Oscar 2012 – O Artista é o grande destaque da noite de premiação e crítica do evento

fevereiro 27, 2012

Meryl Streep e Jean Dujardin, melhor atriz e melhor ator do Oscar
2012, posam juntos para as câmeras. Foto: Mike Blake/Reuters.


Este ano me envolvi como a muito tempo não acontecia com o #Oscar2012. Os filmes que assisti e outros que não pude ver por falta de tempo, acompanhei resenhas, críticas, entrevistas e matérias. De certa forma, me senti por dentro da premiação. O que me motivou a acompanhar este ano foram três filmes em especial: Meia Noite em Paris, Cavalo de Guerra e O Artista. Achei um barato Hollywood fazer essa releitura ao passado, buscando elementos da história do cinema e do cinema clássico para criar algo com uma linguagem contemporânea.

Infelizmente, não vi o #Oscar2012 pela TV Paga. Vi o #redcarpet pelo portal Terra e acompanhei os comentários da jornalista Tatiana Vasconcelos pela @radiobandnewsfm, que fez uma excelente cobertura por sinal. Depois, vi uma parte, já na madrugada, pela TV Globo, mas acabei dormindo e não cheguei a ver a premiação no final. Adoro Maria Beltrão, mas não tenho muita paciência para as análises de José Wilker. E por falar nisso, acho que os críticos de cinema estão muito azedos, de um modo geral. Nada é bom. Credo! É só dá uma varrida na internet que você percebe isso. O evento teve, em si, coisas boas e ruins. Fica martelando só no lado negativo é muito chato. Ainda bem que a internet é democrática e é possível conferir outras visões.

Cinema é arte, magia e diversão. Os filmes se espelham na realidade, mas não tem obrigação de ser fiel o tempo todo. Tem que ter espaço para o lúdico e, o mais importante, fazer com que o público entre na história e embarque na viagem contada pelo filme. Nos filmes que citei acima, todos me fizeram pesquisar para querer saber mais sobre a época retratada e as referências utilizadas. Achei isso um barato! Só de filmes comerciais provocarem o público a pesquisar, a ir atrás de mais informações para entender [e criticar] melhor o contexto utilizado, já me entusiasma.
O comediante Billy Crystal apresentando a 84ª edição do Oscar.
Foto: Robyn Beck/AFP Photo.

Por isso, entranhei hoje de manhã, ao ler as resenhas de alguns críticos de cinema falando que foi a pior seleção de filmes do Oscar em anos. Não concordo. A festa foi chata mesmo. Precisa de um corpo novo de roteiristas que conseguem brincar mais com a tradição e o contemporâneo. O Tapete Vermelho é uma badalação fútil que precisa ser melhor aproveitada com entrevistas e participação do público via redes sociais. #FicaADica

Prêmios

Que coisa boa ver um filme estrangeiro papando tantas estatuetas, hein. Adorei ver O Artista faturando os prêmios de Melhor Filme, Melhor Ator para o francês Jean Dujardin, Melhor Diretor para Michel Hazanavicius, e também os de Trilha Sonora e Figurino. Apesar de não ter assistido – e apenas lido críticas e matérias, gostei também da vitória de "A Invenção de Hugo Cabret”, de Martin Scorsese, que levou cinco dos 11 prêmios indicados: fotografia, direção de arte, edição de som, mixagem de som e efeitos visuais, ficando apenas com estatuetas de prêmios técnicos, considerada de menor apelo pela crítica.
Elenco e equipe de "O artista" sobem ao palco enquanto o produtor Thomas
Langmann discursa após longa vencer o prêmio de melhor filme.
Foto: Gary Hershorn/Reuters.

No mais, acredito que foi uma noite em que histórias sobre cinema caíram nas graças de Hollywood. Foi lindo ver o francês Jean Dujardin ganhar o Oscar de Melhor Ator sem fala alguma em O Artista. A vitória dele é uma prova de algo que acredito: a interpretação é algo que vai além da fala. Interpretação é um somatório de trejeitos, expressão e sentimentos. O público precisa sentir verdade no personagem. E para ser sincero, Dujardin concorria com uma safra de atores belos, mas que se repetem e me dá impressão eterna de  interpretarem eles mesmos, como George Clooney e Brad Pitt.

O Artista, que faturou o prêmio mais cobiçado da noite, o de Melhor Filme, foi mais do que merecido. Foi lindo ver o boa parte do elenco e da produção ali no palco feliz pelo reconhecimento de fazer um filme simples que, na minha modesta opinião, já entra direto para a lista dos clássicos. Daqui uns anos, quando alguém ler sobre o #Oscar2012 vai ver que foi o ano que o filme estrangeiro, de baixo orçamento, mudo e preto e branco, ganhou o mundo e fez história.

O Artista é um filme que homenageia a história de Hollywood e, ao mesmo tempo, dá um tapa na cara dos filmes contemporâneos comerciais que se esqueceram que cinema também é arte, não só bilheteria. É uma retomada ao lirismo que me comoveu e confronta os roteiristas atuais a serem mais criativos – coisa que está faltando atualmente. O que a gente vê de história repetida em filmes e novelas não está no Gibi...se os roteiristas se repetem, imagina os atores canastrões que interpretam sempre eles mesmos....afff. #AbafaOCaso
O produtor Thomas Langmann, ator Jean Dujardin, o cachorro Uggie
e Ludovic Bource no palco do Oscar. Foto: Gary Hershorn/Reuters.

Sobre Meryl Streep ter ganho o Oscar de Melhor Atriz, é mais do que justo, mas tenho algumas ressalvas. É claro que Meryl é uma excelente atriz, e isso não é dúvida para ninguém. Porém, a impressão que tive ao ver a Dama de Ferro, é que ela segurou o filme sozinha o tempo todo. O roteiro não ajuda muito e a biografia é enfadonha. Foca tanto na vida pessoal e esquece muitas vezes o lado político.

Não achei um filme bom, mas a forma que Meryl Streep compôs ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher é algo de arrepiar de tão magnífico. Torcia para Viola Davis ganhar, até porque Histórias Cruzadas – que em breve farei um resenha aqui no @cafecnoticias, é um filme excelente e com várias interpretações excelentes. Uma prova disso foi Octavia Spencer ter ganho o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, que pelo menos não deixou o filme sem uma premiação.
A atriz Meryl Streep com vestido dourado segura estatueta vencida na
categoria melhor atriz por "A Dama de Ferro". Foto: Mark J. Terrill/AP.

Os brasileiros Sergio Mendes e Carlinhos Brow, que concorriam ao Oscar de Melhor Canção pela música "Real in Rio", do filme "Rio", perderam a estatueta para a música "Man or Muppet", do filme "Os Muppets". Muita gente achou estranho “Rio” não ter entrado na categoria de Melhor Animação, mas enfim, vai entender a cabeça da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Não foi desta vez que o Brasil ganhou um Oscar, uma pena.

E você, gostou do #Oscar2012? Veja a lista dos vencedores:

Fotografia: A Invenção de Hugo Cabret
Direção de Arte: A Invenção de Hugo Cabret
Figurino: O Artista
Maquiagem: A Dama de Ferro
Filme Estrangeiro: A Separação - Irã
Melhor Atriz Coadjuvante: Octavia Spencer, em Histórias Cruzadas
Montagem: Millennium, em Os Homens que Não Amavam as Mulheres
Edição de Som: A Invenção de Hugo Cabret
Mixagem de Som: A Invenção de Hugo Cabret
Melhor Documentário: Undefeated
Melhor Animação: Rango
Efeitos Visuais: A Invenção de Hugo Cabret
Melhor Ator Coadjuvante: Christopher Plummer, em Toda Forma de Amor
Trilha Sonora: O Artista
Canção Original: Man or Muppet, em The Muppets
Roteiro Adaptado: Os Descendentes
Roteiro Original: Woody Allen, em Meia Noite em Paris
Curta-Metragem: The Shore
Curta Documental: Saving Face
Curta de Animação: The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore
Direção: Michel Hazanavicius, em O Artista
Melhor Ator: Jean Dujardin, em O Artista
Melhor Atriz: Meryl Streep, em A Dama de Ferro
Melhor Filme: O Artista



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3 comentários

  1. Francisco Bertoletta27 de fev. de 2012, 10:17:00

    Excelente cobertura sobre o Oscar 2012, Wander. Também concordo contigo que muitos críticos criticam as coisas sem ver e baseado apenas no gosto pessoal e no lado negativo. Crítica tem que ter argumento, não só gosto. Abraço

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  2. Também gostei de ver O Artista papando tantas estatuetas. É filme simples, mas que comove e nos faz refletir. Mereceu esse destaque. Ótima cobertura, Wander.

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  3. Me parece ter sido merecido o prêmio para o Artista. Não vi o filme, mas toda a crítica elogiou este filme. Mas faz tempo que o Oscar e Hollywood não me empolgam. Nos últimos anos assiti muitos filmes, mas só alguns me empolgaram. Abraços

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