Café nas Eleições 2012 – O Jogo pré-eleitoral em BH e o poder a qualquer custo
julho 04, 2012
Após um
sábado (30/06) de fortes emoções onde o PSB rompeu com o PT por conta de uma
imposição de que a aliança só aconteceria se os petistas aceitassem serem
excluídos da aliança proporcional na chapa dos candidatos a vereadores, uma
série de reviravoltas aconteceram no cenário pré-eleitoral de Belo Horizonte em
menos de uma semana, numa espécie catarse coletiva.
A
situação ficou tão complicada que os jornais noticiavam uma decisão e, em
questão de minutos, as executivas dos partidos anunciavam outra coisa
completamente diferente. Tudo por conta do prazo final de registro no cartório
eleitoral que termina nesta quinta-feira (05). E, uma vez o cenário eleitoral
desfeito, bora correr contra o tempo e propor um novo rumo no Jogo. E foi isso
que aconteceu. Tudo mudou de uma hora para outra. E pode mudar mais ainda.
Seja
por interferência de um ator político de forte influência no cenário eleitoral
da capital mineira, seja pela executiva nacional do PT que não pôde mais abafar
o rojão da candidatura própria – negociando a sua ideologia e história política
em nome de um acordo que não respeitava as particularidades de cada cidade, o
PT tem a oportunidade de se refazer em BH após o estrago de imagem gerado pelo
seu último prefeito. Recife, Porto Alegre e Belo Horizonte conseguiram dar o
seu grito de liberdade partidária aos 45 do segundo tempo. Liberdade, diga-se
de passagem, até a segunda página e com muitas limitações.
Antes
anunciado como candidato a prefeitura pelo PT, Roberto Carvalho foi convidado a
se retirar da disputa pela executiva nacional que impôs o nome de Patrus
Ananias. E o efeito cascata não parou por aí. O PMDB foi convidado a compor a
chapa com o PT, fazendo com o deputado estadual Leonardo Quintão desistisse da
sua candidatura para impor um nome que trouxesse unidade ao partido. No final
da tarde desta quarta-feira (04), o PT e PMDB chegaram ao um consenso do nome
do ex-deputado Aloísio Vasconcellos.
Rapidamente,
ainda no sábado, o PSB ensaiou um namoro com os PSDB, apresentando o nome do
deputado estadual João Leite. Mas, não vingou. Lacerda procurava um outro vice
que tivesse envergadura política capaz de fazer pressão na disputa eleitoral e
lhe trouxesse mais credibilidade para minimizar os ânimos do último desgaste
sofrido após a ruptura da aliança com os petistas. Eis que, de uma forma
impressionante, surge o nome do deputado estadual Délio Malheiros, do PV.
Délio
já tinha lançado a sua candidatura, além de ser um dos nomes da disputa
pré-eleitoral que mais criticou a gestão de Márcio Lacerda. No meio de todo
esse imbróglio político, foi a posição mais decepcionante e que mostra
claramente o quanto no jogo político pré-eleitoral vale tudo pelo PODER. Por
mais que ele, em coletiva de imprensa, justificasse que aceitou a aliança com
Lacerda por conta do tempo de TV e de gastos muito alto com a campanha, nada
justifica “virar a casaca” de uma maneira que fere a própria história dele.
Se
Lacerda foi capaz de anular a carta de intensões do presidente do partido dele
com o PT ao romper a aliança, imagina se ele irá abraçar as causas defendidas
por Délio? Nem precisa responder. Mais do que ser uma prévia do que veremos em
2014, as eleições municipais de Belo Horizonte estão colocando à tona que os
políticos são capazes de fazer tudo, absolutamente tudo, pelo PODER. Inclusive,
jogar no precipício a própria história, coisa que o PT quase repetiu novamente.
Mesmo
com as devidas proporções – apenas como a título de exemplo, a foto de Lula
dando as mãos para Maluf, por conta da aliança partidária em São Paulo, não é apenas
emblemática, mas mostra que os partidos estão pouco se lixando para ideologias
políticas. Eles estão mesmo é pensando em estratégias bizarras de como
perpetuar ou se manter no Poder. E no meio disso tudo está o povo que, na maior
parte das vezes, não tem a dimensão do PODER que tem nas mãos ao votar em
determinada figura.
Quando
elegemos um prefeito e um vereador, estamos dando a eles também uma espécie de “carta
em branco assinada” para que eles possam decidir uma série de situações, como por
exemplo, a nomeação de cargos de recrutamento amplo, indicações para
secretários, gestores, superintendências, coordenadorias, etc. E não se engane.
Esses cargos públicos são usados como moeda de troca no Jogo do Poder. Então,
antes de votar, pense, pesquise e apure em quem [ou o que] você está colocando
no poder. O voto não é só em um vereador, ou em um prefeito, mas num grupo
político que vai contratar e administrar todo o dinheiro da cidade. E é você
que decide isso. Pense bem em quem votar. Vale a pena refletir.
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Jornalista
2 comentários
Apesar de pouco conhecido, o Aloísio Vasconcellos agrega à candidatura do Patrus. Traz o peso de quem já comandou grandes empresas como a Eletrobrás. Tem boas ideias e em um debate para vices - algo comum na Band - pode se destacar, mesmo na briga com Malheiros. Vamos ver se o apoio do Aécio decide mais uma batalha eleitoral na capital.
ResponderExcluirMais do que nos atualizar com a situação da disputa eleitoral em BH, no final do texto você faz um alerta importante. A pessoa não vota só em um vereador ou em um prefeito. Ele elege um grupo político. E isso é o que pesa na balança. É muito poder para uma decisão que não tem nada de democrática.
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