu na TV de forma realista e fiel. Mesmo sendo ficção, o Divino passava muita verdade. Seja pelo folhetim em si com poucos personagens, seja pelas locações que soavam reais. O salão da Monalisa, o bar do Silas e a Lojinha do Seu Diogénes são comuns em vários bairros do Brasil, e mais comum do que se imaginam.

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Os personagens passavam verdade por que foram bem construídos tanto pelo autor da trama, quanto pelos atores. Arrisco a dizer que a Carminha, de Adriana Esteves, e o Leleco, de Marcos Caruso, são os exemplos de maior destaque da trama, uma vez que os atores conseguiram construir personagens únicos, diferentes das suas personalidades e com facetas que vão entrar para a história da teledramaturgia nacional.

Avenida Brasil foi um conjunto de acertos, mas talvez o maior deles foi o fato da Rede Globo ter ousado em trazer uma linguagem de direção de cinema, muito mais realista a uma trama recheada de dramalhões. Mérito dos atores que se entregaram aos seus personagens – desde o núcleo protagonista ao secundário. Personagens como Lúcio, Adauto, Janaína e Zezé cresceram na história e ganharam destaque por conta do talento e da capacidade dos atores que conseguiram ir além do texto e colocaram vida na história que foi contada.

Foi uma novela da saga da Carminha em busca de redenção e que acabou ofuscando a sede de vingança de Nina, muito por conta da excelente interpretação de Adriana Esteves que criou uma vilã amadamente odiada por todo o Brasil. A Carminha era malandra, ria da própria desgraça, era criativa e subversiva. A Nina de Débora Falabella ficou obcecada pela vingança, se tornou obsessiva e foi perdendo a graça por ter a oportunidade de “virar o jogo”, e não virava. Se não fosse o Max ter “chutado o balde”, a vingança de Nina jamais se realizaria.

No mais, o folhetim conseguiu contar uma história em que vidas foram destruídas em nome da cobiça, do dinheiro, da maldade e da trapaça. No final, Carminha conseguiu perceber que se continuasse nesse caminho o ciclo de ódio não ia ter fim. Foi emocionante ver a força que ela estava fazendo para fazer a coisa certa, mesmo que isso custasse perder tudo que ela havia conquistado na base da mentira por tantos anos. Com esse final, Avenida Brasil passa a mensagem de que é possível mudar, mas que isso é um esforço diário e que é preciso de ajuda. O perdão constrói e modifica.

A novela vai deixar saudades....aliás, toda turma do Divino [e do lixão] vão deixar saudades. #OiOiOiFinalDeCopaDoMundo



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Jornalista

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4 comentários

  1. O maior mérito de Avenida Brasil foram os atores que viveram intensamente cada personagem. Já estou sentindo falta da Carminha, da Janaína, da Zezé e da galera toda do Divino.

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  2. Para mim é o melhor trabalho da Adriana Esteves em toda a carreira dela. Um marco na TV. Sou #TEAMCarminha até debaixo d'água...se não fosse ela a novela não ia ter a menor graça.

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  3. Comprei a briga da Nina só no início quando era a Mel Maia que fazia. Dps a Nina da Débora Falabella ficou uma chata de galocha, obcecada com vingança, falsa. Não colou. O público ficou do lado da Carminha mesmo, muita mais divertida, que ria dos próprios erros. Adorava a Família Tufão à mesa.

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  4. Mocinhooooooooooo,

    amei o texto e os argumentos: sólidos, bem construídos. A rapidez e o olhar atento demonstram que você assistiu, aprovou e também vibrou até o instante final da #oioioi

    Tenho para mim que a partir de agora assistir novela não vai ter a menor graça... AB despertou em mim a mesma reação de Vale Tudo. Que bom que existiu JECarneiro e essa gama de talentos da TV brasileira.

    Bjs

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