Liberdade de imprensa ou liberdade de empresa?

outubro 02, 2007

Nestes dois primeiros meses de vida desse blog, coloquei a seguinte enquete no ar: "Os jornalistas mineiros sofrem ou não censura na cobertura jornalística diária?". Dentre as 4 alternativas de resposta, 70% dos internautas que visitaram o "Café" afirmaram que há censura nos meios de comunicação. Seja na cobertura de alguns temas, seja por pressões de alguns grupos políticos, ou até mesmo pelo fator comercial do dono do veículo de comunicação, percebemos que a informação tem um preço, um valor meramente comercial. Onde está a democratização da informação?


A constatação me preocupa. Chego a lembrar da época dos bancos da universidade, que não faz muito tempo e ainda está recente na minha memória, em que questões filosóficas como a objetividade, imparcialidade e neutralidade nos são apresentadas como fator de credibilidade para a execução do bom jornalismo. Nós, milhares de jornalistas de todo Brasil encontramos esse triste quadro no mercado de trabalho: a ética do dono da empresa. O jornalista é contratado para relatar, para informar e alguns casos opinar. Mas isso não é o que o dono da empresa quer do jornalista.


Os empresários, não todos mas uma significativa parcela do mercado, usam a informação como poder, como estratégia num joguete vergonhoso de interesses em que só as informações que resultam algum tipo de lucro são despejadas à sociedade como produto da industria cultural.

Para quê comprar um jornal para obter informação se a promoção é mais interessante por que aumenta o número de vendas na banca? Por que é tão grande o número de intervalos comerciais, merchandising ou promoções dentro de um noticiário de mídia eletrônica, seja rádio ou TV? Não condeno a publicidade, até por que é ela que sustenta a empresa de comunicação.Condeno a informação usada como estratégia comercial ou política para que determinados grupos continuem usufruindo do poder.


Será que a imprensa livre e isenta é um sonho? O caso é que sejamos realistas: cada veículo de comunicação tem a sua proposta. O jornalista tem o livre arbítrio de escolher se trabalhará nessa mídia ou não, se aceitará colocar o seu nome nisso ou naquilo. Pelo menos isso. Lógico que o fator financeiro conta muito, claro. Mas vale lembrar da "ética do marceneiro" descrita no livro póstumo do jornalista Cláudio Abramo. Se vc não conhece Cláudio Abramo pesquise, se informe e veja que ele era um jornalista criativo, a frente do seu tempo.




Essa semana eu volto com mais Café com Notícias.





Jornalista

MAIS CAFÉ, POR FAVOR!

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