Assessoria de imprensa também produz conteúdo informativo - Parte Final

novembro 05, 2008



Ser assessor de imprensa exige dedicação, criatividade e pesquisa. É uma área de atuação que tem por função primordial a divulgação para a sociedade, imprensa e público-alvo sobre as ações do assessorado, seja ele personalidade (político, músico, ator, etc.) ou empresa. Hoje, o Café com Notícias encerra a série de reportagem com um tema difícil: como administrar uma crise de imagem utilizando os produtos de comunicação institucional? Se você não conferiu as outras partes, clique aqui.


Muitas empresas ou personalidades, só pensam na importância da comunicação no meio de uma crise de imagem institucional, seja para salvar uma imagem arranhada ou para ganhar visibilidade positiva. Alguns profissionais dão crédito ao trabalho do relações públicas (RP) para apontar o que pode e deve ser mudado no assessorado, no quesito de imagem pública. 

Entretanto, independente da formação do comunicólogo contratado, seja ele jornalista, publicitário ou RP, é necessário algumas posturas importantes: o assessorado deve assumir o seu erro, se esforçando para mudar e, posteriormente, utilizar os produtos de comunicação (ver parte 4, clique aqui) para fortalecer o espaço midiático sobre a sua versão dos fatos.

A produção de conteúdo informativo institucional traz veracidade ao relato oficial, pois muitas vezes o assessorado não consegue obter o espaço nos grandes meios de comunicação para poder dar a sua versão dos fatos. De forma simples, até como leigo, basta observar a postura das grandes empresas que cometem erros graves, por exemplo: Mineradoras que praticam extração mineral em uma área de proteção ambiental, próximo a um parque ecológico. 

Paralelamente, estas organizações investem em programas de educação ambiental como forma de valorizar ações positivas na mídia e inibir publicações negativas como essa. Além de investir pesado em publicidade nos meios de comunicação de grande audiência, como uma forma de pressão para que essas mídias omitam alguns fatos. Por mais que isso pareça errado, para quem está de fora do mundo da comunicação empresarial, os elogios no trabalho de assessoria de imprensa, tem que ser enaltecidos na produção informativa de forma sútil e convincente e, principalmente, que acrescente conteúdo e/ou entretenimento para o público-alvo e imprensa. Não adianta mentir, mas omitir acaba sendo uma constante demanda.

Outro exemplo que podemos citar são artistas que tem um escândalo particular à tona. Hoje em dia, fica muito difícil negar para a imprensa e evitar declarações, pois o próprio público alimenta a mídia com fotos e informações. Muitos artistas usam seus blogs pessoais para dar a sua versão dos fatos - já que muitas vezes, dar uma declaração para determinado veículo pode prejudicar ainda mais o assunto. 

Daí a personalidade, por estar com o nome em evidência, aceita participar de eventos beneficentes ou viajar por um tempo, para abafar o assunto. Mas nem por isso, quando indagado por jornalistas, o assessorado deixa de falar. Ele simplesmente muda de assunto e oferece outras pautas para que a entrevista saia. O tom que isso acontece depende do temperamento de cada assessorado - isso não tem como mudar. Tem personalidade que é grosseira com a imprensa - e isso, dependendo do caso, pode virar um marca do assessorado ou contribuir para acrescentar mais polêmica.

Outro tipo de imagem arranhada, muito mais comum nas redações, do que no mundo empresarial, são a tentativa de implacar uma pauta furada, todos os dias e, principalmente de assuntos vazios. Ou ainda, no caso de artistas, o assessor ligar para a redação para falar que fulano de tal vai está em tal lugar. Para artistas que estão começando, por exemplo, feita de forma exibicionista, sem nehum valor noticioso, queima o filme porque desgasta a imagem com pautas fúteis - o que prejudica na escolha dele como garoto propaganda de uma determinada marca, por exemplo. No caso de empresas, é ainda pior, porque a não ser que aconteça um assunto que exija uma cobertura maior, com declarações realmente relevantes, dificilmente o assessorado aparecerá todos os dias nos meios de comunicação, salvo as devidas proporções e visibilidade de cada assessorado.

Reverter uma imagem ruim em uma favorável é algo que leva tempo e exige paciência, tanto do assessorado, quanto do assessor. Caso haja verba, outra sugestão muito usada é o investimento em publicidade institucional e informe publicitário nos veículos de comunicação - o que, dependendo do caso, pode ser interessante e obter um efeito positivo a médio prazo. O que é mais difícil para o assessorado é se convencer a assumir a crise e tentar resolver o problema de forma amistosa, baseado no acordo e na flexibilidade. Esse processo de convencimento, geralmente é o que exige mais lábia e persuasão.

O trabalho de clipping é outra função importante no momento de adminsitrar um crise pública. Ver ou ouvir o que foi publicado na grande imprensa sobre o assessorado ajuda a traçar um plano de comunicação necessário para reverter esta imagem. Dependendo de cada caso, salve as devidas proporções, a internet pode ser um espaço útil para esse tipo ação, por ser um meio onde ocorre muita troca de informações e que ajudará que o debate sobre a nova postura do assessorado chegue a imprensa. Blogs, redes sociais, newsletter, e-mails de corrente e videos são uma forma eficiente de espalhar informação para formadores de opinião, de forma voluntária. Além disso, uma vez recuperada a imagem, o manter se torna também uma tarefa árdua e que nunca pode ser esquecida.

Nos últimos posts, podemos ver a importância da produção de conteúdo informativo dentro de um assessoria de imprensa. O jornalista, só por não estar numa redação, não deve se esquecer da sua base, que é a produção noticiosa. Só que dentro de uma assessoria, a informação tem uma única fonte, que é o assessorado. 

O fato é que o tema assessoria de imprensa dá muito debate: cada assessor tem um estilo e o ritmo da assessoria - o que depende, principalmente, das ações do assessorado. Espero que a série tenha sido útil e ajudado a esclarecer alguns tabus sobre a atividade. Reafirmo o compromisso de não ser o dono da verdade e que muitas das ações comentadas nos posts anteriores são referidos a minha experiência pessoal enquanto assessor de imprensa (de personalidade e de empresa). Então, a partir disso, se você leitor quiser dividir conosco a sua visão sobre assessoria de imprensa, principalmente na parte de produção de conteúdo informativo, fique à vontade.



*Ilustração: Daniel Paiva.





Gostou do Café com Notícias? Então, siga-me no Twitter, curta a Fan Page no Facebook, circule o blog no Google Plusassine a newsletter e participe da comunidade no Orkut.




Jornalista

MAIS CAFÉ, POR FAVOR!

10 comentários

  1. capaz que sou o primeiro a comentar, mas mesmo assim, sempre nos mantendo informados, votar no blog nos concursos foi soh o nosso jeito de agradecer !

    _______________________

    http://tecnijogos.blogspot.com

    ResponderExcluir
  2. Que luxo essa série! Como eu sempre digo, aulas de jornalismo online, não tem jeito! Que pena que acabou, mas sei que vc logo vai engatar outra. hehehe
    Amigão, esses posts realmente devem ficar armazenados como referência para os estudantes de jornalismo e para os profissionais, é tudo tão didático, tão bem explicadinho, como uma fórmula, que não tem jeito de errar. Deve virar material de consulta sim.
    Reverter a situação de uma imagem arranhada é difícilimo e o trabalho da assessoria deve ser muito valorizado, sem dúvida.
    Beijos carinhosos pra vc!

    ResponderExcluir
  3. É uma pena que chegou ao fim ... parabéns pela série de posts e reportagens sobre a importancia da assessoria de imprensa.

    Existem certos assessores aqui em sampa que ficam o tempo todo correndo para arrumar as besteiras feitas pelos clientes...uma frase que foi colocada de maneira errada e pronto, semanas e semanas de críticas nas revistas de fófocas.

    ResponderExcluir
  4. No fim, entendo que a sinceridade a criatividade, a sorte, e, principalmente o amor, faz da assessoria de imprensa, uma ferramenta magica. Uma má fé, pode dinamizar a falta de qualidade...


    Vlw pelas dicas, aguardo outra série!

    abrass

    http://visaocontraria.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  5. Wander, adorei a série. Aprendi muito sobre a profissão. Bjs

    ResponderExcluir
  6. Sou assessor de imprensa há alguns anos e, por incrível que pareça, a sua série me ajudou muito. Indiquei o link do seu blog para alguns amigos meus jornalistas, pois isso é uma aula online como a Letícia lembrou acima. Parabéns pelo blog e ficamos aguardando a próxima série. Também gostaria de parabenizar a sua participação nestes concursos, tanto o The Bobs quando o Peixe Grande. É um blog muito diferente de tudo que existe na internet: o Café com Notícias é único e tem estilo. Só por isso já merece um prêmio à parte. Abraço.

    ResponderExcluir
  7. Administração de imagem em tempos de crise é um nicho de mercado promissor. As organizações ainda têm muito o que aprender, pois deixam a desejar quando se vêm diante de situações-problemas... Além do que os profissionais de comunicação devem aprender a trabalhar hoje numa perspectiva preventiva e não puramente como apagador de incêndios. Sobre a série, muito boa a iniciativa. Pena que não rendeu, muitas vezes, a discussão e reflexões necessárias.
    Boa sorte, Wander, em sua jornada!

    ResponderExcluir
  8. Deve ser dificíl ser acessor de imagem de BBB. É complicado aramar uma pauta, interessante, sem que mostre o lado fútil do acessorado.
    O dono de uma empresa que eu trabalhava, era acessor político do Toninho Paiva e do Paulo Maluf e de um outro deputado que não me recordo no momento.
    Ele sempre contava da dificuldade em ser acessor. Ele foi acessor político durante 23 anos e,a única eleíção que perdeu foi com em 2004.

    Muito bom o post!!!

    Abraços!!!

    http://hdebarbamalfeita.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  9. Muito bacana sua atitude de dedicar um espaço no seu blog para esse tipo de serviço! Valeu mesmo!

    ResponderExcluir
  10. Atuar na área de comunicação social, de maneira geral, requer muito talento e criatividade. Não deve ser nada fácil conseguir agregar valor à coisa ou pessoa em questão, cuja imagem está "arranhada", como você mencionou...

    Além de tudo, esse profissional precisa esbanjar PACIÊNCIA, MUITA PACIÊNCIA, não é verdade?


    Bjos!

    ResponderExcluir