Ponto de Vista – O jovem precisa se ver mais na TV

julho 28, 2010



Divertir, propor debate, informar e desenvolver uma linguagem que fale diretamente para o público jovem. Se pararmos para pensar, hoje em dia, são raros – para não dizer poucos, os programas voltados para o público adolescente na TV aberta. Aos poucos, essas atrações estão desaparecendo ou migrando de vez para a TV Paga. Nem a MTV, que já foi referência neste assunto, conseguiu segurar a onda e tem desandado feio nos últimos tempos. Nesta primeira década do século XXI, a TV aberta ousou poucas vezes investir em formatos voltados exclusivamente para o público jovem, de uma maneira mais transparente, direta e sem canastrice.

Até porque, inclusive o público tem dificuldade de se ver nessas atrações e criar uma identificação. Antigamente, culpavam o horário. Hoje, falo sem pestenejar que é a falta de conteúdo que afasta o telespectador. O que adianta alta tecnologia e a interação com as redes sociais se não há conteúdo? Se horário significasse alguma coisa, o Altas Horas não seria a referência que é. Sem falsa modéstia, o melhor programa de auditório voltado para o público jovem.

Da outra ponta da discussão – não que seja um modelo a ser seguido, mas a novela Malhação é um dos poucos programas que, ao longo dos anos, se manteve firme e fortes na grade da televisão falando para o jovem na faixa vespertina. Errou, sim. Inclusive a temporada atual é um fiasco, infelizmente. Mas, querendo ou não, teve algumas temporadas vitoriosas e que, de alguma forma, contribuíram para importantes discussões sobre os temas que repercutem nessa fase tão cheia de dúvidas da nossa vida.

Há algumas semanas atrás, a Band estreou o programa PopCorn. Houve quem disse, antes da estreia, que a atração seria uma espécie de Programa Livre. Ledo engano. É mais um tapa buraco sem conteúdo da grade vespertina. Por causa desse auê, confesso que fiquei esperançoso sobre uma possível volta dos programas de auditório vespertino, voltado para o público jovem. Serginho Groisman e Luciano Huck, hoje na Rede Globo, fizeram história no final da década de 1990, com programas que eram voltados para o público teen.

Quem não se lembra do “Fala, garatooo!” ao som de bate-papos livres e descontraídos entre convidado e platéia do Serginho Groisman, hein? Ou ainda, as musas Tiazinha e Feiticeira que invadiram a fantasia sexual dos marmanjos de plantão? Sim, esses programas fazem falta. Prova disso é que o telespectador está cada vez mais saudosista. Mesmo cada um tendo formato e proposta completamente diferente, Huck e Groisman lideraram um movimento de programas de auditório para adolescente por quase uma década. Hoje, a TV aberta ficou pobre. Parou de produzir entretenimento e conteúdo autoral. Todos têm medo de errar. Querem o êxito imediato. Ninguém quer inovar. A maioria dos formatos atuais são comprados de produtoras e adaptados.

Tá, você pode dizer que o CQC e Pânico na TV são programas jovens também. Mas, nem tanto. A responsabilidade deles ainda está mais para o humor e para o escracho. Ah, ainda tem as séries americanas que utilizaram ao máximo as desventuras que todos os jovens passam no ensino médio até a entrada para universidade. Sim, nem tudo está perdido. No próximo semestre, até a Rede Record vai investir novamente neste filão ao apresentar o remake da telenovela “Rebeldes”.

O que me pergunto é se realmente o jovem de hoje se sente bem representado na TV. E os ídolos atuais possuem algum quê de originalidade? Não que espere algo revolucionário aconteça. Não é isso. Claro, gosto cada um tem o seu. Isso não está em discussão. O que debato é a qualidade daquilo que é ofertado como conteúdo ou entretenimento. O jovem precisa se ver mais na TV e procurar atrações que realmente falem do universo que ele vive, sem aquele tom professoral ou de arrogância. Chega de imbecilidade!






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Wander Veroni
Jornalista

MAIS CAFÉ, POR FAVOR!

3 comentários

  1. Olá Wander!

    Hoje de fato é dificil encontar um programa jovem de qualidade na televisão. Deve ser porque, no fundo, nao estao interessados em oferecer entretenimento de conteudo para essa faixa, mas sim, oferecer padroes de comportamento e consumo para que esses jovens o sigam (vide Malhação, Rebelde, etc), ou um humor escrachado e muitas vezes irresponsável, como vários programas a la Pânico que vemos por ai.

    Um dia que puder, pesquise sobre o programa "Ao Ponto" exibido na TV Cultura de São Paulo com o psicólogo Jairo Bauer. Acredito que você vai achar muito interessante a forma como eles tratam sobre assuntos do cotidiano do jovem.

    Parabéns pelo post!

    Abçs!!

    http://blogpontotres.blogspot.com/
    Antes e Depois - Atriz de Punky, a Levada da Breca

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  2. Chega de imbecilidade na TV! [2]

    Ps.: O seu blog é ótimo, acompanhá-lo-ei =D

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  3. O grande erro da TV aberto foi focar seus programas baseando-se unicamente na audiência das classes mais pobres que habitam a cidade de São Paulo. Desde que deixaram de medir a audiência nacionalmente e se acomodaram apenas em São Paulo no "povão", a TV aberta simplesmente implodiu.

    Hoje, mesmo mudando de canal, você parece estar assistindo o mesmo programa (o mesmo lixo).

    Dá pena.

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