Ponto de Vista – Insensato Coração: Novelão valoriza outros grupos da sociedade

janeiro 29, 2011


Um drama familiar, um coração destruído e uma paixão avassaladora. Esses são alguns dos ingredientes de “Insensato Coração”, nova novela das nove da Rede Globo, que trouxe de volta telespectadores que estava cansados de assistir tramas lentas e com roteiro fraco, apesar do esforço do elenco de estrelas que passaram pelo horário. Mesmo com boa aceitação, “Insensato” ainda não cresceu em audiência, mas já conquistou a crítica e boa parte do público. Com um texto vivo, dinâmico e ágil, a novela, às vezes, se perde com alguns tropeções dos autores em exagerar no drama de algumas cenas ou nos gritos histéricos de alguns personagens.

No entanto, é no núcleo principal com os personagens de Paola Oliveira (Marina) e Eriberto Leão (Pedro) que a história de tão bem amarrada nos faz questionar se a Marina é mesmo uma heroína, quando ela deixa uma paixão avassaladora desfazer o casamento da amiga, culminando na morte da mesma, por um acidente. Ou ainda, o vilão de Gabriel Braga Nunes (Leo) que é capaz de qualquer coisa em nome do poder e da inveja de Pedro que nos provoca um debate interessante sobre ética dentro da própria família.

Mas, o que chama atenção da novela é o destaque que os autores Gilberto Braga e Ricardo Linhares deram às chamadas minorias. Negros e gays na novela são personagens que fogem do estereotipo social que estamos acostumados a ver na TV – são pessoas com trabalhos e que tem certo prestígio social, como é o caso dos personagens de Lázaro Ramos e Camila Pitanga que vivem uma engraçada comédia romântica – interpretando André e Carol, respectivamente. Ela uma alta executiva de marketing de um famoso grupo comercial, já ele um design premiado e de bastante sucesso no seu nicho, além de ser um mulherengo de carteirinha no maior estilo “José Mayer” de ser.

Já na ala gay - que ainda não foi mostrada toda na novela, há seis personagens homossexuais que serão mostrados ao longo dos capítulos, de acordo com informações do próprio site de “Insensato”. Estes personagens também seguem essa mesma cartilha: o fato de serem "minoria" é apenas um traço a mais da personalidade, e não só uma bandeira ou um merchandising social. Claro, sempre haverá um debate ou outro sobre o tema, mas eles estão lá para mostrar que não são tão "minoria" como imaginamos. O destaque ainda para “ala colorida” está no personagem Roni, de Leonardo Miggiorin, que vive um prometer badalado e que se mete em muitas confusões tentanto ajudar a amiga Natalie Lamour (Deborah Secco), ex-participante de reality show a voltar a ser famosa como na época em que saiu do programa.

Mesmo de forma discreta e sempre bem humorada, "Insensato" mostra que é possível fazer uma novela com história e com personagens que podem gerar debates interessantes na sociedade. Nessas primeiras semanas no ar, o folhetim já mostrou a que veio e conseguiu resgatar muitos telespectadores que estavam afastados desse horário. Acertando uma ou outra coisa, acredito que o folhetim tem tudo para ser um grande sucesso. Vale a pena conferir!


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*Observação: Este artigo faz parte da minha participação na seção Ponto de Vista, do site do Cena Aberta, onde três jornalistas publicam um artigo mostrando pontos diferenciados sobre o mesmo assunto. Todo sábado você vai encontrar artigo escritos por Endrigo Annyston, Emanuelle Najjar e Wander Veroni.





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Wander Veroni
Jornalista

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