#Oscar2025: Fernanda Torres brilhou, Ainda Estou Aqui fez história, mas a Academia preferiu o óbvio
março 03, 2025O Brasil finalmente conquistou seu primeiro Oscar®. "Ainda Estou Aqui", filme dirigido por Walter Salles, brilhou na categoria de Melhor Filme Internacional na premiação deste domingo (02/03), garantindo um espaço histórico para o cinema brasileiro.
Mas, sejamos francos: o Oscar® é como aquele clube exclusivo que faz questão de abrir as portas para a diversidade apenas quando já não há como ignorá-la. E foi preciso uma divulgação massiva, quase hercúlea, liderada por Fernanda Torres, para que Hollywood finalmente reconhecesse o valor de um filme brasileiro.
A vitória, embora emblemática, não veio sem um gosto agridoce. "Ainda Estou Aqui" concorria também na categoria de Melhor Filme, mas foi derrotado por "Anora" – uma decisão que segue o tradicionalismo previsível da Academia.
E, para aumentar a dose de ironia, a própria Fernanda Torres, protagonista do longa-metragem, viu a estatueta de Melhor Atriz escorrer pelos dedos, com Mikey Madison levando o prêmio para casa. Um baque, sem dúvida, mas também um recado: o cinema brasileiro precisa gritar cada vez mais alto para ser ouvido na indústria americana.
Essa é a segunda vez que uma Fernanda – agora, a filha – disputa a cobiçada estatueta de Melhor Atriz. Em 1999, Fernanda Montenegro já havia conquistado uma indicação histórica por "Central do Brasil", mas perdeu para Gwyneth Paltrow, num resultado que até hoje deixa qualquer amante do cinema incrédulo. Mãe e filha, duas gerações de talento, e o Oscar® segue na teimosia de não reconhecer o que deveria ser evidente.
O que não se pode negar é que "Ainda Estou Aqui" chegou como um soco no estômago, trazendo uma narrativa que ressoa profundamente com os tempos atuais. Em um país que ainda lida com os ecos da ditadura militar e enfrentou, não faz muito tempo, uma tentativa de golpe político pela extrema-direita, o longa se torna ainda mais relevante.
O cinema, afinal, é uma arma poderosa contra o esquecimento, um lembrete de que não há avanço sem memória. Se Hollywood prefere contar histórias sobre democracias ameaçadas em terras estrangeiras, o Brasil responde mostrando sua própria luta, com uma força que não pode mais ser ignorada. Precisamos sorrir, vamos sorrir. Afinal, a vida presta.
A vitória de "Ainda Estou Aqui" não é apenas uma consagração do cinema brasileiro, mas uma afirmação de que a cultura continua sendo um pilar essencial na luta por justiça e democracia. Se o Oscar® demorou a reconhecer esse valor, paciência.
O cinema no Brasil segue produzindo, incomodando, provocando e fazendo história.
E talvez seja, justamente, isso que mais assuste a Academia norte-americana: o cinema brasileiro ainda está aqui: vivo, diverso, histórico, contemporâneo...e vai continuar dando o que falar. Vida longa ao cinema nacional! Após sair dos cinemas no dia 02 de abril, o filme "Ainda Estou Aqui" entrará no catálogo do Globoplay no dia 06 de abril, garantindo que o público possa reviver essa obra marcante no streaming.
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Jornalista
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