Café nas Eleições 2008 - Debate na TV antecede rivalidade no horário eleitoral

outubro 13, 2008



Confronto de idéias e a possibilidade de conferir melhor as propostas dos dois postulantes do executivo. Essa foi o objetivo do primeiro debate do 2º turno entre os candidatos à prefeitura de Belo Horizonte (BH), realizado pela TV Band Minas, exibido no domingo (12/10), às 21h. De um lado, Márcio Lacerda (PSB) - candidato da aliança entre Fernando Pimentel (PT), atual prefeito de BH, e do governador mineiro Aécio Neves (PSDB); do outro, Leonardo Quintão (PMDB), que possui vasta experiência parlamentar e foi o grande azarão na corrida pelo executivo da capital dos mineiros. O Café com Notícias fez uma análise do confronto desse primeiro debate e traz para você os bastidores e curiosidades dessa embate inicial. Deixo bem claro que, todos os envolvidos nesse post, caso se sintam no direito, terão espaço aberto para expor a sua opinião e visão sobre o relato apresentado. A idéia aqui é ajudar o eleitor no debate político e incentivar a discussão sobre as questões que emergem na política e comunicação.



Os candidatos


Leonardo Quintão (PMDB) se mostrou mais seguro neste debate, mais ainda precisa demostrar mais firmeza em algumas das suas propostas. Só de se mostrar aberto ao diálogo com as entidades de classe ou com a população, já é um caminho útil, mas o belohorizontino quer ver mais propostas, até para se convencer do discurso emocional que ele fez no primeiro turno. Já Márcio Lacerda (PSB) ainda fica nervoso ao falar em público, possui tique-nervoso nos olhos quando se vê numa questão mais emblemática. Sôou engessado (e forçado) o sorriso dele e um gesto de mãos unidas que ele fazia insistentemente - não teve naturalidade e precisa se dedicar mais ao mídia training.


Experiência


Se no primeiro debate do 1º turno Márcio Lacerda (PSB) era o alvo das críticas, nesta rodada inicial, ele resolveu partir para o ataque e "caçar briga" com Leonardo Quintão (PMDB). Não deu certo. Se pararmos para pensar, mesmo não querendo desmerecer toda trajetória como empresário de Lacerda, se tem alguém na disputa pela prefeitura de BH que tem experiência política, é Quintão - que já foi vereador, deputado estadual e atualmente deputado federal. O trabalho do legislativo é muito importante para se entender o processo de funcionamento do executivo e das pautas que realmente interessam para a cidade. Como argumentar que se tem mais experiência se nunca ocupou nenhum cargo público por meio de eleição direta? Ser gestor público, como Lacerda se apresenta à imprensa, é ocupar um cargo indicado pelo executivo, não eleito pelo povo. A assessoria dele deveria repensar nesse argumento, porque infelizmente, para a maioria do eleitorado não colou - e prejudica a imagem dele perante os formadores de opinião.


2 x 0


Por vários momentos do debate, quando Márcio Laceda (PSB) tentava atacar o adversário, Leonardo Quintão (PMDB) conseguir dar "tiradas" com classe e desenvoltura. "Seu Márcio, o senhor tem idade para ser o meu pai e eu não vou desrespeitá-lo", disse. Lacerda, com ar de vítima, insistiu que a difamação que sofreu na internet e em cartazes anônimos pela cidade prejudicaram a família dele e o seu número de votos nas urnas. Quintão está certíssimo: como se solidarizar mais a esse "crime", sendo que ambos são adversários? Deu a entender que Lacerda quis associar a imagem desse ato desonesto à Quintão. Isso pegou mal e deixou o candidato "da aliança" raivoso e perdido.


Comunicação e política

Essa eleição em BH chama atenção pela diferença até de personalidade entre os candidatos. Márcio Lacerda (PSB) é mais tímido, tem dificuldade de falar em público e se mostra um homem de bastidor político. Ele não participou de nenhum debate estudantil ou universitário e mostra muita dificuldade de conversar com eleitor. Inclusive, a assessoria de comunicação procura filtrar o máximo com qual veículo Lacerda vai falar - é preciso mais naturalidade. Já Leonardo Quintão (PMDB) é carismático, acessível e as pessoas nas ruas o tratam como um artista, conversando e tirando fotos. Mesmo que Quintão não ganhe, o PMDB pode começar a pensar nele como uma figura política carismática e bem quista. Por incrível que pareça, a assessoria dele segue o mesmo estilo do assessorado: é aberta à convites e procura manter um bom contato com a imprensa e eleitorado.


Identidade


Caso eleito, Leonardo Quintão (PMDB) terá uma missão enorme: mudar a imgem do PMDB em Minas - que tem um histórico de governantes no executivo não muito favorável, além de provar para os mais afoitos que possui personalidade política. Isso inclui não fazer os mesmos equívocos que o pai, quando assumiu a prefeitura de Ipatinga (MG), muito menos colocar algumas figuras do partido que estão "queimadas" politicamente no Estado e que querem "mamar nas tetas" da prefeitura. Isso vai ser difícil, claro. Mas como Quintão mesmo diz: "dá pra fazer, gente!". Basta ter vontade política. Será que ele vai conseguir?


Duas Caras?


Especialistas, universitário, formadores de opinião e alguns colegas da imprensa temem sobre a real personalidade de Márcio Lacerda (PSB) e Leonardo Quintão (PMDB). Uns temem que Quintão seja um personagem, um ator, que incorporou essa imagem para conquistar o eleitorado. Outros, já acham que Lacerda é decorado de mais e nada natural. Segundo essas pessoas, há um temor de que ele não esteja à vontade como candidato a prefeitura e, que se pudesse, não teria entrado nessa disputa política, por ser mais reservado. O fato é que o belohorizontino precisa ficar atento aos detalhes e, se possível, tentar ver de perto os candidatos e conversar com eles. Quem sabe as impressões a cerca de cada um mude, hein? Afinal, a primeira impressão nem sempre é a que fica. O contato direto pode ser decisivo.


Raivoso


Márcio Lacerda (PSB) insitiu no papel de vítima e quis, a qualquer custo, associar a difamação que sofreu à Leonardo Quintão (PMDB). Na rodada final, quando Quintão fez as suas considerações finais, pediu para que Lacerda parasse de tocar neste assunto, pois a maior parte do eleitorado não viu isso pela cidade, e muito menos deu credibilidade a esses cartazes mentirosos, no qual ele foi associado ao esquema do mensalão. "Isso já passou, Seu Márcio. Agora o tom do segundo turno é outro. Fale das suas propostas, que eu falarei das minhas. Daí o eleitor vai escolher o melhor", alfinetou. Por ser citado, Márcio insistiu numa réplica, pois se sentiu ofendido. Foi nessa parte que Paulo Leite, mediador do debate, se irritou. "Se cada um que citar o outro pedir direito de resposta, vamos ficar aqui até de madrugada!". Após isso, cada um fez as suas considerações finais e os seus respectivos direitos cumpridos.


Errar faz parte


Na rodada final, o mediador e apresentador do debate, o jornalista Paulo Leite deu uma confundida quanto a ordem das respostas entre os Leonardo Quintão (PMDB) e Márcio Lacerda (PSB) - o que deixou tanto os candidatos embaraçados, quanto a produção do debate. Deu para perceber o apresentador um tanto exaltado, tentando desfazer o erro e a produção falando no ouvido pelo ponto eletrônico. O bom do ao vivo é ver essas coisas e perceber que os jornalistas e profissionais da TV estão sujeitos a todos os intempéries. Isso foi uma questão de minutos. Rapidamente, Paulo Leite conseguiu reverter a confusão. Errar faz parte, inclusive no jornalismo.


Horário Eleitoral


O mesmo tempo para convencer o eleitor da capital dos mineiros sobre quem comandará o executivo da cidade. Hoje (13/10), começou o horário eleitoral como 18 minutos para os candidatos de BH (Márcio Lacerda, do PSB; e Leonardo Quintão, do PMDB) e 2 minutos para o de Contagem (Marília Campos, do PT; e Ademir Lucas, do PSDB). Márcio Lacerda (PSB) usou recursos usados por Quintão no 1º turno: usou a câmera no primeiro plano, para dar mais intimidade ao eleitor, chamou a esposa para falar (que mostrou muito mais jogo de cintura no vídeo e mais naturalidade), exibiu clips de jingles novos para esse atual momento de campanha - que virou uma marca desta eleição: uma campanha repleta de jingles; e insistiu no papel de vítima de difamação do escândalo do mensalão.


Outro ponto chave, que cutuca de forma agressiva o adversário, foi uma entidade estudantil, declarar apoio à Lacerda e um dos membros desse grupo chamar Quintão de "ator". Lacerda não participu de nenhum debate com estudantes e chegou a afirmar que iria, depois de eleito, à todas as escolas que foi convidado para conversar e falar das suas propostas. Alguérm avisa à Lacerda e assessoria dele que o momento chave desse período é o debate. Agora, uma pergunta: como estes estudantes chegaram na decisão de que Lacerda é o melhor candidato, sendo que o candidato recusou debater as suas idéias com outros estudantes?


Já Leonardo Quintão (PMDB) trouxe poeminhas novos - que são muito bem escritos e declamados por sinal, além de também trazer a esposa para falar e agradecer a reação do belohorizontino que pediu um segundo turno nas urnas, contrariando algumas pesquisas. Com o sotaque mineiro bem carregado, Quintão se apresenta como uma pessoa humilde e descontraída. No final, de uma forma natural e espontânea, ele pediu para que a esposa Poliana, fizesse o sinal de joinha, com o polegar positvo, que virou uma marca da sua campanha. Ficou tão natural que cativa o eleitor e faz com que a imagem carismática de Leonardo se propague.



Essa semana eu volto com mais Café com Notícias.



Jornalista

*Fotos usadas de forma ilustrativa, oriundas do Portal Uai e O Tempo.

MAIS CAFÉ, POR FAVOR!

1 comentários

  1. Bela análise Wander.
    O Bixo ta pegando em bh heim?
    2 candidatos de personalidades bem diferentes.
    Que o melhor vença.

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