Ponto de Vista – TV Pública não é do público

agosto 27, 2010




A ideia no papel é bastante interessante. E se funcionasse do jeito que está escrito nos decretos, portarias e afins seria uma maravilha. Mas, infelizmente, a TV Pública no Brasil ainda não é do público ou para o público, de um modo geral. Claro, não dá para generalizar. Há iniciativas em alguns Estados e cidades que deram certo e se tornaram referência na gestão e na produção de conteúdo de qualidade.

Em todo caso, o outro lado da moeda, é mais gritante: as emissoras de radiodifusão públicas ficam à mercê da orientação política da atual administração, pois o Estado é, geralmente, o principal financiador das produções. Isso é ruim? Não. Ver o Estado produzindo programas e material jornalístico informativo de qualidade para toda a sociedade é um bem que não tem preço.

Mas, o que pesa é a falta de visão de alguns administradores públicos que ainda não entenderam a função social da comunicação e do jornalismo. Encaram a TV Pública como gasto, e não como investimento. Em São Paulo, o exemplo mais gritante é o da TV Cultura: uma emissora que ganhou vários prêmios e que, por causa da falta de visão de alguns, adotou a postura de ter programas cancelados, terceirizar produções, demissões em massa, dívidas gigantescas e jornalistas sendo dispensados por falarem a verdade e não maquiarem os fatos.

Agora, mais do que nunca, que estamos em época de eleição, é fundamental resgatar esse passado não tão distante de alguns candidatos e observarmos as ações deles durante os últimos anos. Sem querer fazer qualquer apologia partidária ou política, é importante lembrarmos da iniciativa da TV Brasil que – apesar das críticas ao projeto, tem a missão de unificar e, finalmente, criar uma TV Pública nacional que valorize as produções regionais e a pluralidade do nosso país. Vai dar certo? Só o tempo dirá.

O ideal seria que as emissoras públicas de radiodifusão tivessem uma parte da tonelada de impostos que pagamos – seja uma verba estadual e/ou municipal, destinada para a manutenção e constante investimento que são necessários fazer. Ou ainda, que fosse possível qualquer pessoa física realizar doações para a manutenção dessas emissoras. Assim, o brasileiro pagaria o custo da TV Pública e ela ficaria independente de grupos políticos, partidos ou administradores públicos. Utópico? Talvez. Mas, de todo modo, seria uma alternativa interessante para que a TV pública fosse do público.



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*Observação: Este artigo faz parte da minha participação na seção Ponto de Vista, do site do Cena Aberta, onde três jornalistas publicam um artigo mostrando pontos diferenciados sobre o mesmo assunto. Todo sábado você vai encontrar
artigo escritos por Endrigo Annyston, Emanuelle Najjar e Wander Veroni.





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Wander Veroni
Jornalista

MAIS CAFÉ, POR FAVOR!

3 comentários

  1. Tem toda razão, Wander!
    O exemplo da TV Cultura foi perfeito. Uma programação de qualidade que com certeza deixava pais tranquilos por ver o filho sintonizar o canal. Agora, espero que não, pode virar pó. Uma pena.

    É tao raro algo útil e decente vindo do poder público e quando existe, querem deletá-lo para cortar custos. Custos? Cargos de confiança e centenas de atos secretos para empregar amigos, troca de favores etc, é visto como investimento.

    Valores distorcidos que precisam mudar o quanto antes.

    Abração

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  2. Queremos parabenizar a você pelo blog e convidá-lo a visitar o nosso Cordelirando e ler um cordel sobre a Lei Ficha Limpa.
    Neste cordel, Salete Maria nos informa, de maneira clara, porém simples, a respeito deste assunto tão importante, principalmente nos dias de hoje!
    Abraço fraterno,
    Equipe Cordelirando

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  3. Infelizmente TV Pública no Brasil é sinônimo de cabide de empregos e coronelismo tecnológico. Qualidade mesmo que é bom, nada. A TV Brasil, criada recentemente, tem passado até material de propaganda chavista à noite.

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