#DicaCultural: Peça teatral, em Belo Horizonte, traz à tona o debate sobre artes cênicas em tempos de crise
dezembro 02, 2024Se o mundo está em chamas, não cabe ao teatro apagar o fogo, mas sim mantê-lo vivo com significado. É com essa provocação que “O Mundo Está em Chamas, o Teatro Também Tem de Estar” chega ao Sesc Palladium, em Belo Horizonte (MG), entre os dias 13 e 15 de dezembro de 2024.
Uma obra que, mais do que um espetáculo, é um chamado à reflexão sobre as artes cênicas como espelho e combustível em tempos de crise. Graças ao apoio da Fecomércio MG, por meio do Sesc em Minas, o palco se torna o lugar onde o caos e a beleza se encontram para nos lembrar que a arte é, sobretudo, resistência.
O Teatro da Fumaça, coletivo responsável pela criação da peça, nasceu do calor da academia e da efervescência artística de Belo Horizonte. Formado por talentos ligados à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o grupo carrega no DNA a inquietação e a ousadia de quem não se conforma com o óbvio.
Premiado com o Ibsen Scope Grant e reconhecido pela Lei Paulo Gustavo, o coletivo já provou que não tem medo de provocar. Neste espetáculo, com um elenco brilhante composto por Domenica Morvillo, Ítallo Vieira e João Santos, e sob a direção inventiva de Jean Gorziza e Júlia Oliveira, eles reafirmam a capacidade do teatro de atravessar fronteiras – sejam elas políticas, emocionais ou culturais.
Mas não se engane! Esta não é uma peça para acomodados. A narrativa, escrita por Jean Gorziza, entrelaça três histórias reais que, embora distantes no tempo e no espaço, compartilham o mesmo palco simbólico: o do confronto entre a arte e os desafios do mundo.
O fechamento do Teatro de Câmara Túlio Piva, em Porto Alegre, em 2014; o sequestro no Teatro de Dubrovka, em Moscou, em 2002; e a interrupção da temporada da Cia. Walter Pinto, em Buenos Aires, pelo golpe de 1956, servem de base para a construção de personagens que transcendem a ficção.
Uma atriz que se recusa a abandonar o teatro prestes a ser demolido, um espectador que enfrenta o terror de um sequestro e um integrante de uma companhia preso por um golpe militar. Cada um deles traz à tona a pergunta: o que a arte pode – e deve – fazer em tempos de caos?
A resposta, no entanto, não é óbvia. Porque o teatro, assim como a vida, não se resume a soluções fáceis. Ele provoca, desconcerta e, às vezes, deixa um gosto amargo que só a verdade pode trazer. E é, justamente, essa honestidade brutal que torna “O Mundo Está em Chamas, o Teatro Também Tem de Estar” uma experiência tão marcante. Mais do que um espetáculo, é um manifesto que, entre risos e lágrimas, nos obriga a encarar nossas próprias contradições.
Há algo de sublime e subversivo em transformar o palco em arena para discutir o papel da arte na sociedade. Em tempos onde a democracia é uma chama que precisamos proteger contra ventos adversos, o teatro se apresenta como o espaço onde ideias florescem e histórias silenciadas ganham voz.
Não é apenas entretenimento; é um ato de resistência. É sobre lembrar que o teatro sempre esteve lá – nos momentos de celebração e nas horas mais sombrias –, sendo tanto um refúgio quanto uma arma.
E tudo isso está ao seu alcance! Com ingressos a partir de R$ 15, disponíveis no Sympla, o espetáculo é uma oportunidade rara de vivenciar o poder transformador das artes cênicas. É uma chance de ver, ouvir e sentir algo que talvez você nem soubesse que precisava. Graças ao apoio do Sesc em Minas, o acesso à cultura se torna possível e democrático, rompendo barreiras que, muitas vezes, impedem que mais pessoas se aproximem da arte.
Seja você um frequentador assíduo de teatro ou alguém que ainda está descobrindo o encanto das coxias, não perca esta chance! Porque, se o mundo está em chamas, o teatro nos ensina que, às vezes, é preciso dançar ao redor do fogo, em vez de tentar apagá-lo. E talvez, no calor dessas chamas, possamos encontrar não apenas respostas, mas também a coragem para fazer as perguntas certas.
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Jornalista
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