Marchinha “Na Coxinha da Madrasta” escancara problemas na Câmara de BH

fevereiro 02, 2012

Polêmica das coxinhas em BH. Foto: Site Minhas Receitas Maille.


Me senti um ET agora, sério. Mas ainda bem que existem os amigos e as redes sociais para nos atualizar. Graças a amiga jornalista @AdriValadares me inteirei do último bapho do momento em Belo Horizonte (BH): a Marchinha de Carnaval “Na Coxinha da Madrasta”. Clique aqui para escutar o hit do #CarnavalBH2012 e aqui é possível saber de outra marchinha que ainda vai dar muito que falar. Gostou? Ajude a subir no Trending Topics do Twitter a hashtag #NaCoxinhaDaMadrasta.

A música, que é um desabafo do povo de BH em relação às atitudes dos representantes eleitos da Câmara Municipal, mostra o quanto a população está revoltada com o posicionamento dos nossos “nobres” vereadores que queriam propor um aumento salarial completamente descabido e que, por pressão popular, principalmente nas redes sociais, foi abafado pelo prefeito Márcio Lacerda, como você pode ler aqui.

A polêmica da coxinha começou quando a imprensa mineira noticiou que o vereador Léo Burguês teria gasto R$ 62 mil de verba indenizatória, desde 2009, em lanches e refeições comprados no Berenice Guimarães Buffet, pertencente à madrasta dele. Ao denunciar o abuso - que se tornou alvo de ação do Ministério Público em Minas, o jornal O Tempo fez uma estimativa do número de coxinhas que daria para comprar todos os meses: cerca de três mil. Dá para entender uma coisa dessas?
Paródia feita com capa de revista. Foto: Blog Histórias para Boi Contar.

A denúncia, que é uma informação amplamente noticiada, serviu de inspiração para que Flávio Henrique criasse a marchinha #NaCoxinhaDaMadrasta para participar do Concurso de Marchinhas Mestre Jonas, no #CarnavalBH2012. A música virou hit nas redes sociais e está sendo amplamente divulgada em portais e blogs.

Mesmo inspirado em fatos reais, o advogado de Léo Burguês acionou “de forma amistosa” o compositor para a retirada da música do site. "Fazer marchinha brincando com a política é uma tradição do carnaval brasileiro. A coisa foi feita para brincar, não para arranjar briga. Quando o advogado ligou para dizer que o vereador tinha se sentido ofendido, tirei do ar. Mas já tinha perdido totalmente o controle da situação", disse Flávio Henrique em matéria publicada no portal Pernambuco.Com.

O que podemos ver nas entrelinhas? Que expressar uma visão, mesmo amparado por diversas notícias amplamente divulgadas pela imprensa, pode render um possível processo. Ou seja, falar a verdade hoje é perigoso. E há quem acredite que a ditadura acabou...será que também vou receber “uma ligação amistosa”? Brincadeira.

O fato é que o Café com Notícias é um blog plural e abre o espaço, desde já, para que o vereador Léo Burguês, caso queira se manifestar também, possa acionar o seu direito de resposta. A intenção deste post – e acredito que os demais colegas da imprensa, é alertar a população, ainda mais em um ano de eleição municipal, o quanto é importante o seu voto. Está mais do que na hora de uma renovação!
Presidente da Câmara Municipal, o vereador Léo Burguês (PSDB), é acusado
pelo Ministério Público por ter gasto de forma indevida a verba
indenizatória. Foto: Cristiano Couto / Hoje em Dia.

Em entrevista a uma rádio da capital mineira, Burguês disse que não processou o compositor, mas admitiu a intimidação. “Não entrei com processo algum contra o compositor. Me mostre o processo. Me mostre a ação. Muitas pessoas vão às redes sociais e não sabem o que falam. Uma mentira falada mil vezes vira verdade. O que aconteceu é que eu estava nos Estados Unidos e meu advogado entrou em contato com ele, afirmando que se eu me sentisse caluniado pela marchinha, poderia entrar com um processo. Ele mesmo afirmou que houve uma conversa amistosa”,  disse o vereador. A matéria completa pode ser lida aqui.

Mais babado

Não contente em se ver na crista da onda junto com os outros pares do legislativo municipal, Léo Burguês, nesta quarta-feira (01), soltou outra pérola, ao afirmar que jornalistas ganham mais do que vereadores. Veja aqui. Aonde? Será que ele sabe quanto é o salário de um jornalista em Belo Horizonte?

Rapidamente, Burguês tentou consertar o que disse, como pode ser visto no vídeo, mas os jornalistas não perdoaram o deslize. O vereador tentou mudar de assunto, afirmando que um secretário municipal ganha mais que um vereador – o que de acordo com o legislador, justificaria a intenção de aumento salarial na próxima legislatura. Atualmente, o salário dos vereadores de BH é de R$ 9,2 mil, enquanto o piso salarial de um jornalista é de R$ 1.708 para uma jornada de trabalho de cinco horas, de acordo com o Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais.



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Jornalista

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4 comentários

  1. genial!! nem parece que estava por fora do assunto!! como eu admiro gente inteligente e perspicaz que se inteira de um assunto em instantes e ainda ajuda a conscientizar os demais!!!
    a propósito, que honra para mim ter sido nominalmente citada no post!!! puxa!!!
    muito gentil!!!
    parabéns pelo texto, pelo blog e pelo jornalista que você é!!

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  2. Dri, eu que agradeço por você ter me inteirado do assunto e pelos elogios. Com os links que você me deu a curiosidade foi aumentando e pesquisei ainda mais sobre o assunto. Tem muito pano para a manga! É muito importante ajudar nesta conscientização sobre os problemas da cidade. Beijos

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  3. Animadora essa matéria. Da vontade de repetir o feito dos mineiros aqui na Bahia kkkkkk. Nossos vereadores também são uma vergonha.

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  4. Ei Wander! Adorei esse post, principalmente pelo jeito que você contou toda a história. Sério, a marchinha #NaCoxinhaDaMadrasta é muito boa. Estpa mais do que na hora de virar hit nacional. Parabéns aos belohorizontinos que não deixam a corrupção passar em branco. Beijos

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