Café Convidado – Excesso de Informação pode gerar Déficit de Atenção Organizacional
julho 03, 2012
No
Café Convidado de hoje, o médico Dr. Roberto Antonio fala sobre o excesso de informação
que recebemos diariamente oriunda dos meios eletrônicos, principalmente da
internet. Para ele, o excesso de informação diária pode gerar Déficit de
Atenção Organizacional. Acompanhe no
artigo, abaixo:
Excesso de Informação
*Dr.
Roberto Antonio Dias Cardoso
Hoje,
vivemos a era da informação. Mas ninguém mais dá conta de tanta informação! Além
da TV, do rádio, dos veículos impressos e dos computadores “clássicos”,
notebooks, netbooks, tablets, smartphones, e outros recursos que também fazem
parte do dia-a-dia profissional, nos abarrotam de dados, sejam bons ou ruins,
necessários ou desnecessários.
Para
se ter uma ideia, estima-se que de uma década para cá a humanidade gera em
apenas um ano milhares de vezes mais
informação do que todas as civilizações que já existiram sobre a Terra.
O
que acontece é que, apesar do crescimento vertiginoso da tecnologia que nos
traz informações, a nossa capacidade de absorvê-la e de lidar com ela permanece
a mesma. Temos a mesma composição genética e estrutura cerebral dos nossos
tataravôs, ou seja, temos um limite humano para absorver e lidar com as informações.
Quais
as consequências disso? Várias. Uma, é o
stress! A outra, é que existe um
problema que se chama déficit de atenção
do adulto, onde há certa tendência genética a regular mal o funcionamento
de uma área do cérebro chamada região pré-frontal.
Você
esquece coisas com frequência? Distrai-se com facilidade? Tem dificuldade em se
ligar a atividades que exigem atenção? Não consegue ficar com o corpo parado?
Tem dificuldade de prestar atenção a alguém falando com você? É desorganizado?
Estes são alguns sintomas do déficit de atenção do adulto.
Parece
que a torrente de informações no ambiente de trabalho chegou a tal montante que
alguns estudiosos creem que existem adultos com déficit de atenção relacionado
especialmente ao trabalho. Esta nova entidade, que vem sendo chamada de Déficit
de Atenção Organizacional. O
que fazer, então? Viramos índios? Continuamos assim até enlouquecermos? Claro
que não. Existem outras saídas e vamos falar aqui de três delas.
1 - A SELEÇÃO
A
primeira coisa é saber filtrar o que ler, ver ou ouvir. Um médico pode ser
ajudado sabendo de uma nova epidemia que surgiu em alguma região do país, mas
para que lhe serviria conhecer a melhor técnica de confeitar bolos? Um doceiro
ficaria melhor lendo sobre a nova técnica de confeitar, mas de que lhe serviria
conhecer em profundidade os detalhes da epidemia que agora é notícia? Saber
filtrar o que é essencial, o que é útil e o que é só curiosidade, pode ser o
primeiro passo para resguardar sua saúde mental.
Além
disso, muitas vezes, não é nem necessário saber todas as coisas da própria
profissão. Basta você conhecer as mais comuns, e quando quiser se informar
sobre outros detalhes, saiber onde buscar a informação. E seu problema estará
resolvido.
2 - AS PAUSAS “MÁGICAS”
Sabe
quanto tempo você perde por ser interrompido por alguém no seu trabalho? Bem,
segundo Victor González e Gloria Mark, no ambiente da tecnologia de informação
alguém lhe interrompe a cada 11 minutos! Isso sem falar no smartphone despejando
torpedos e e-mails numa frequência intolerável para a eficiente produção.
Simplesmente
não há como produzir assim! Por isso, se você precisa criar, aprimorar ou
inovar, deve haver momentos no decorrer do dia - pelo menos uns dois períodos
de 90 minutos cada - onde você não seja interrompido. Nesses pequenos períodos,
feche a porta, não veja e-mails, desligue o celular e combine com todos para
não lhe chamarem.
3 - A MEDITAÇÃO
Meditar
ajuda a relaxar, a manter a atenção, a dormir melhor, além de trazer vários
outros efeitos positivos para o praticante. Porém, outro efeito importante
desse método é a capacidade de ‘desligar’ a mente pensante por alguns minutos.
Essa prática traz um enorme descanso mental, melhora a performance, aumenta a
produtividade e, além disso, nos dá um ‘refresco’ das gigantescas ondas de
informação que nos bombardeiam diariamente. Ela é tão relaxante para a mente,
que reduz mais o consumo de oxigênio cerebral do que o sono.
Medite,
e encontre um lugar dentro de si que sempre esteve lá, mas que o tsunami diário
de informações lhe impedia de conhecer. Ter acesso a informações é uma benção.
Mas saber lidar com elas é uma ação de saúde. Em alguns casos, até de
sobrevivência.
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*Perfil: O
Dr. Roberto Antonio Dias Cardoso possui graduação em Medicina pela Universidade
de Brasília (1984), com mestrado em Medicina (Obstetrícia) pela Universidade
Federal de São Paulo (2001) e atualmente cursa o Doutorado também pela
Universidade Federal de São Paulo. Tem experiência na área de Obstetrícia, com
ênfase em Medicina Fetal (especialmente vitalidade) e Medicina Comportamental
(especialmente meditação em saúde). Atua como coordenador do Programa de
Medicina Comportamental do FEMME Laboratório da Mulher.
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Jornalista
1 comentários
Muito bom o artigo. Realmente, o excesso de informação diária prejudica muito mais do que ajuda. O negócio é filtrar.
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