#Culinária: Circuito Gastronômico de Favelas em BH valoriza a autenticidade dos sabores e das raízes
dezembro 22, 2024
Imagine um evento onde cada garfada conta uma história e onde a resistência se mistura ao sabor e a criatividade. Assim é o Circuito Gastronômico de Favelas, que, em sua oitava edição especial de Natal, realizada neste domingo (22/12), transformou o Viaduto Santa Tereza, em Belo Horizonte (MG), em um verdadeiro palco da identidade gastronômica periférica.
Por trás de cada prato servido, há um mundo de tradições, desafios superados e sonhos que se tornam realidade – tudo temperado com uma dose generosa de afeto e ancestralidade. Para o evento, foram convidados dez chefs representam o que há de mais autêntico na culinária das comunidades. Mais do que comida, eles oferecem experiências sensoriais que carregam memórias e resistências.
Cada receita tem uma história para contar: a Língua Recheada com Chips de Batata Doce, de Lia, não é apenas um prato, mas uma tradição familiar passada de geração em geração; o Delírio de Limão, de Alexandra, é uma explosão de sabores que reflete a criatividade vibrante de sua criadora. Essas cozinheiras são mais do que artistas da cozinha: são guardiões de um legado cultural que merece ser celebrado e preservado.
Mas, o Circuito Gastronômico de Favelas não é só sobre comida. Ele é um ponto de encontro para as artes, o esporte e a celebração coletiva. O evento abriu espaço para uma programação cultural recheada de surpresas, incluindo o histórico Encontro das Escolas de Samba de BH.
Pela primeira vez, as baterias das principais escolas de samba de Belo Horizonte se reuniram para um cortejo que contagiou não apenas o Viaduto Santa Tereza, mas toda a Praça da Estação com sua energia vibrante.
Sob a batuta de mestres consagrados como Linguinha e Cassiano, o samba mineiro reafirmou sua força como patrimônio vivo da cultura brasileira. E como resistir ao carisma do Rei Momo e da Rainha do Carnaval? Essa festa é um presente para os olhos e ouvidos.
Enquanto isso, as crianças se encantam com a Batalha de Break Kids, onde pequenos talentos mostram que a cultura Hip Hop é mais do que estilo: é resistência, disciplina e criatividade.
A pista de skate vira um espaço de liberdade e autoconfiança, enquanto grafiteiros transformam os muros em uma galeria a céu aberto, provando que a arte urbana é uma ferramenta poderosa de expressão.
A escolha do Viaduto Santa Tereza como cenário deste evento é um aceno à história e à resistência. Com 95 anos de memórias e batalhas sociais, o viaduto é mais do que um marco arquitetônico: é um símbolo de encontro e diversidade.
Ao ocupar este espaço, o Circuito Gastronômico de Favelas reafirma a força das comunidades periféricas e destaca que a cultura é um ato de resistência.
E o futuro? Ele parece ainda mais promissor. Em 2025, a ABC Favelas, idealizadora do evento, inaugurará a Casa da Gastronomia Social, um espaço dedicado à formação de novos talentos culinários e à oferta de alimentação acessível. Mais do que um sonho, essa iniciativa é uma estratégia concreta para fomentar o empreendedorismo e a geração de renda nas comunidades.
Mas nem tudo é festa. O Circuito Gastronômico de Favelas também levanta questões importantes. Ele nos convida a refletir sobre desigualdades sociais e a necessidade de políticas públicas inclusivas. Ao dar visibilidade às favelas, o evento é um lembrete de que a periferia é mais do que estigmas: é um lugar de potência, cultura e criatividade.
O Circuito Gastronômico de Favelas é, acima de tudo, uma experiência transformadora. Ele encanta, emociona e provoca. E, ao final, deixa um gostinho de quero mais – não apenas pelas delícias culinárias, mas pela promessa de um futuro onde todos tenham acesso ao que há de melhor, seja no prato, na cultura ou na vida.
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Jornalista
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