#Obituário: Morte do humorista Paulo Gustavo nos faz refletir sobre os impactos da COVID-19

maio 08, 2021


Nesta semana, o Brasil ficou mais triste. Perdemos mais uma vida para o #NovoCoronavírus. Morreu na última terça-feira (04/05), aos 42 anos, vítima da COVID-19, o ator e humorista Paulo Gustavo. Nos seus mais de 50 dias de internação, não houve um só dia em que a família e amigos do ator compartilharam o dia a dia do tratamento, além de incentivar correntes de oração – em especial as atrizes Mônica Martelli e Tatá Werneck, amigas de longa data.

Considerado uma das maiores bilheterias do cinema nacional dos últimos tempos, Paulo Gustavo, era um dos grandes gênios da sua geração. Ele estudou teatro na Casa das Artes de Laranjeiras, no Rio de Janeiro, na mesma turma de Fábio Porchat, Fernando Caruso, Marcus Magela, entre tantos outros talentos do humor. Conhecido em todo o país, o ator nunca fez novela. Sempre se dedicou a humorísticos na TV, teatro e, principalmente, cinema. Muito carinhoso com os colegas e com o público, Paulo participou de inúmeros programas de TV e filmes, onde sempre levou o seu carisma e as suas tiradas engraçadas.

Durante todo o tratamento, a médica e diretora de cinema, Suzana Garcia, acompanhou de perto o amigo e pode ver o quanto essa doença traz sofrimento. "Ele virou e falou: 'Susana, se eu pudesse agora, eu queria mostrar para os brasileiros, mostrar para todo mundo, o quanto essa doença faz a gente sofrer, o quanto está difícil o que eu estou passando aqui, o quanto é importante as pessoas se cuidarem'. Ele falou isso. E antes de ser intubado, ele olhou para o Thales e falou: 'Te amo. Até já'. Ele está agora em uma reta para cura. Ele vai curar, vai sair de lá e fazer a gente rir muito ainda", disse Susana em entrevista ao Fantástico, no último domingo (02/05).

Mesmo com a chegada da vacina contra a COVID-19, Paulo Gustavo não conseguiu ser imunizado a tempo e contraiu a doença, no dia 13 de março. A internação dele abalou todo o país e o quadro de saúde dele foi alternando entre uma melhora significativa e a intubação. No último domingo (02/05), o ator havia sofrido uma embolia pulmonar. Na terça-feira (04/05) à tarde, parte da imprensa começou a especular sobre o possível falecimento dele, porém um novo boletim informou que o ele estava com quadro irreversível, mas mantinha os sinais vitais. 

Às 21h12, no entanto, foi constatada a morte do intérprete de Dona Hermínia. A TV Globo entrou com um plantão no intervalo da reprise da novela das 9, “Império”. Também foi feita uma homenagem durante a final do “BBB 21”. Em seguida, foi reprisado o especial do Natal do “220 Volts”, programa que o consagrou na TV Paga. No dia seguinte, o Multishow fez uma maratona com vários programas do humorista, como forma de prestar um último adeus. Assista ao vídeo:

Paulo Gustavo deixa o marido, Thales Bretas (médico dermatologista), e dois filhos pequenos, Gael e Romeu, além do pai, Júlio Marcos, da irmã, Juliana Amaral, e da mãe, Déa Lúcia Amaral, que inspirou a criação de Dona Hermínia. O artista foi velado e cremado nesta quinta-feira (06/05), no Cemitério Parque da Colina, em Niterói (RJ). A cerimônia religiosa de despedida foi realizada pelo reitor do Cristo Redentor, Padre Omar, e contou com a presença de vários amigos, familiares e fãs. Nas redes sociais, Tatá Werneck foi bastante hostilizada por usar vários equipamentos de proteção individual contra a COVID-19

Reflexão

Não conheci pessoalmente Paulo Gustavo. Mas, para mim, ele era praticamente da família. O acompanhava nas redes sociais e, aqui em casa, vez ou outra ele era motivo de assunto sobre o seu estado de saúde. Nunca vou me esquecer das inúmeras vezes que maratonei o “220 Volts” e as primeiras temporadas do “Vai que Cola”, porque me ajudavam a rir da rotina diária, de ser uma válvula de escape em meio a tantas notícias ruins que temos que acompanhar no dia a dia.

Paulo ainda fez mais: mostrou ao nosso Brasil homofóbico e preconceituoso que é possível ser um homem gay, pai de família e com os filhos. Paulo reverenciava a sua mãe e homenageava muitas famílias que tem essa mãe superprotetora. Ao mesmo tempo, mostrou que é possível sim existir mais mães que aceitem a sexualidade dos filhos, sem fazer isso um tabu ou um ato de violência. Paulo levou aos cinemas e aos palcos, uma família brasileira possível e que, mesmo com todas as suas adversidades, está disposta a amar o outro com as suas diferenças e inquietudes.

Paulo me marcou quando fez, de forma muito generosa durante a pandemia, de ceder o seu Instagram para que a filósofa e feminista negra, Djamila Ribeiro, pudesse ocupar a conta durante um mês para falar sobre temas que circundam o racismo. Um apoio importante por parte da branquitude que, diversas vezes, ignoram o recorte racial, social e político do nosso Brasil. 

Desde o dia que fiquei sabendo da internação de Paulo, só pensava na família dela, nas crianças pequenas e no marido. Assim como todo o País, torci demais pela sua recuperação. Acreditava que, logo, logo, ele sairia dessa e daria uma entrevista longa ao Fantástico sobre como essa doença pode ser avassaladora. Mas isso infelizmente não aconteceu. Paulo Gustavo nos deixou. Perdemos um artista brilhante para uma doença que já tem vacina. Isso é muito cruel!

Não consigo acreditar que ainda tem pessoas que ignoram a pandemia. Que fazem festa, que querem se aglomerar, e esquecem que a COVID-19 mata. NEGACIONISTAS aloprados e irresponsáveis. Quantas vidas mais precisamos perder? Sobra egoísmo e falta vergonha na cara. Enquanto pensarmos apenas no lucro e no nosso próprio umbigo, perderemos outras tantas pessoas queridas. Todas as vidas importam.





Gostou do Café com Notícias? Então, acompanhe o canal no Telegram e siga o blog no Instagram, no Twitter, no Facebook, no LinkedIn e assine a nossa newsletter.






Jornalista

MAIS CAFÉ, POR FAVOR!

0 comentários