MediaOn – Último dia faz balanço sobre a relação da mídia com a internet

novembro 25, 2011

Sabrina Sato participa do último painel do MediaOn. Foto: Rubens Chiri.


Terminou nessa quinta-feira (24) o MediaOn – Seminário Internacional de Jornalismo Online, realizado no Itaú Cultural, em São Paulo. O evento, que teve entrada gratuita, discutiu no seu último dia o papel do politicamente correto na hora de se produzir conteúdo e publicidade; a qualidade da atual safra do jornalismo brasileiro; o uso de redes sociais para o ciberativismo; a estreia da versão brasileira do HuffingtonPost em 2012 e um bate-papo bem-humorado com Sabrina Sato e Marco Luque.


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Realizado anualmente pelo portal Terra e Itaú Cultural, o @mediaon é um dos principais fóruns de debates sobre jornalismo online, digital e novas mídias, contando com a presença de representantes de diversos veículos brasileiros, da América Latina, Europa e Estados Unidos. O tema do evento deste ano foi: A transformação do ciclo da notícia, a revolução na indústria cultural e os efeitos na produção de conteúdo criativo. Confira abaixo alguns destaques desse último dia do seminário:

# O diretor de Marketing da Nissan, Murilo Moreno, e o diretor de Inovação e Criatividade da Coca-Cola, Gian Martinez, debateram no primeiro debate da manhã a tendência atual do politicamente correto no Brasil e no mundo se impor perante a produção de conteúdo informativo e publicitário. “O politicamente correto é cultural, é uma questão de as minorias se posicionarem, não adianta achar que é passageiro. O humor de hoje em dia é diferente de 40 anos atrás. Entender o momento da cultura”, disse Moreno.


# Já Martinez enfatizou que a Coca-cola sempre se posicionou de forma positiva em relação às questões da atualidade. “Em 1918 a Coca-cola colocou um anúncio de uma mulher sozinha. A mulher estava sozinha em um bar e isso não fazia dela uma… entendemos. O que buscamos é ser culturalmente correto. Nossa posição não vai necessariamente de encontro com as políticas vigentes. Este é o papel de uma marca livre”.
Profissionais da Nissan e da Coca-cola falam sobre a onda do politicamente
correto no conteúdo. Foto: Reinaldo Marques / Terra.

# Outro bastante relevante desse painel, foi o fato dos palestrantes falarem sobre a importância das marcas também produzirem conteúdo relevante nas redes sociais atrelado ao institucional, criando empatia com o internauta. “Com os sites, redes sociais e blogs, a atenção do consumidor ficou mais difícil de ser capturada. O consumidor vai atrás só daquilo que o interessa. A gente quer que uma pessoa tenha um relacionamento da marca. De um lado, conteúdo contestador, de entretenimento. E de outro lado, eu entrego conteúdo institucional básico da marca, mas de uma forma light”, explicou Moreno.

# Posteriormente, por volta das 11h30, aconteceu o painel 2, que debateu a qualidade da atual safra do jornalismo brasileiro, colocando no “divã” os jornalistas Mino Carta (diretor de Redação da Carta Capital) e Fabio Altman (editor executivo da Revista Veja), tendo como mediador o  Jorge Forbes, especialista em psicanálise lacaniana. “Os jornais brasileiros são muito feios e muito mal escritos. O jornalismo brasileiro chegou a níveis grotescos. (...) A mídia sempre foi um instrumento nas mãos do poder. O conteúdo era o mesmo, mas a forma era muito melhor. Fico espantado com o baixo nível cultural dos nossos jovens jornalistas, eles não sabem nada. Nunca leram nada significativo", disse Mino.
Debate sobre a qualidade do jornalismo brasileiro no MediaOn. Foto: Rubens Chiri.

# Já Altman foi menos pessimista. “A quantidade de informações, a variedade e a velocidade de informações …o volume é muito maior e mais rico do que há alguns anos atrás. Se você não tiver um filtro, acaba consumindo muito lixo. Mas consome coisa boa também. Mas não tenho dúvida que o jornalismo piorou muito. Muito raramente encontramos reportagens que sejam fascinantes”, comentou.

# À tarde, no painel que abordou o papel transformador das notícias nas redes sociais, o pesquisador e gerente do projeto de Tecnologia da informação e Política do Islã da universidade de Washington, Muzammil Hussain comentou sobre a importância do ciberativismo nas redes sociais. “Sem as redes sociais seria significantemente mais difícil para as mensagens chegarem ao redor do mundo, chegar em países influentes. As ferramentas online diversificaram o número de pessoas envolvidas no episódio”, disse Hussain que destacou também a importância troca de informações entre os manifestantes e a imprensa internacional.
O diretor de tecnologia editorial do Huffington Post, Conor
White-Sullivan, participou do MediaOn. Foto: Rubens Chiri.

# Já o diretor de tecnologia editorial do Huffington Post, Conor White-Sullivan, definiu que o uso de redes sociais para o engajamento social é como “uma bola de neve rolando montanha abaixo”, o que faz com que cada vez mais pessoas sensibilizadas com a causa cresçam por iniciativa pessoal.

# Previsto para ser lançado no primeiro semestre de 2012, versão brasileira do Huffington Post quer convocar blogueiros brasileiros a participarem do projeto. “Desejamos ouvir essa voz única que vocês têm. Levamos a vocês um microfone”, disse o diretor de tecnologia editorial do portal de blogs noticiosos Huffington Post, Conor White-Sullivan. O Huffington Post faz parte do grupo AOL que deve abrir um escritório no Brasil com uma equipe local. Segundo White-Sullivan, o portal é o terceiro maior em participação dos leitores no mundo.

# O diretor disse ainda que o jornalista independente precisa ter uma forma particular de humildade no ambiente online que permita “ouvir as milhares de vozes” que participam do movimento e terão uma visão própria. “Há bilhões de pessoas interagindo com seu conteúdo, pessoas que têm uma visão que você jamais terá”, disse Conor White-Sullivan.
Marco Luque participa do último painel do MediaOn. Foto: Rubens Chiri.

# Para terminar, o último painel contou com um debate bem-humorado com os apresentadores/humoristas Sabrina Sato e Marco Luque, que falaram sobre tweet pago e o fato deles rejeitarem tomar o lugar de jornalistas na TV. Durante a palestra, Sabrina disse que se define como apresentadora e animadora de TV, enquanto Luque disse se considerar “ator”. “Nem eu nem a Sabrina fomos convidados para um trabalho de jornalista, o que temos de forte é a comédia, o humor”, disse Luque. Já sabrina foi enfática. “Até tenho uma faculdade de jornalismo, que eu não terminei, mas a minha personalidade e a dele (Luque) têm tudo a ver para ocupar aquele espaço. Tudo o que eu fiz na vida foi de uma maneira muito intuitiva”, comentou a integrante do Pânico na TV.

# Sobre a venda de tweets patrocinados, Luque e Sabrina revelaram que é mais fácil assumir uma postura espontânea no Twitter. “As marcas começaram a pensar nas redes sociais. Mas você não pode fazer uma propaganda. Tem que falar algo como: “Pô, hoje abri e mochila e…”, explicou o humorista. “Tem que ser um papo natural”, complementou Sabrina. Integrante do CQC, Luque revelou que chega a ganhar R$ 15 mil por tweet.


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Colaborou: Mariana Astolfi.




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3 comentários

  1. Parabéns pela cobertura do MediaOn, Wander. Não conhecia o evento e fiquei fascinado com a riqueza de assuntos que foram debatidos. Ano que vem, quero participar. Um forte abraço. Lucas Nogueira.

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  2. Nossa senhora, 15 mil por um tweet da Sabrina Sato ou do Luque....não acho que eles valham isso todo e nem tenham essa credibilidade toda para tal. Fique decepcionada agora....rs :( ...brincadeira. Gostei muito de saber do MediaOn aqui pelo Café com Notícias. Parabéns pelo blog! Beijos

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  3. Primeira vez que leio sobre o MediaOn e posso dizer que achei tudo muito interessante. Parabéns pela cobertura e pelo trabalho feito aqui no blog Café com Notícias.

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