Revista Veja repercute CALA BOCA GALVÃO

junho 22, 2010




O Twitter é uma das redes sociais que mais tem se destacado nos noticiários nos últimos meses. Pelo microblog, internautas se mobilizam em discussões, divulgam informações e fomentam debates. Agora todos podem falar. Não há censura, mas existem limites que vão do semancol à ética. Todos querem ser lidos, comentados, retuítados e cativar um bom número de seguidores.

Não que a ordem dos fatores altere o produto, e nem é esse o debate. O que quero falar é que os internautas juntos – por representar uma parcela da sociedade, já começam a contribuir de forma efetiva para a agenda de assuntos do dia pautados pela mídia, de uma forma mais incisiva que muitos meios de comunicação tradicional, pra falar a verdade.

Um exemplo disso aconteceu nesta semana. A Revista Veja trouxe o Twitter e o locutor global Galvão Bueno na capa. Uma capa ousada, pra falar a verdade. Ousada porque a mesma mídia tradicional custou a aceitar as redes sociais como formadoras de opinião e de distribuição de informação. Claro, existiam outros assuntos que também renderiam uma capa. Mas, porque dar uma capa para uma hashtag? Simplesmente, porque os twiteiros do Brasil já marcam presença mundial na rede. Colocamos um assunto na agenda de pautas mundiais.

E a Veja bancou isso: levou a iniciativa a sério e transformou em matéria de capa. Chamou a atenção dos jovens, internautas, formadores de opinião, blogueiros, twiteiros e comunicadores que instituíram o “CALA BOCA GALVÃO” como a maior piada interna do planeta, com direito a pegadinha para os gringos que queriam entender o que se passava nas terras brasileiras.

Fomos nacionalistas e brincalhões. O assunto rendeu. Virou notícias em vários noticiários internacionais. E o Galvão Bueno, alvo de toda essa manifestação, se pronunciou com desdém. Não deu a mínima: brincou com o fato. Levou na esportiva. O ditado diz que toda brincadeira tem seu fundo de verdade. Será?


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Voltando a falar da Revista Veja: a matéria não estava boa. Poderia ser melhor. Quem já leu a revista, teve a impressão que o lead da reportagem começou na “Carta ao Leitor”. E, logo no início da matéria de capa, um lead confuso que tenta associar a fofoca com a história romana.

Não, o “CALA BOCA GALVÃO” não foi uma fofoca, nem um disse-me-disse de internautas. Foi uma manifestação de telespectadores insatisfeitos com o locutor da principal emissora do país. Ué, mas não houve brincadeira? Sim, claro. Associaram a frase a proteção ambiental de uma ave rara e ao uma nova música da Lady Gaga. Isso sim foi uma piada, não uma fofoca.

A Veja perdeu uma grande oportunidade de mostrar na matéria fontes nacionais, como analistas de mídias sociais, ambientalistas (sobre o lance da ave rara e se isso prejudicaria ou ajudaria o trabalho deles em redes sociais, por exemplo) blogueiros, internautas e twiteiros que estavam engajados e permaneceram o “CALA BOCA GALVÃO” no Trendig Topics por vários dias.

Ou até mesmo a Lady Gaga que teve o seu nome associado a isso em menor escala. Até agora, pelo menos, não vi em nenhum lugar a cantora falando sobre o fato. E o principal: tentar falar com o Galvão sobre o assunto ou extrair uma nota oficial da Globo sobre o caso, no mínimo. Caso não conseguissem, que pelo menos mostrassem isso no texto. A Veja foi ousada e criativa. Ponto para a revista. Mas, editorialmente falando, a reportagem está fraca. Não trouxe novidade, nem debate. Faltou provocação, personagens e especialistas, que são uma das premissas do jornalismo opinativo oriundo das revistas semanais. Uma boa pauta que não foi tão bem aproveitada, o que é uma pena.





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Wander Veroni
Jornalista

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8 comentários

  1. Quando eu li a materia tambem pensei se não era um gancho para falar de ecologia, de proteção ambiental, da ave em questão. Seria tão bom que fosse twittado milhoes de vezes um pedido para salvar de fato algum animal em extinção, concorda?! Quanto ao GB, meio chatonildo mesmo.

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  2. Demonstração do poder 'internético' no Brasil.
    Pena que seja apenas neste âmbito.Se todos colocassem para causas mais nobres seria de grande valor.
    Achei a matéria da veja um pouco vaga.
    Bjs!

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  3. O poder das redes sociais está crescendo muito no mundo e a falta de conhecimento e o forte desejo de estar presente, participar de algo para ter seu nome linkado é muito grande o que faz com que campanhas como a do Cala boca Galvão seja anunciado no mundo inteiro sem que nenhum americano tivesse a curiosidade de procurar no google a tradução de "cala boca".

    No meu entendimento a Veja "correu" para publicar a matéria rapidamente e não perder o gancho de dar uma alfinetada em Gaçvão Bueno e na rede Globo.

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  4. Só me assusta um pouco a relevância de certas campanhas feitas atualmente nas redes sociais. O "Cala a boca Galvão" traria quais benefícios à sociedade brasileira? A Globo irá tirá-lo do ar? A Band ou ESPN oferecem melhores opções? Acho tudo isso uma besteira criada por adolescentes e pseudo-adultos que viram na rede uma oportunidade de enfrentar tudo e todos e de preferência sem serem descobertos.
    Até mais...

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  5. Não acho que seja uma manifestação de telespectadores insatisfeitos.

    Eu vejo como um monte de abobado - a maioria - que achou engraçado participar e fazer número junto aos que de verdade estavam insatisfeitos.

    No meio disso tudo deve ter gente que nem sabe quem é o Galvão.

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  6. eu acho ruim ver que o poder das redes sociais estão sendo usados para o mal.o Nordeste precisando de ajuda(sem falar de outros assuntos ) e o pessoal querendo enganar estrageiro,criar um dia sem globo e etc....

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  7. Será que eu fui o único que não twittou #CalaBocaGalvão????

    Acho que sim. Então lá vai: #CalaBocaGalvão! Pelo amor de Deus! hehehe

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  8. Eu fiquei sabendo dessa noticia semana pois, assim como tudo hoje em dia, é impossível ficar imune ao bombardeio de informações principalmente aquele feito pelas mídias modernas. E esse evento em si é mais um exemplo de como tudo o que ocorre nas redes sociais ganham dimensões cada vez maiores que, é claro, ultrapassam as barreiras do virtual e ganham notoriedade, mesmo que passageira, em outras mídia como foi o caso da matéria de capa totalmente oportunista da Revista Veja. Isso vende.

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