#BomSerá: Projeto vai restaurar casas históricas em Ouro Preto de famílias de baixa-renda

agosto 05, 2022


A cidade de Ouro Preto (MG) possui um dos mais importantes conjuntos arquitetônicos do país. Para preservar as características históricas e culturais das habitações, mantendo também a segurança dos moradores, o Instituto de Arte Contemporânea de Ouro Preto (IA), com apoio do Escritório Técnico do IPHAN em Ouro Preto e Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), deu início ao Projeto BomSerá

Inicialmente, serão realizados restauros em três casas dos séculos XVIII e XIX, de propriedade de famílias de baixa-renda. O projeto também realiza ações educativas, que acontecem em paralelo às oficinas de restauro, todas voltadas para a comunidade, professores e alunos do ensino médio de Ouro Preto e região.

As obras tiveram início em 27 de junho e os interessados puderam se inscrever nas oficinas até dia 01 de agosto. O objetivo é restaurar essas casas e capacitar os moradores das edificações que receberão as intervenções, para que possam eles mesmos realizar a manutenção preventiva de suas casas, educando e sensibilizando. Além disso, o projeto contribui para formar mão de obra qualificada para futuramente poder atuar em obras de restauração.

As oficinas contam com aporte pedagógico de carpinteiros, pedreiros, pintores e instaladores que atuam na área dos ofícios tradicionais, além de tecnólogos, pesquisadores e professores - os dois últimos, por meio de parceria firmada com o curso de Conservação e Restauração de Bens Imóveis do IFMG – Campus Ouro Preto, direcionadas a discentes da instituição, profissionais da construção civil em busca de qualificação e interessados. 

O programa conta ainda com apoio técnico e legislativo do escritório do IPHAN, em Ouro Preto. Aliado ao valor cultural das casas, o BomSerá amplia o senso de cidadania das famílias participantes, reforçando o sentido de lar a suas casas, através de reformas e promovendo sensibilização sobre preservação e os aspectos históricos da cidade. 

É um projeto proposto para colaborar com a preservação de imóveis tombados, numa ação que reforça autonomia e pertencimento da comunidade sobre seu próprio patrimônio.

O nome do projeto faz referência a um dos conjuntos que fazem parte das obras emergenciais integrantes do levantamento do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG). Bom-será ou Bomserá é uma construção típica do século XVIII, presente nas cidades históricas que fizeram parte do Ciclo do Ouro, em Minas Gerais (Ouro Preto, Mariana, Sabará e Caeté). 

Trata-se de edificações de grande valor histórico, cuja principal característica é o uso de “parede-e-meia”. Essas construções foram edificadas encostadas, umas nas outras, a partir de uma única estrutura, divididas em várias residências. Diz a tradição, que nesses conjuntos, onde uma edificação sustentava a outra, famílias viviam misturadas. Que do desejo de uma convivência harmoniosa surgiu a saudação Bomserá.

Ações Educativas

Para a comunidade escolar - serão oferecidas duas edições da Oficina de formação em linguagens, que têm como objetivo abordar conhecimentos relacionados à cultura, à preservação e à memória em contato com as oficinas de restauro

Elas são totalmente gratuitas e serão selecionados 30 candidatos para cada edição. A primeira edição é dirigida a estudantes do ensino médio, onde os participantes selecionados terão acesso a uma bolsa de estudos e a segunda edição é voltada para professores de escolas públicas e privadas, de Ouro Preto e região.

Para os moradores da cidade - ao longo do desenvolvimento das oficinas de restauro serão organizadas conversas, dinâmicas e visitas mediadas às obras, promovendo o diálogo com o patrimônio histórico e cultural, material e imaterial.

O BomSerá chega para solucionar um grave problema da cidade. Com aproximadamente 80 mil moradores, Ouro Preto possui uma vida social comum a qualquer centro urbano contemporâneo, potencializados por pontos de intercessão complexos: aqueles onde se tocam passado e presente, o barroco e o contemporâneo, a tradição e o progresso, trespassados pela necessidade de preservação das características originais dos casarios e a dificuldade de manutenção e conservação, sobretudo para os moradores de baixa-renda.

Neste cenário, por um lado há a necessidade constante de resguardar as características arquitetônicas e históricas de suas casas, para que, no âmbito subjetivo, sejam capazes de assegurar o bem-estar social de suas famílias e, objetivamente, possam contribuir com a manutenção do título de Patrimônio Cultural da Humanidade e, em consequência, o bem-comum da cidade. Por outro, os custos para restaurar e preservar os componentes culturais desses imóveis são extremamente elevados, dada as especificações necessárias.




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