Reportagem especial - Universidades apostam no ensino de qualidade e em alunos carentes

julho 20, 2011



A vontade de cursar uma faculdade e ser um profissional consolidado no mercado de trabalho. O que até bem pouco tempo atrás era apenas um sonho, hoje já se tornou uma nova realidade para milhares de alunos que acabaram de se formar no ensino médio. Em contrapartida, o crescimento das faculdades particulares traz no bojo o aumento de vagas e um novo desafio: a qualidade do ensino ofertado. Atualmente, a entrada em instituições de ensino superior está bem mais acessível. Graças a várias medidas do governo federal, como bolsas e cotas, existe um maior número de vagas para postulantes interessados em ter um diploma universitário.

A vaga nos bancos da faculdade já não é mais o X da questão. A problemática passa pela necessidade de aceitar um aluno que passou por várias dificuldades no ensino médio, principalmente no campo da interpretação. Quando chegam à universidade, são então mergulhados em uma nova realidade de produção intelectual e leitura intensiva. Além disso, com o maior número de oferta de cursos noturnos muitos alunos têm a dura jornada de dividir o tempo entre trabalho e estudos na faculdade – e, na maioria dos cursos, quase não sobra tempo para se dedicar ao estágio que é uma etapa importante de aprendizado profissional.

Nessa reportagem especial, o Café Com Notícias encarou o desafio de mapear algumas das instituições de ensino superior de Minas Gerais, que se destacam tanto no mercado de trabalho, quanto em avaliações do Ministério da Educação (MEC) e traz para você um raio x das escolas de graduação. Toda atenção, vestibulando: ao escolher a faculdade no qual você irá passar os próximos 4 ou 6 anos, para se aprimorar enquanto profissional, investigue com cuidado. Converse com profissionais da área e procure saber qual foi a última avaliação tanto para a instituição, quanto para o curso. Nem sempre ausência de vestibular ou mensalidade reduzida é sinônimo de um ensino superior de qualidade.

Gargalo

Alívio. Essa é a palavra que define o sentimento da universitária Aline Leite Teixeira, de 22 anos, depois que ela conseguiu entrar no ProUni. Aluna do 6º período do curso de Comunicação Social Integrada com Habilitação em Publicidade e Propaganda, da PUC-MG, hoje ela faz estágio na área e, graças ao benefício do governo, pôde cursar uma faculdade particular. “Tentei vestibular na UFMG, mas não fui para segunda etapa por dois pontos. Isso me fez entender que o meu destino era a faculdade particular mesmo, pois não queria mais perder tempo fazendo cursinho e tentar, somente no final do ano, o vestibular da federal que é muito concorrido”, conta.

Mas, nem tudo na vida dela foi fácil. Desde o terceiro ano na faculdade, ela tentava conseguir entrar no ProUni por meio do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio). Mesmo com uma situação financeira delicada, Aline viu no nestes programas uma possibilidade de permanecer nos estudos. “Não tinha e não tenho condições de estudar em uma faculdade particular. Mas fui pela fé, pela força de vontade e pela ajuda de amigos e familiares. Inscrevi-me no curso, paguei apenas a matrícula e estudei os primeiros períodos sem saber se estaria ali no próximo semestre. Consegui ajuda do crédito educativo, o Fies, de 50%. Quando chegou ao final do terceiro período, recebi um telefonema da PUC me convidando para uma entrevista onde havia sido pré-selecionada para a bolsa do ProUni. Foi muita felicidade quando consegui entrar no programa. O próximo passo foi cancelar o Fies e lutar para conseguir pagá-lo. E consegui. Hoje estou livre de dívidas com a faculdade e posso estudar tranquila, graças à Deus e ao governo”, desabafa.

Assim com Aline, milhares de outros universitários lutam para conseguir se manter em uma faculdade particular. Mas, nem sempre uma instituição privada é o objetivo dos vestibulandos. Segundo o diretor do pré-vestibular Soma, Roberto Régis – mais conhecido como Betão, a maior parte dos estudantes fazem os cursos pré-vestibulares com a intenção de entrar em uma faculdade pública. “Por ser mais concorrido e pela qualidade do ensino em alguns cursos, a maior parte dos vestibulandos fazem o cursinho visando a entrada nas federais como UFMG, UFOP, UEMG, a federal de Viçosa, por exemplo. A faculdade particular acaba sendo uma outra opção, principalmente pela maior oferta de vagas”, explica.

Pagamento

O fantasma da inadimplência é o que mais preocupa as instituições de ensino superior em todo o país. Mesmo com programas como o FIES e o ProUni, algumas faculdades particulares tentam encontrar mecanismos para que a falta de pagamento da mensalidade não comprometa a vida financeira da instituição. Por isso, algumas faculdades particulares estão exigindo fiador no contrato da matrícula. Essa imposição ocorre, principalmente, nas faculdades privadas que oferecem o curso de Medicina ou programas de financiamento de crédito educativo, onde processo requer uma maior garantia.

Algumas instituições da capital mineira já adotaram essa prática, como é o caso do Uni-BH (Centro Universitário de Belo Horizonte). Segundo a gerente de do setor de gestão da inadimplência do Uni-BH, Tatiane Angelotti, esse mecanismo é uma forma de defesa para o estabelecimento de ensino. “A presença do fiador, no ato da matrícula, só acontece no curso de Medicina. O fiador precisa ter uma renda equivalente a três vezes o valor da mensalidade ou possuir um imóvel no valor total do semestre que será cursado. O aluno que não consegue fiador deve pagar seis meses à vista. Cerca de 90% dos fiadores são os pais dos próprios alunos”, explica. Em nota enviada a reportagem, o Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG), afirma que a prática não é ilegal e endossa que o sistema de fiador inibe a inadimplência.

Avaliação

O MEC é taxativo quanto ao controle da qualidade das instituições de ensino superior. Tanto o credenciamento, quanto o recredenciamento das faculdades e universidades, bem como a autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento são procedimentos que seguem uma freqüência regular de três em três anos, num período também que pode variar de acordo com cada caso.

De acordo com o Ministério da Educação, a avaliação identifica um cenário favorável para que a qualidade na prestação de serviço educacional seja mantida. O Sinaes (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior) é o responsável por estas avaliações, que tem como base avaliar a instituição de forma institucional, tanto interna como externa; uma avaliação in loco por uma comissão de avaliadores e, por último, o resultado do ENADE, que é uma prova aplicada aos universitários, e que mensura se o conteúdo foi realmente absorvido pelos alunos.

Em setembro de 2008, quatro instituições públicas mineiras de ensino superior ficaram entre as 10 melhores do país, de acordo com o Índice Geral de Cursos (IGC) divulgado pelo MEC. O indicador avaliou a qualidade de cursos de graduação e de pós-graduação (mestrado e doutorado) de 173 universidades de todo o país. A Universidade Federal de Viçosa (UFV), na Zona da Mata, ocupa o terceiro lugar, melhor posição do estado no ranking de excelência de desempenho, atrás apenas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). Na seqüência, aparecem a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a do Triângulo Mineiro (UFTM), na quarta e sexta posições, respectivamente. A Universidade Federal de Itajubá (Unifei) está na 10ª colocação.

Concorrência

Pelo quarto ano consecutivo, o curso de Medicina é o mais concorrido da UFMG, com 31,49 alunos por vaga, de acordo com dados do último vestibular. Na última avaliação Sinaes (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior) e do ENADE (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes), que acontece de três em três anos, a UFMG obteve o conceito A ou 5, nos cursos da área da saúde. A professora Maria do Carmo Lacerda Peixoto, da diretoria de avaliação institucional da UFMG comenta a importância de esse reconhecimento. “A UFMG possui mais de 30 cursos e avaliação de cada um deles e, até mesmo no núcleo de área de conhecimento que eles estão, exige tempo e preparo. Além disso, a UFMG é pioneira em muitos cursos e ter a qualidade reconhecida contribui para que profissionais do mercado, alunos, corpo docente e sociedade saibam que existe essa preocupação com a qualidade no ensino superior”, diz.

Outro curso bastante concorrido é o de Fisioterapia da PUC Minas, dos mais de 30 oferecidos pela instituição que possuem visibilidade no mercado de trabalho e nota 5 no ENADE. O Coordenador Marcelo Miranda, que está há 11 anos á frente do curso, acredita que a faculdade também tem um papel importante nesse reconhecimento. “A PUC investe em pesquisa e em prática laboratorial para seus alunos, além dos muitos convênios que a instituição têm com várias empresas e que garante que o aluno sai da faculdade com uma  boa visão do mercado de trabalho”, diz.





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Jornalista

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