Café nas Eleições 2008 - Análise da campanha eleitoral dos candidatos a prefeito de BH

outubro 04, 2008

O horário eleitoral deveria ser um espaço para debate de idéias. Um local onde os candidatos pudessem se apresentar de forma transparente, confrontassem uns aos outros com as as suas propostas e que também o público pudesse participar na platéia com perguntas direta aos candidatos. Usar este espaço para o debate ficaria mais barato e não iria ter tempo para maquiagem ou palhaçadas. Isso seria o ideal, inclusive para os vereadores. Infelizmente, o horário obrigatório se transformou num espaço onde as agências de comunicação e produtoras de audiovisual criam verdadeiros espetáculos cinematográficos, fazem boa produção e apresentam um personagem político capaz de envolver os eleitores. Este espaço ainda não é o ideal, mas seria muito pior se não o tivéssemos. O Café com Notícias faz uma análise da campanha eleitoral dos candidatos à prefeitura de Belo Horizonte e mostra para você o quanto a comunicação é importante na hora de se pensar uma estratégia política, acompanhe:



Observação: a ordem dos candidatos seguiu a da última pesquisa divulgada nos meios de comunicação em BH.





CAMPANHA - MÁRCIO LACERDA (PSB)



Usou e abusou de jingles e de transformar o seu espaço no horário eleitoral um documentário de tudo de bom que Lacerda fez como gestor público e empresário. Campanha muito bem feita e estruturada onde o brilho coube aos padrinhos Aécio Neves (PSDB) e Fernando Pimentel (PT). Governador e prefeito enalteceram tanto o candidato com obras e ações trazidas com a inicitiva de Márcio Lacerda, que simplifica toda a capacidade de união em torno de uma aliança. Ainda bem que as pessoas pesquisam antes de acreditar em tudo que se vê no horário eleitoral...rs.



CAMPANHA - LEONARDO QUINTÃO (PMDB)


Emoção. Não tem outra palavra para defirnir o rumo da campanha de Quintão. Ele falou da sua trajetória pública como político e a formação profissional, falou do amor da mulher e dos filhos e, com a câmera em primeiro plano, olho no olho do eleitor, mostrava os seus sentimentos em torno da vontade de querer assumir o executivo mineiro. Ao som de uma música melódica de piano, o jingle emotivo, sem letra, só na melodia, no qual uma atriz recitava poemas falando sobre a importância do voto. A proposta dele virou um bordão: gente cuidando de gente. A emoção ajudou ele a estar na vice-liderança nas pesquisas. Parabéns à agência pela estratégia. Mas o candidato ainda precisa melhorar as suas propostas e partir para o ataque direto.





CAMPANHA - JÔ MORAES (PC do B)


A campanha de Jô já começou errada lá no início quando o partido dela a lançou como candidata a prefeitura e não se preocupou em fazer uma coligação maior que garantisse um tempo suficiente que a faria expor melhor as suas propostas. Além disso, a comunicação dela foi muito fraca e pouco atrativa. A equipe ainda conseguiu a façanha de tirar dela a primeira colocação nas pesquisas e, por conta da má estratégica de comunicação política, em torno da divulgação de campanha, Jô foi para a terceira colocação nas intenções de voto. Na reta fina, parece que houve uma melhora, mas nada que reascendesse a chama. É uma pena, pois é a candidata mais preparada e a que apresenta mais propostas para a cidade. Destaque para o jingle "mulher guerreira" que foi feito pelo mesmo autor do jingle "Doutor BH", do saudoso Célio de Castro, na década de 1990.



CAMPANHA - SÉRGIO MIRANDA (PDT)


A campanha dele tinha um apelo com o público jovem muito interessante, além de ter uma preocupação clara em mostrar que BH não está um "mar de rosas" como a prefeitura faz questão de divulgar. A vinheta "Tudo certo, tudo certo. Fala, Sérgio!" e os quadros dentro do programa eleitoral foram interessantes, mas o candidato deveria ter se apresentado mais, antes de mostrar as propostas. Seria muito bom ver o partido dele coligado ao de Jô, sendo ele vice dela nessas eleições, pois são dois candidatos politizados que conseguiriam dar um gás interessante.



CAMPANHA - GUSTAVO VALADARES (DEM)


A campanha dele focou muito em propostas de cunho neo-liberal e objetivadas. Foi bem feita, mas não teve o apelo mais popular das outras candidaturas. Faltou por parte da equipe de comunicação a sensibilidade de mostrar um Gustavo como um homem normal, que tem vida social, sua formação profissional, o lado da família e as coisas que ele já fez fora da vida pública. Criar um personagem de identificação ajudaria nessa fase de apresentação necessária dentro do pensamento comunicacional de um horário eleitoral. O destaque foi o jingle "Belo Horizonte na palma da mão, Gustavo no coração". Todo mundo canta.




CAMPANHA - VANESSA PORTUGAL (PSTU)


Visualmente, ainda falta muito para ser uma boa campanha na parte comunicacional. Com uma estratégia voltada para denunciar alguns abusos da administração pública municipal, estadual e federal, Vanessa errou no ponto de querer polarizar de mais a rivalidade entre patrões e operários. Volto a dizer, que ela é mais politizada de todos os candidatos, mas falta ainda encontrar um meio termo, até porque algumas das mudanças que o partido dele propõe cabem ao legislativo resolver, e não ao executivo. É outro partido que poderia estar na aliança de Jô. Seria muito bom ver Vanessa na Câmara Municipal como vereadora, pois tenho certeza que a cidade teria uma legisladora que honraria o seu cargo. Creio que ela se daria muito bem atuando como deputada ou senadora. O único detalhe é encontrar o meio termo e poder fazer o barulho necessário no parlamento em prol do trabalhador.



CAMPANHA - JORGE PERIQUITO (PRTB)


Ele foi apresentado como uma liderança estudantil, mas não teve o acolhimento e popularidade entre os estudantes e universitários. Seria interessante vê-lo como legislador, atuando na Câmara e tendo seu partido aliado de Jô, por exemplo. Faltou dar mais visibilidade ao candidato que trouxe uma bandeira meio estranha de se construir um metrô suspenso por pilastras (?). Isso, além de deixar a cidade feia (opinião pessoal), é de domínio público que se trata de uma ação do governo federal o repasse de verba para as obras do metrô. Infelizmente, o município ainda não administra esse meio de transporte, Periquito.





CAMPANHA - ANDRÉ ALVES (PT do B)


Podemos dizer, com toda certeza, que esse foi o candidato fantasma. André não apareceu em nenhum debate ou evento público para promover a sua candidatura. A única imagem que chegamos ver dele foi da gravação do programa político, com ele andando em carreata ao lado do vice. E só. Ficou feio para o partido, e mais feio ainda para o André. Quem tiver a curiosidade de ler o currículo dele feito pelo Portal Uai (porque ele nem chegou a fazer um site, por incrível que pareça) fica decepcionado, pois vemos um jovem de atitude política e história de ativismo que praticamente não quis aparecer e nem falar com niguém da imprensa. Alguém avisa ao André que sem comunicação, diálogo com a população e os orgão da imprensa fica impossível de se eleger....alôôÔÔÔ!



CAMPANHA - PEDRO PAULO (PCO)


São radicais de mais e estremista ao ponto de achar que o socialismo da década de 1970 e 1980 ainda pode ajudar na política atual. O partido panfleta atitudes estraguladoras do governo e do capitalismo tudo bem: na democraia precisamos do contra-ponto. Mas é impossível mudar o município com reformas tão estruturais que atingem direto a Constituição. Se realmente o compromisso do partido fosse político, ele investiriam mais na candidatura de cargos legislativos, como vereadores, deputados e senadores, para assim propor as reformas legislativas que eles tanto pregam. A campanha na TV é fraca visualmente e mostra claramente que o partido ainda não acordou que é possível fazer uma comunicação eficiente com baixo orçamento e um bom projeto político.


Voto Consciente


Dia 05 de outubro: nós brasileiros escolheremos o futuro da nossa cidade. Pesquise, converte, argumente e reinvidique. Não deixe que outros pessoas escolham por você o seu voto, muito menos um brinde ou uma oferta em dinheiro para votar em fulano ou cicrano. Procure se informar, pois o que os maus políticos mais querem é usufruir dessa condição de população desinteressada: mostre que é por meio do voto consciente que você mudar uma eleição e afastar pessoas descompromissadas e corruptas da vida pública.


* Fotos Portal Uai, ALMG e divulgação (ASCOM)




Café com Notícias na cobertura das eleições 2008.




Jornalista

MAIS CAFÉ, POR FAVOR!

4 comentários

  1. Ótimas as análises Wander.
    Então, sobre o Sérgio, na entrevista que fiz com ele para a webrádio do Uni, perguntei o por que dele não ter feito coligação com o PC do B, por ideologia e histórico partidário: afinal de contas, o Sérgio foi filiado ao PC do B por trocentos anos. E ele foi enfático: "Depois que eu sai do PC do B, nunca mais me procuraram". Eu percebi um certo ressentimento. Mas enfim, uma pena não termos tido essa coligação.
    Sobre a Jô, sinceramente, ela colheu o que plantou: campanha mau articulada desde o começo, como você disse. Faltou fazer uma coligação maior, ter uma assessoria melhor, um marketing melhor, enfim, enfim. O resultado, está aí: um distante 3° lugar nas pesquisas.
    E para finalizar, um imenso parabéns aos articuladores do Quintão! Souberam reverter um quadro não muito favorável e trabalharam muito bem a imagem dele. O resultado, esta aí: disparou nas pesquisas, com risco de ganhar no 2° turno, que VAI acontecer, rs, rs, rs.

    Abraço e bom voto!

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  2. Nunca tinha parado para pensar nisso...adorei saber um pouco mais dessas coisas. Beijos.

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  3. Quem dera que os grandes jornais fizessem essa análise antes da gente ir e votar. Ainda bem que existe o Café com Notícias. Parabéns pela cobertura. Nem eu mesmo que não gosto muito de política, acho interessante o jeito como coloca as coisas. Já está nos meus favoritos.

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  4. Na cidade de São Paulo teremos segundo turno e infelizmente mais horário eleitoral ... os marketeiros realmente conseguem transformar os candidatos em pessoas totalmente diferentes...é o jogo político natural de todas as eleições.

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