Ponto de Vista – Instabilidade na grade da Record afasta telespectador

dezembro 17, 2011





Se fizermos uma avaliação geral, 2011 foi um dos piores anos da Rede Record, tanto de repercussão, quanto em audiência nacional dos seus programas. Grande parte das estreias ou lançamentos da emissora da Barra Funda foi um verdadeiro fracasso, fora as constantes mudanças de horários que deixa o telespectador confuso e não fideliza um horário para uma determinada faixa. Assim fica complicado e não há telespectador que aguente tantas mudanças. Fica claro a falta de profissionalismo e, o mais absurdo, de não saber se posicionar de forma estratégica, nem de respeitar o público, seja com os horários, seja com o conteúdo do que é exibido.

A título de um exemplo mais recente, só nesta semana, cancelaram do nada o vespertino docudrama Marcas da Vida e colocaram a minissérie bíblica A História de Esther, de um dia para o outro. Como a série também não deu a audiência esperada, transformaram 10 capítulos em 3, picotando o material, para que, na próxima semana, a grade da tarde volte “ao normal” com as exibições das reprises do Tudo a Ver e do seriado Todo Mundo Odeia o Cris. Assim fica muito, mais muito difícil entender aonde a Record quer chegar?

No passado não muito recente, o SBT cometeu o mesmo erro. Nenhum programa tinha um horário fixo e, se a audiência não correspondesse de forma esperada, o programa saia do ar de forma sumária ou sambava pela grade em horários diferentes até pontuar aquilo que a emissora considerava interessante. Felizmente, o SBT percebeu que isso era uma estratégia equivocada e que não fazia sentido. Como Boni já disse uma vez, “televisão é hábito”. Se você chega do trabalho e sabe que às 8 e pouco da noite passa o Jornal Nacional e depois a novela das 9 todo dia a chance de você ficar por ali é bem maior do que aquela outra TV que a cada dia o principal telejornal e a novela passam em um horário diferente.
Foto: Site Hype Science.


Atualmente, com a possibilidade de gravar um programa ou mesmo assisti-lo pela internet, ninguém fica sentado na frente da TV até altas horas esperando para ver qual será a grade que determinada emissora vai colocar na data em questão, muito menos se não tiver uma boa estratégia de divulgação. Fidelizar o público é o grande X da questão! No entanto, mais do que as mudanças constantes de horário, outro grave problema da atual fase da Record é em relação ao conteúdo que está num nível muito inferior, sensacionalista e apelativo.

Por exemplo, nesta sexta-feira (16), assisti um trecho do programa Hoje em Dia com a participação da banda Rebeldes, formada em decorrência da novela de mesmo nome da Record em parceria com a Televisa. Não estou falando da atração – e isso vai do gosto de cada um, mas nunca vi um programa tão avacalhado como o que foi exibido. A produção confundiu informalidade com bagunça...era uma gritaria, gente falando ao mesmo tempo e os quatro apresentadores completamente perdidos no palco. 

Sabe, custa fazer um programa organizado? Separar um momento para fazer entrevistas, outro para a banda tocar a música de trabalho e, posteriormente, responder as perguntas dos fãs - seja na porta da Record, por telefone, email ou Twitter? Fazia tempo que não via o Hoje em Dia. Se o programa desta sexta-feira (16) for tão bagunçado como o que eles transmitem diariamente faz todo sentindo o desgaste da atração e a consequente queda de audiência. Senti saudade da época do Britto Jr, da Ana Hickman e do Edu Guedes....o programa era mais organizado e gostoso de ver.
Apresentadores do Hoje em Dia. Foto: Record / Divulgação.


Ainda falando da revista eletrônica das manhãs da Record, não contente com o “salve-se quem puder”, a emissora de Edir Macedo determinou, nesta semana, o fim das edições regionais do Hoje em Dia, como uma forma de concentrar a atenção da produção do programa toda em São Paulo por conta da estreia, no ano que vem, do novo programa de Fátima Bernardes, nas manhãs da concorrente TV Globo. O que mais me chama atenção nessa história é a ignorância de jogar para alto o sucesso das edições regionais por conta de uma nova estratégia melindrosa. Já que a grade vespertina só passa reprise, não seria a hora da Record testar o formato do Hoje em Dia – versões Regionais no início da tarde, depois do Balanço Geral (em algumas praças), por exemplo, e deixar o Hoje em Dia – versão nacional apenas na parte da manhã? 

Vamos organizar a casa, Bispos! É uma questão de bom senso e uma solução muito mais viável do que desativar vários núcleos de produção das principais Praças, por conta de mais uma estratégia mirabolante. A impressão que dá é que a Record não tem planejamento com nada e a cada momento tudo pode mudar. Alguns profissionais já perceberam isso e fizeram uma debandada no início do ano. Infelizmente, é aquela velha história: quem sair por último, apague a luz. É triste ver uma emissora que tinha tudo para estar brigando como gente grande pelo topo se comportar de maneira amadora. Lamentável!




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*Observação: Este artigo faz parte da minha participação na seção Ponto de Vista, do site do Cena Aberta, onde três jornalistas publicam um artigo mostrando pontos diferenciados sobre o mesmo assunto. Todo sábado você vai encontrar artigo escritos por Endrigo Annyston, Emanuelle Najjar e Wander Veroni.





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Jornalista

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7 comentários

  1. O grande problema da Record são essas mudanças de horários do programas e quando uma atração não dá o Ibope esperado eles tiram do ar do nada, principalmente na parte da tarde. É por isso que o SBT recuperou a vice-liderança.

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  2. Vi o Hoje em Dia com os Rebeldes e fiquei de cara com a bagunça do programa e o monte de intervalo comercial....estava péssimo...eles não souberam explorar os entrevistados. Falta alguém para colocar a Casa em ordem na Record.

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  3. É por essas e outras que não assisto mais a Record na TV aberta. Quando um programa ou matéria me interessa vejo pelo R7. Concordo com tudo que você disse no artigo. Abraço

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  4. Para mim a Record deve fechar. A programação é um lixo.

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  5. Ei Wander! A Record teve uma fase de ouro a cerca de dois anos, três anos atrás. Se tivessem mantido o "padrão" a coisa não teria ficado tão piriguitante como está agora. Como você mesmo disse querido, falta alguém para organizar a Casa. Parabéns pelo artigo querido. Beijos

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  6. Oi, Wander!
    Concordo com você, a Record realmente perdeu o rumo. No entanto, entendo que a principal falha da emissora é viver em função de "destruir" a Tv Globo, o que aliás como diz o Silvio Santos é impossível pelos motivos mais óbvios.
    Acredito que o fato dos bispos viverem em função de uma vingança pequena não os deixa pensar em como trabalhar para o público. Se esquecessem a Globo e focassem no público certamente os resultados seriam outros.

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  7. Nunca gostei da record. O Boni numa entrevista com a Gabi disse o que eu penso tambem. A Globo, o SBT até mesmo a RedeTV, tem personalidade, já a record não se encontrou ainda, não tem personalidade, há tempos ela tenta ser a Globo pegando restolhos que não estavam mais trabalhando lá. Vida que segue, e vamos ver no que isso tudo vai dar.

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