Impressões sobre o 6º Congresso da Abraji
julho 06, 2011Amigos reunidos no Congresso: @wanderveroni, @leticiacastro, @elis_amancio e @flavyapereira. Jornalistas unidos pela web! |
Entre os meus amigos, brinco que o @congressoabraji é a minha “Disneylândia”. Gosto das palestras e da oportunidade de visitar São Paulo, pelo menos uma vez por ano, de forma garantida. Desde que conheci a proposta da Abraji, fiquei fã do projeto que visa a formação do jornalista investigativo. Quando se fala em jornalismo investigativo, não é apenas aquele que cobre polícia ou política. Jornalismo investigativo é muito amplo e, infelizmente, nem todos os veículos de comunicação oferecem treinamento específico.
Qualquer editoria, qualquer pauta, pode ser trabalhada com o gancho investigativo. E isso exige pesquisa, um bom banco de dados, boas fontes, sensibilidade, criatividade e tempo.....aliás, tempo é a coisa que mais falta quando pensamos na rotina diária de uma redação onde tudo é para ontem. Não condeno o hard news, mas creio que é importante investir também em outros formatos. E isso está quase em extinção nos dias de hoje, por isso a chama do jornalismo investigativo não pode apagar!
Creio que é por isso que insisto tanto na importância do 6º Congresso da Abraji. Foi um espaço único para reciclagem e troca de impressões! O tema era jornalismo online e é possível acompanhar tudo que rolou no evento pelo blog oficial. Entre todas as palestras que participei, só não gostei de uma, a do Google Tools, onde os representantes da Google fizeram mais um merchandising da empresa, do que ensinaram os jornalistas a lidar com as ferramentas e aplicativos no dia-dia de uma redação. Apesar disso, quem se interessa pelo assunto, existem vários tutoriais na internet sobre Google Tools e Tips. Quem ainda não usa, vale a pena aprender!
Ainda sobre o evento, não gostei da organização não ter feito um espaço de convivência para os participantes, nem que seja com algumas mesas e cadeiras livres e com acesso a tomada [energia elétrica]. Aliás, não entendi até agora as tomadas do prédio desligadas. Soou mesquinharia, pois vários jornalistas andam com notebook, netbook, tablet ou precisam carregar o celular [smartphone], uma vez que ficamos boa parte do dia no Congresso. Outra coisa que me chateou foi o fato deles tirarem a maioria das mesas da lanchonete/restaurante [local onde servia almoço no ano passado e que os participantes usavam como espaço de convivência].
Esse ano, a Universidade Anhembi não vendeu almoço...todo mundo teve que procurar um restaurante externo. O ruim disso não é apenas o fato da comida em si, mas por que são esses "momentos alimentares" no espaço de convivência que se é possível fazer interação, conversas, amizades e network. Seria interessante, se no próximo ano, a organização do Congresso arrumasse patrocinadores dispostos a bancar pelo menos um coffee break diário, onde os jornalistas pudessem interagir mais entre si, sem a formalidade das palestras. Seria bacana!
Por outro lado, aplaudo a organização do Congresso da Abraji pelo acesso gratuito à internet wi-fi (mesmo que em alguns lugares da faculdade não tenha sinal ou sinal ruim) e a ideia de dispor no pátio os stands das empresas de comunicação que patrocinaram o evento em 2011. Ótima sacada! Inclusive, o stand da TV Band virou point de encontro da galera....todo mundo ia para lá depois das palestras.
Além disso, foi no stand da Band que foi oferecido, de forma gratuita, uma caneca personalizada com uma caricatura. Muito massa! Apesar dos pesares, saí com uma ótima impressão do 6º Congresso da Abraji. Aprendi muita coisa, revi amigos jornalistas, conheci colegas de várias partes do Brasil e tive dias muito legais, apesar do frio de São Paulo. Entre as palestras que participei, destaco algumas:
# Fiquei fã do promotor de justiça de São Paulo, Roberto Liviau, que fez uma palestra sobre introdução de direito para jornalistas. Foi uma aula didática e cheia de termos técnicos úteis no dia-dia de quem produz notícias e, que muitas vezes, são utilizadas de forma equivocada pela imprensa.
# Achei lindo e bastante merecido à homenagem ao jornalista Rosental Calmon, na abertura oficial do Congresso da Abraji. Rosental tem um trabalho maravilhoso como incentivador do jornalismo online empreendedor em toda a América, além do currículo dele como jornalista que dispensa comentários. Sempre é um prazer ouvir e aplaudir Rosental!
# A MELHOR palestra desta sexta edição do Congresso da Abraji, foi a de Heródoto Barbeiro e Ricardo Boechat, que expuseram um debate muito interessante sobre a produção de conteúdo para TV e Rádio, tendo a internet como plataforma principal ou de apoio. Boechat e Heródoto tinham opiniões muito distintas sobre produção em mídia eletrônica, o que foi muito rico, porque cada um mostrou dois pontos de vista distintos. Por exemplo, Boechat defende que o cidadão (espectador) tem o mesmo direito de voz que uma fonte oficial. Já Heródoto, pondera dizendo que infelizmente, nem todo cidadão fala a verdade, e que a imprensa pode pagar um preço alto por isso, como no caso recente do Amim Khader.
# A MELHOR palestra desta sexta edição do Congresso da Abraji, foi a de Heródoto Barbeiro e Ricardo Boechat, que expuseram um debate muito interessante sobre a produção de conteúdo para TV e Rádio, tendo a internet como plataforma principal ou de apoio. Boechat e Heródoto tinham opiniões muito distintas sobre produção em mídia eletrônica, o que foi muito rico, porque cada um mostrou dois pontos de vista distintos. Por exemplo, Boechat defende que o cidadão (espectador) tem o mesmo direito de voz que uma fonte oficial. Já Heródoto, pondera dizendo que infelizmente, nem todo cidadão fala a verdade, e que a imprensa pode pagar um preço alto por isso, como no caso recente do Amim Khader.
# Gostei do modo seguro, carismático e elucidativo que o jornalista @_rafaelcoimbra, da Globo News, falou sobre integração de TV e Internet. Rafael trouxe um exemplo muito bacana da CNN, o iReport. Trata-se de uma maneira que a CNN concebeu para utilizar a colaboração de material jornalístico dos internautas. O internauta se inscreve na CNN e se torna um repórter voluntário, durante um período. Esse repórter recebe um treinamento online e a cada material que ele envia, a produção da CNN o coloca num ranking de credibilidade. Todo o material enviado passa por apuração, por mais credível seja o ranking desse colaborador. Rafael contou ainda que ele fez um acompanhamento de dois meses na CNN e que ele se surpreendeu com o projeto. Ele disse também que a Globo, no Rio de Janeiro, está fazendo algo semelhante no RJTV, com ações de aproximar mais a comunidade do jornalístico, e que isso em breve será estendido as outras Praças.
# Outro ponto EXCELENTE do Congresso esse ano, foi e mesa-redonda sobre Jornalismo Independente Online com os jornalistas Natália Viana (fundou a Agência Pública, ao lado de mais duas jornalistas investigativas brasileiras, que pretendem lançar um modelo inédito no Brasil que oferece matérias investigativas de temas de interesse público em parceria com outros meios de comunicação. Possui parceria com o Wikileaks), Brant Houston (professor da Universidade de Illinois, nos EUA, e membro do Investigative News Network/Global Investigative Journalism Network) e Joshua Benton (diretor do Laboratório de Jornalismo Nieman da Universidade de Harvard. Antes, ele era repórter investigativo e colunista do The Dallas Morning News). Apesar de Natália ser a moderadora, todos os presentes também estenderam perguntas à ela, pelo fato do trabalho pioneiro da Pública. Foi muito bacana perceber que a palavra do momento do jornalismo é empreendedorismo, ou seja o jornalista perceber onde há uma lacuna e fazer disso uma oportunidade de trabalho.
# E, para finalizar, também gostei muito das palestras das jornalistas Marta Gleich (diretora de internet e presença online do Grupo RBS) e Angela Pimenta (editora sênior da revista Exame em Brasília e representante do Brasil no Comitê Internacional da Online News Association - ONA), sobre a reinvenção da notícia. Marta apresentou o trabalho pioneiro e interligado do Grupo RBS, que consegue trabalhar de uma forma bastante unificada, TV, Rádio, Internet e Impresso. Mas, o mais bacana, é a forma como eles pensam a produção noticiosa, oferecendo treinamentos e cursos para que os repórteres e redatores, ao lado da equipe técnica, sempre possam oferecer ao pública novas formas de contar uma notícia, seja por texto, foto, vídeo, slide, animação, etc. Já Angela, como complemento, ofereceu uma riquíssima palestra sobre a importância dos veículos pensarem o conteúdo também para a crescente Classe C. Os slides que Angela apresentou foram tão ricos que arrisco dizer que eles dariam uma excelente reportagem investigativa. Fiz muitas anotações desses apontamentos!
Ano que vem tem mais Congresso da Abraji, que chegará a sua sétima edição, sob nova diretoria e comemorando dez anos de entidade. O que será que a organização vai aprontar? É esperar para ver...
Observação: No sábado (02/07), durante uma palestra no Congresso da Abraji, é que nos foi anunciada a morte do ex-presidente e senador Itamar Franco. Como o blog estava com a proposta de falar das minhas Férias em São Paulo e do 6º Congresso da Abraji, não tive tempo de postar sobre o ocorrido, apenas coloquei um vídeo informativo na home do blog [que entrou no mesmo dia]. Apesar das arestas políticas e reacionárias, o Café com Notícias lamenta o falecimento do político mineiro e se sensibiliza com a dor de amigos e familiares. Que descanse em paz!
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Jornalista
4 comentários
Infelizmente esse ano não pude ir no Congresso da Abraji. Mas, pelo seu relato, parece que o evento foi muito produtivo no campo das palestras. Acho que o que falta no jornalismo é o lado empreendedor, quando o profissional percebe isso, vai longe. Parabéns pelo blog.
ResponderExcluirInteressante a proposta desse Congresso da Abraji. Confesso que é a primeira vez que leio sobre e, pelo que descreves, parece ser algo enriquecedor.
ResponderExcluirAdmiro o trabalho do Rosental e fico contente de ver que a Abraji fez uma homenagem a ele. Infelizmente, não participei esse ano por motivos profissionais, mas ano que vem vou fazer o possível para ir. Deve ter sido maravilhoso a palestra do Heródoto e do Boechat...sou fã dos dois. Parabéns pelo capricho que cuida do Café com Notícias. Beijos
ResponderExcluirOi, compadre. Disse no Babel que a única coisa que lamento foi não ter podido ver a homenagem ao Rosental Calmon Alves, sou fã de carteirinha dele.
ResponderExcluirVocê fez muito em pontuar que jornalismo investigativo não tem só a ver com política e qualquer pauta pode ter o viés da investigação, da reportagem em profundidade.
No mais, estamos de acordo e eu realmente gostaria que o congresso fosse em outra capital brasileira no ano que vem, quero viajar!
Beijos e parabéns!