#Exposição: Circuito Liberdade irá ganhar Pinacoteca e Centro de Patrimônio Cultural em 2024

junho 20, 2022


Com previsão de conclusão das obras para 2024, o Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo; do IEPHA/MG; da Cemig e da APPA - Arte e Cultura, que faz a gestão das obras de restauração do espaço, apresentou, oficialmente, o Projeto Pinacoteca Cemig Minas Gerais e Centro do Patrimônio Cultural Cemig.

As obras para implantação foram divididas em três etapas: cada uma delas relacionadas aos projetos de lei de incentivo aprovados. Será feita restauração de todos os elementos artísticos da edificação, bem como a implementação de iluminação cênica de toda a fachada.

No próximo mês será aberto pela APPA - Arte e Cultura, um edital de concorrência especial, para a contratação de obras civis e de restauração de esquadrias para adequação de 14 salas no 2º andar do prédio. As obras serão de cunho de reparação de alvenarias e de restauração das esquadrias. A expectativa é de que essa fase dure, no máximo, oito meses. Ao fim dessa etapa, os primeiros espaços do Centro do Patrimônio e da Pinacoteca poderão iniciar suas atividades. 

Espaços culturais

Em seus nove mil metros quadrados distribuídos em quatro pavimentos, o prédio contará com a sede administrativa do IEPHA-MG - Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais e parte de seu acervo; lojas com espaço para degustação das iguarias mineiras; receptivo do Circuito Liberdade e até um restaurante voltado exclusivamente para a cozinha mineira. Espaço para exposições e pequenas apresentações artísticas estão na lista dos muitos atrativos da Pinacoteca e Centro do Patrimônio Cultural da Praça da Liberdade

O IEPHA-MG ocupará o andar térreo com seu arquivo e biblioteca, para atendimento ao público e o quarto andar será destinado para suas atividades administrativas e institucionais. A ideia é que parte de seu acervo fique exposto para visitação. 

O primeiro andar terá ainda espaços em que serão promovidos e comercializados vários itens da cozinha mineira, como queijos, cafés, cachaça, cerveja artesanal, águas, doces, além de itens de artesanato e design. 

No segundo andar serão implementadas a Reserva Técnica Visitável, Ateliê Vitrine e o Núcleo de Patrimônio Imaterial. Dentro do contexto do Projeto, também serão modernizados o Laboratório de Técnicas e Materiais Construtivos Tradicionais, a Biblioteca do IEPHA-MG e o acervo da Gerência de Documentação e Informação, todos com aquisição de novos mobiliários de guarda, além de novos equipamentos e ferramentas específicas para os trabalhos de guarda, conservação e restauração.

Reserva Técnica

Para o Núcleo do Patrimônio Cultural Imaterial, serão destinados dois espaços para articulação, salvaguarda, promoção e pesquisa acerca dos bens culturais imateriais do Estado de Minas Gerais. O Núcleo terá a ocupação de seus espaços por coletivos de cultura, grupos de detentores de saberes e fazeres, povos e comunidades tradicionais de Minas Gerais, gestores, pesquisadores e setores do IEPHA-MG. Dentre as frentes de trabalho, destacam-se os estudos a respeito das bandas e música de Minas; rituais e festas tradicionais; cultura alimentar, cozinha mineira e sistemas agrícolas. 

O Ateliê Vitrine será um espaço com estrutura, mobiliário e equipamentos para trabalho técnico das equipes de conservação/restauração. O diferencial desse espaço é que suas paredes serão de vidro, permitindo que o público visitante possa acompanhar o trabalho técnico em tempo real, como as técnicas de conservação e restauração que serão aplicadas. Atividades educativas para o público em geral, bem como ao público especializado, permitirão o acompanhamento e o conhecimento dessas técnicas.

A Reserva Técnica Visitável será um espaço de guarda de acervo, mas permitirá ao público visitar o espaço que será aberto à visitação. O mobiliário será distribuído de forma a permitir um percurso dentro do espaço de guarda, mas que, ao mesmo tempo, será um espaço de exposição permanente. 

Para o vice-governador do Estado, Paulo Brant, “esse projeto preenche uma lacuna do nosso Circuito Cultural Liberdade. Os espaços prometem ser locais vivos para a promoção das artes plásticas aqui em Minas Gerais”. O presidente da Cemig, Reynaldo Passanezi, declarou que “acredito que a nossa função na Cemig, como empresa, é essa, patrocinar o que temos de melhor no Estado, como essa emoção que eu vejo aqui nesse momento. Temos capacidade para fazer a diferença na vida das pessoas”.

Destacando detalhes do Projeto, o secretário de Estado Leônidas Oliveira declarou que “a Pinacoteca foi pensada em 1926, e conta hoje com mais de 700 obras de arte catalogadas. Só do Portinari são 27. Então, dois andares da Pinacoteca serão para receber essas obras de arte. Além de tudo isso, a cobertura do prédio será aberta para as pessoas poderem aproveitar o visual e contemplar o conjunto arquitetônico da Praça da Liberdade, com um café que haverá lá em cima. Parte da reforma de dois pavimentos já foi concluída, restando ainda as obras de outros três andares e da cobertura, onde será instalado o café e lojas especializadas em produtos da nossa mineiridade”.

Patrimônio

O Centro do Patrimônio Cultural Cemig, além de referência estadual como articulador da cultura e história de Minas Gerais, trabalhará com ações e projetos de forma permanente, além de divulgar a valorização do patrimônio imaterial de Minas Gerais, com espaços dedicados à cozinha mineira, ao artesanato, congado, capoeira, folclore, a cultura de matriz africana, entre tantas outras manifestações artísticas e culturais existentes no Estado. 

Entre as suas muitas e múltiplas ocupações, o Centro do Patrimônio abrigará, inspirado no formato dos grandes museus internacionais, boutique dos museus e dos equipamentos culturais do Circuito Liberdade, trazendo produtos especiais de nossa cultura mineira. Isso tudo tendo espaço de convivência e de desenvolvimento promocional e mercadológico da mineiridade, unindo a cultura, o turismo e a economia criativa. 

Lojas apresentarão iguarias mineiras, como queijos de diferentes regiões e tipos produzidos no Estado, com degustação, consumo e venda. O espaço contará com lojas no mesmo formato para doces, cachaças, cafés, cervejas artesanais, águas minerais, além de outros produtos que traduzem bem a cultura mineira. 

Haverá também loja dedicada ao artesanato regional mineiro, uma loja com curadoria de design mineiro, mobiliário, objetos e uma loja com curadoria de marcas mineiras, roupas e acessórios de design. O projeto prevê também um restaurante dedicado especificamente à cozinha mineira, com chefs convidados por temporadas.

História da Pinacoteca

Constituída por obras recolhidas a partir de 1928, quando foi criada pelo então Presidente do Estado, Antônio Carlos de Andrada, a Pinacoteca Oficial de Minas Gerais surgiu como uma seção complementar ao Arquivo Público Mineiro.  A aquisição do quadro “Solar Tradicional”, de Aníbal Mattos, marcou solenemente o início da coleção. Posteriormente, mais dez telas de Aníbal Mattos, duas obras de Honório Esteves e uma de Alberto Delpino foram incorporadas. 

No início da década de 1970, por iniciativa de Dona Coracy Uchoa Pinheiro, esposa do governador Israel Pinheiro, a Pinacoteca do Estado ganhou novo impulso. Inicialmente, foi aberta uma exposição ao público em 1971, em uma das salas do Palácio da Liberdade. 

A coleção exposta foi organizada sob a coordenação do escritor Murilo Rubião e do artista e crítico de arte Márcio Sampaio, que recolheram obras do acervo do Arquivo Público Mineiro e o do próprio Palácio da Liberdade, além de reunirem trabalhos de artistas contemporâneos que atuavam na época. Esses artistas eram convidados a fazerem a doação de uma obra representativa de sua carreira e, muitos deles, generosamente, doaram significativos exemplares para essa finalidade. 

O objetivo principal da iniciativa era ampliar a coleção com vistas à implantação futura de um museu estadual. E isso de fato ocorreu com a instalação, na década seguinte, do Museu Mineiro, dedicado à cultura do Estado. Parte significativa dessas obras estão em reserva técnica ou em exibição na exposição de longa duração Minas das Artes, Histórias Gerais, inaugurada em 2018. 

Em maio de 2022, o acervo da Pinacoteca recebeu mais 24 obras que estavam sob responsabilidade da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). Agora,  passam a integrar o acervo da Pinacoteca obras de Lotus Lobo, Carlos Bracher, Inimá de Paula, Sara Ávila, Nello Nuno entre outros grandes nomes das artes visuais. 

A exemplo de outras instituições artísticas nacionais, que também criaram sedes definitivas para suas coleções pictóricas, a realização desta ação, demandada tanto por parte do público quanto pela classe artística, tem em vista o cumprimento de uma proposição importante do Governo de Minas e da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo: a salvaguarda e a difusão da cultura artística mineira.

Durante a solenidade de lançamento do Projeto da Pinacoteca Minas Gerais, a artista plástica Yara Tupynambá doou para a Pinacoteca duas de suas obras, sendo uma do ano de 1952 e outra de 1956. 

Sede da Pinacoteca

O edifício sede da Pinacoteca fica em uma das extremidades da Praça da Liberdade. De arquitetura eclética, o edifício faz parte do projeto original da Nova Capital do Estado de Minas Gerais, o edifício foi uma das primeiras construções da nova capital, inaugurada em 1897. Ele é um equipamento cultural do Circuito Liberdade, que é composto por equipamentos entre museus, centros culturais e de formação, que mapeiam diferentes aspectos do universo cultural e artístico.

A edificação projetada pelo arquiteto pernambucano José de Magalhães, que integrava a comissão construtora de Belo Horizonte, o mesmo arquiteto que projetou o Palácio da Liberdade, tem estilo eclético com influência do neoclássico. Entre o segundo e terceiro andares existe uma porta e um vitral que dão para uma varanda que se debruça sobre o pátio interno. Nas paredes do grande hall, estão pinturas parietais do artista plástico Frederico Antônio Steckel, o mesmo que decorou internamente o Palácio da Liberdade.

O restante do prédio histórico é composto por amplas salas, com enormes pés direito. Na fachada posterior, possui uma entrada secundária, de menor suntuosidade que a principal e que fica um nível abaixo desta.

O edifício, por suas características históricas, é um bem do povo mineiro, e integra o conjunto arquitetônico e paisagístico da Praça da Liberdade, cujo tombamento, pelo IEPHA-MG, compreende a Praça da Liberdade, seus jardins, alamedas, lagos, hermas, fontes e monumentos, bem como os prédios das Secretarias de Estado da Fazenda, Obras Públicas, Educação, Segurança Pública, e Interior e Justiça, pelo seu aspecto externo, incluindo as fachadas de frente, laterais e posteriores, e seu interior com decorações, escadarias monumentais, pinturas de tetos, painéis, vitrais e os prédios dos Palácios da Liberdade e dos Despachos.

O “prédio verde”, como é popularmente conhecido, possui um hall que é acessado por uma escada de granito. Do hall, sai uma escadaria de ferro fundido pela, obra da companhia belga Societé Des Acieries de Bruges. É um trabalho artístico que foi montado em um sistema inovador para a época, o joly, que permite a sustentação do próprio peso a partir de um eixo central.




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Jornalista

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