#VelhoChico: Estilo diferenciado derruba a audiência da Globo no horário nobre

maio 08, 2016



Novela é um gênero de teledramaturgia que está em constante transformação não só no Brasil, mas em todo mundo. Em busca de uma nova cara, podemos apontar o diretor Luiz Fernando Carvalho, da Rede Globo, como um dos percursores desta empreitada, ao lado de tantos outros bons profissionais que temos atualmente no mercado.

Ao trazer uma linguagem mais literária para a novela Velho Chico, Carvalho tem se atropelado um pouco. O público não conseguiu engolir a liberdade poética que difere a primeira da segunda fase, como por exemplo, o fato do Coronel Saruê feito por Rodrigo Santoro ser completamente diferente do feito por Antônio Fagundes. Outro problema desta segunda fase são as caracterizações dos personagens que parece que congelaram no tempo. Em que época eles estão?

No caso de Fagundes, não se trata de uma má atuação. Apenas uma falta de continuidade que Carvalho e Fagundes não deram ao trabalho feito por Santoro. Por mais que se tenha a justificativa de mostrar que o personagem se tornou uma caricatura de si mesmo, o público estranhou essa falta de sintonia. Sem contar que é quase impossível entender que ano que se passa a novela, tanto pelas roupas dos personagens, quanto pela ausência de tecnologia contemporânea.

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São detalhes que fazem toda a diferença para o público que quer entender melhor a história que está sendo contada. Muitas vezes, Velho Chico de forma muito lírica explorou o recurso dos personagens contarem uma parte da história em total silêncio, apenas com a trilha sonora e o olhar do personagem, sempre amargurado pelo caminho que não pôde escolher. Algo que é extremamente válido em um capítulo e outro, mas não todo dia.

Os excessos de capricho na fotografia e nas cenas externas de Velho Chico tornaram a novela difícil para o grande público. É muita beleza, muita poesia, que talvez funcionasse melhor em uma minissérie ou em uma novela das seis. No horário nobre, não dá. O público quer agilidade. E essa agilidade reflete nos principais embates da trama que ainda estão demorando demais para acontecer.
Foto: GShow / Reprodução. 

Na última semana, por exemplo, Velho Chico teve menos audiência que a novela Totalmente Demais e Êta Mundo Bom!, a primeira exibida às 19h e a segunda às 18h. Em algumas capitais do país, a novela têm tido dificuldade de passar da média de 23 pontos, fazendo com que SBT e Record consigam alcançar facilmente os dois dígitos de audiência.

Por conta disso, nos bastidores, Velho Chico está passando por problemas. Edmara Barbosa, filha de Benedito Ruy Barbosa, saiu da equipe que escreve a novela por não concordar com os cortes no texto que o diretor Luiz Fernando Carvalho provocou para deixar a novela mais poética, suprimindo importantes ganchos entre os capítulos e adiando acontecimentos que deixariam a novela mais ágil.

Silvio de Abreu, diretor de teledramaturgia diária da Globo, também fez uma série de sugestões para que a novela assuma uma pegada mais contemporânea, tenha mais romance e introduza maio agilidade nos seus desdobramentos. Carvalho ainda está resistente em fazer tais mudanças, mas já podemos observar algumas alterações, quando a novela adotou uma linguagem mais didática, com personagens tentando contextualizar algumas histórias para o público.

Velho Chico não é uma novela ruim. Talvez, essa quebra de colocar uma novela rural e que mostra um Brasil tão carente e real no horário nobre tenha sido um importante recurso de descanso para o público que viu uma sequencias de novelas urbanas nos últimos anos. Benedito Ruy Barbosa está mostrando uma parte do país que ainda precisa ser olhada com mais carinho pelos brasileiros e, principalmente, pelos políticos. Já perdemos o Rio Doce, devastado pela lama e resíduos de minério da Samarco. Não podemos perder também o Rio São Francisco. Fica o alerta.





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Jornalista

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